Contra o Consenso: A Civilização Cristã-Ocidental
Google
 

dimanche, janvier 09, 2005

 

A Civilização Cristã-Ocidental

Uma das coisas mais díficeis de se limitar é o que se costuma chamar de civilização ocidental. Antigamente ela era chamada de civilização branca, mas hoje não pega bem. A noção de Oriente, as vezes indo além de Instambul, outras vezes englobando boa parte da Europa Oriental, nunca foi lá muito bem definida. Seria as civilizações a Oeste da linha de Greenwich? Seriam então os australianos orientais? O que seriam os africanos?

A piores guerras da história da humanidade sempre foram guerras entre ditas nações ocidentais, nunca guerras entre Ocidente e o resto do mundo. E bem, a tal noção de civilização é variável para burro: lá pela Primeira Guerra, coisas como "civilização germânica" eram comuns.

Alguém inventou uma bobagem de civilização cristã, ou civilização judaico-cristã. Sabe-se que boa parte dos judeus se aproxima mais dos árabes que dos cristãos(Os sefarditas). E como ficam os ateus, cuja a versão moderna é basicamente européia? Schopenhauer, David Hume, Nietzsche, Montesquieu, Emile Zola, entre vários outros, seriam menos ocidentais pelo fato de terem sido ateus? Isso sem contar a forte influência que os mouros e turcos teriam tido na Europa. Leonardo da Vinci pode ter sido filho de uma moura, Velásquez teve um discipulo que era mouro, a arquitetura renascentista é inspirada fortemente pela árabe, o muçulmano Ibn Sina era um dos maiores médicos de todos os tempos na Europa Medieval.

Samuel Huntington, quando definiu a sua teoria de choque de civlizações não colocou os latino-americanos no mesmo balaio que os ocidentais. Nos Estados Unidos, descendentes de brasileiros e brasileiros são vistos muitas vezes como latinos, como se fossem uma outra raça.

Patriotismo, como define Schopenhauer, era o orgulho de quem não tem nada de se orgulhar de si próprio. Como boa parte da dita direita não consegue encontrar motivos para se orgulhar do Brasil, país repleto de pessoas escurinhas e maltrapilhas, prefere se orgulhar de tal "civilização ocidental". Proferem medo do tal terrorismo, sendo que praticamente a única forma de um brasileiro morrer num atentado terrorista é viajando ou no exterior. Falam de como "nós" estivessemos invadindo o iraque. Outros tem ataques de nervos quando falam mal dos EUA.

Dias desses, topei com um desses blogs ditos de direita, aonde um autor nervosinho fã de Olavo de Carvalho dizia que tinha comprado o Alcorão e citava trechos que supostavamente pregavam ódio aos cristãos e judeus. O cara já não se via mais como brasileiro, mas como cristão. É falta de amor próprio.

Bem, triste dia em que decidiram transformar direita em sinônimo de falta de amor próprio.