Contra o Consenso: février 2005
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lundi, février 28, 2005

 

Eu tenho inveja do PSDB

Em dez anos de PSDB, o Estado de São Paulo só foi para trás. A política educacional desastrosa, com aprovação automática e crianças na oitava séria sem saber ler ou escrever virou notícia nacional. A FEBEM, que aumenta formidavelmente as fileiras da criminalidade ao transformar trombadinhas em assassinos ferozes, é notícia internacional pelos seus maus-tratos aos internos. O programa de concessões de rodovias tornou o ato de viajar uma coisa inviável. A polícia, é violenta, chegando ao ponto de espancar e atirar com balas de borracha em estudantes. Há notícias mais graves de violência policial, numa polícia que e boa para bater e atirar, mas péssima para investigar e apurar delitos. Boa parte da malha ferroviária do estado virou mato, sendo parcamente utilizada para exportar soja(Como diz um conhecido meu, São Paulo perdeu suas ferrovias). O Estado perdeu indústrias, firmas de serviços e de TI para outros estados. Aliás, perdeu a posição de maior PIB per capita num ritmo assombroso.

Mesmo assim, os paulistas adoram o seu governo. Só se ferram com uma das maiores taxas de desemprego do país, com pedágios absurdos, entre outras coisas, mas continuam votando no PSDB. Alguns até querem que o Sr. Alckmin seja presidente.

Jundiaí, por exemplo. Em doze anos de PSDB, esta cidade de trezentos mil habitantes a 60 km de São Paulo, passou de uma pujante cidade industrial, de um centro regional para uma cidade dormitório. A cidade perdeu várias industrias, os seus habitantes são obrigados cada vez mais a trabalhar na capital ou em cidades vizinhas. Ela não consegue atrair industrias de TI, de serviços ou de turismo, como cidades em situação semelhante, como Sorocaba, Atibaia e Taubaté fazem. Jundiaí caminha para ter o mesmo destino de Campinas, com condomínios de luxo com uma classe média incrivelmente alienada cercados de favelas horrendas(Acho que o lugar mais feio que eu já vi na vida é Ivoturacaia, bairro de Jundiaí). Jundiaí, que deve boa parte do seu desenvolvimento as ferrovias(em especial a Cia Paulista), assistiu o mato tomar conta de boa parte delas. Mesmo assim, Ary Fossen, candidato do PSDB à prefeitura, é eleito no primeiro turno. Os jundiaisenses vivem felizes, acordando todo dia às quatro da matina para trabalhar fora, acreditando piamente que têm qualidade de vida(Coisa que só quem nunca viu a periferia da cidade diz). A primeira coisa que Fossen faz ao assumir é ceder terreno para o governo do estado construir um CDP(Centro de Detenção Provisória), uma penitenciária enorme para atrair mais criminosos e problemas para a cidade. Os jundiaienses acham lindo.

É preciso ser muito bom para fazer tanta merda assim e ainda conseguir ser reeleito. Eu tenho inveja dos caras. Nem todo mundo tem eleitores tão idiotas à disposição.

dimanche, février 27, 2005

 

Por quê eu não acredito em política

Alberto Goldman, nos seus tempos de eleição, soltou um infame cartaz dizendo "Itatiba tem deputado federal. Reeleja-o". Minha reação foi meio duvidosa porque eu nunca tinha ouvido falar do cara. Aliás, nunca tinha visto praticamente ninguém de sobrenome judeu na cidade, em que todos se exaltavam por seus sobrenomes italianos. Depois descobriria que ele tinha sido Ministro dos Transportes de Itamar Franco e que tinha seu escritório eleitoral em São Paulo. Provavelmente ele só tinha construído uma casinha num daqueles condomínios fechados na zona rural da cidade. Mesmo assim eu via pencas de pessoas com folhetinhos do cara na fila no dia da votação.

Hoje, reeleito, ele se dedica a picuinhas contra o governo federal, sem nunca mais ter falado na capital nacional dos morros. Há uma questão de suprema importância para os moradores de Itatiba, que é concessão para a iniciativa privada da Dom Pedro, que é o principal acesso da cidade para a quase vizinha Campinas(Há um pedágio logo na saída da cidade no sentido Campinas, que inevitavelmente ficaria mais caro com a concessão. Há dois outros caminhos para se fazer o trajeto, por Louveira, também pagando pedágio na Anhanguera em Valinhos e acessando uma estrada sinuosa para isso ou ainda por Valinhas, utilizando uma estrada perigosa, mal-sinalizada e mal-projetada). O sr. Goldman não falou nada a respeito disso. Também não falou nada sobre uma nova concorrência de õnibus intermunicipais numa cidade que muitos dependem deles para viajar ou trabalhar e o serviço é dos piores possíveis.

Mesmo assim, certamente, muitos irão votar nele novamente só pelo fato dele supostamente ser de Itatiba. Por isso não acredito em polítca.

 

Por quê eu acredito em Deus, mas não em religião

Os relatos do que os israelenses fazem na Palestina são escabrosos. Anos atrás o The Independent relatava que crianças palestinas não conseguiam dormir sem o barulho de tiros. Casas são sistematicamente destruídas e há fotos de cenas temerosas de soldados apontando armas para crianças, bebês mortos e outras atrocidades. Jesus Cristo, que os evangélicos gostam tanto de citar(Acima mesmo que o próprio Senhor) jamais endossaria algo assim, um estado de inspiração de ateus, controlado por genocidas com frases canalhas como Ben Gurion e Golda Meir. Não, nunca o Jesus Cristo que nos ensinou a amar o próximo como amamos a nós mesmos.

Mesmo assim os evangélicos adoram citar a Bíblia para justificar seu apoio irrestrito à Israel. Por isso que acredito em Deus, mas não em religião. Não precisamos de intermediários para falar com Deus.

vendredi, février 25, 2005

 

Rodoanel de novo

Acho fascinante como os tucanos reclamaram tanto das obras viárias da gestão Marta Suplicy, mas estão enterrando bilhões de reais na construção do Rodoanel. Os pretextos para a construção do dito são os mesmos para a construção de túneis. Túneis são obras caras, que usam impostos de todos os cidadãos(Inclusive aqueles que não tem carro), mas são justificadas porque melhorariam o trânsito e a qualidade de vida fora dele(Não nego isso, mas investimento similar em metrô tende a ser mais vantajoso). É mais ou menos a justificativa para esta monstruosidade de 170 km de extensão(maior que muitas das rodovias que ele deve interligar), que estranhamente é vendido como obra ecológica.

O governo estadual quer justificar os constantes atrasos na construção de uma obra excessivamente complexa para os benefícios que irá trazer argumentando que o governo federal. Bobagem. Fala-se em rodoanel desde da primeira gestão de Mário Covas(Quem assinou a parceria com o estado para a construção deste foi Paulo Maluf). O primeiro trecho, construído em quatro anos, tem apenas trinta quilômetros. Ele foi feito enquanto Fernando Henrique estava na presidência. O tramo sul é duas vezes maior e vai exigir obras mais complexas por cortar uma região de mananciais.

O que ninguém fala é que a obra demora pelo simples fato dela ser exageradamente complexa e cara. Nenhuma rodovia de 170 km com tantos túneis e pontes, cruzando serras e manancais sai de um dia para outro.

 

Teoria e Prática

Em teoria, uma das coisas mais simples de se fazer é emagrecer. Bastaria gastar mais calorias do que se consumir. Na pratica a coisa é mais díficil. Não a toa que uma das grandes vedetes da indústria farmacêutica atual seja o Xenical, ferramenta potente de emagrecimento, que o espaço de propaganda na televisão seja ocupado em doses fartas por medicamento para emagrecimento, que todo lugar tenha uma fórmula fácil para emagrecer. A realidade de gastar mais calorias que consome é complicada: o corpo tende a buscar recuperar os quilos perdidos após momentos de dieta rigorosa, exercícios tendem a aumentar o apetite. Mas como em tese é uma coisa simples, todo mundo, em especial que não sofre de obesidade, diz táticas, fórmulas, etc.

É isso que incentiva a profusão do que se chama "auto-ajuda". Por quê são coisas que na prática são simples, mas complicadas na vida real. Isso não se restringe aos videos motivacionais, frases de para-choque nem livros do Lair Ribeiro. Muitas revistas adoram citar artigos ensinando seus leitores à arte da conquista de uma namorada. Imagino eu que eles não tenham problema sentimental nenhum.

Os jornais e revistas sempre trazem colunas aonde jornalistas dão conselhos fantásticos, em especial para político. Dá impressão que certos problemas na teoria são coisas simples de se resolver. Não raro, a muitos bons teóricos de mostram administradores públicos ruins.

Não raro, algum colega seu começa a dizer discursos vagos, como se tivesse soluções para qualquer problema. Falam da necessidade do esforço, de se atualizar. Entre jornalistas recomenda-se que leia bastante, que se essreve bastante. Entre desenhistas, oh, é só buscar referências "da vida"(Seja lá o que isso queira dizer).
Todo mundo é capaz de fazer discursos vagos com soluções e conselhos. Pena que a vida real seja mais complicada(E no geral seguir estes conselhos mais atrapalham que ajudam).

mercredi, février 23, 2005

 

Terrorismo?

A Policia afirmou ter encontrado uma bomba perto da estação de trens de Imperatriz Leopoldina, Vila Leopoldina, com inscrições do PCC. A tal bomba teria um poder de destruição de quinhentos metros e teria sido encontrado praticamente no mesmo lugar aonde já teria ocorrido um descarrilhamento provocado por sabotagem ano passado. Fica bem no entorno de uma penitenciária.

Sabe-se lá se o artefato causaria muitas vitimas, já que a densidade demográfica no entorno da linha é relativamente baixo e a possibilidade da bomba atingir diretamente uma composição baixa. Seria para causar um susto? Ou seria apenas para causar uma fuga na penitenciária?

Já anunciaram que o PCC queria ter explodido a estação São Bento do metrô(Uma das movimentadas do sistema, que fica bem embaixo da Bolsa de Valores de São Paulo e do centro da cidade) e a estação de metrô do Jabaquara. Será que é uma ameaça real? Ou será que amanhã podemos acordar com alguma estação explodindo?

 

O que a CNT tem a ver com armas?

A Confederação Nacional dos Transportes encomendou uma pesquisa e descobriu que a defesa do desarmamento diminiu dentro da população.

Como se não bastasse o estrago que esses caras fizeram ao país dentro da sua área(ao incentivar a troca das ferrovias pelo transporte rodoviário) eles querem se intrometer em outras?

 

Você aceita ordens da sua empregada?

Você aceitaria que sua empregada ou faxineira lhe desse ordens? Do tipo escolher a comida do almoço, a decoração da casa ou sei lá? Acredito que não. Ninguém aceita ordem ou desaforo de subalterno, aceita?

Então por quê diabos aceitamos ordens e desaforos de lojas quando estamos na posição de consumidores, que muitas vezes agem de forma autoritária em relação aos seus clientes? A relação não é a mesma? O empregado vende sua mão de obra ao patrão, a loja um serviço ou produto.

Por exemplo, lacrar mochilas. Muitos supermercados colocam um funcionário mal-educados para lacrar ou exigir que você deixe suas coisas no balcão(Caso da Kalunga em Campinas e do Carrefour do Center Norte). Você pode estar com pressa, querendo comprar só um pacote de biscoitos mas tem que perder tempo guardando suas coisas. Ou ainda quer fazer comprar com walkman ou celular. E DIABOS, quem é a loja pensa que é para decidir o jeito que os clientes vão fazer compras? Sem contar que isso os caras acham que o próprio consumidor deles é um ladrão em potencial.

Outra: você chega a loja quase de noite, há gente terminando de atender alguns clientes e o sujeito bota um "Fechado" na sua cara? Será que ele espera que você saia de casa e se locomova de novo para a loja dele no dia seguinte? Eu pessoalmente vou numa outra loja.

A relação com o cliente, que ao invés de ser visto como algo a ser conquistado é quase como visto como um sub-alterno é muito ruim no Brasil. Ora é vendedor grudando em você, ora você é ignorado. São poucas as lojas que se tocaram que atendimento ao consumidor é a chave do negócio. Não a toa, o Ponto Frio, as Casas Bahia, Lojas Cem se preocupam com essa questão. Eu pessoalmente decidi boicotar a Kalunga após ter tido problemas com segurança na loja de Campinas e ter passado meia hora na seção de informática sem que ninguém se prestasse a me atender(Detalhe, o SAC da Kalunga não respondeu aos emails que mandei). Por outro lado, continuo cliente fiel às lojas do Grupo Pão de Açucar, já que o atendimento continua cada vez melhor. Inclusive o SAC deles é incrivelmente dedicado e rápido.

Obviamente, os caras que tratam seus clientes como cão sarnento são os primeiros a reclamar do governo ou da prefeitura.

lundi, février 21, 2005

 

Democracia no Oriente Médio

Bush em discurso pediu ajuda à União Européia para espalhar "democracia" pelo Oriente Médio. Justo ele que nos solta a sua democratissima invasão ao Iraque, com os EUA decidindo o tipo de governo, constituição e bandeira que o Iraque pode ter.

De qualquer forma, ele poderia começar a espalhar democracia pelo Oriente Médio começando por:

1-) Exigindo da Turquia, Egito e de Israel, três dos seus principais aliados da região, respeito à Quarta Convenção de Genebra, à Declaração Universal dos Direitos Humanos e de outras leis internacionais, condicionando a bilionária ajuda americana ao país a isso.

2-) Cortando relações com Arábia Saudita a não ser que hajam reformas democráticas no país.

3-) Apoiando a oposição progressista e reformista no Irã.

4-) Retirando suas tropas do Iraque, compromentendo-se a não intervir politicamente e militarmente nos países da região.

São quatro passos bem simples de se conseguir democracia no Oriente Médio.

dimanche, février 20, 2005

 

Liberalismo e do socialismo o quê, meu pirão vêm primeiro

Parte considerável da esquerda brasileira gosta de citar Marx, vivem reclamando contra as injustiças sociais e a concentração de renda, criticando a classe "média" e todos os ricos. Parte considerável da direita brasileira se diz libertária/liberal, adora citar Hayek, Mises, Adam Smith, reclamam pelo Estado Mínimo.

O dito ensino superior gratuito público é um formidável mecanismo de concentração de renda. A pobre empregada quando passa pelo supermercado no Grajaú ou em Francisco Morato paga pelo ensino superior do filho do médico do Alto de Pinheiros ou de Perdizes. Mesmo assim, a não-cobrança de mensalidades é quase clichê entre essa esquerda. Poucas coisas deixam um esquerdista brasileiro tão histérico como a cobrança de mensalidades na USP. Dentro do liberalismo econômico conservador a coisa nem se comenta. Ensino superior gratuito é coisa de país de welfare state, um inchaço desnecessário do Estado.

Eu não conheço nenhum liberal-conservador que tenha doado dinheiro para alguma faculdade pública que tenha cursado. Tanto os a direita que se diz liberal como a esquerda que se diz socialista é amplamente favorável a não-cobrança de mensalidades nas universidades públicas. O que mostra claramente que antes de qualquer ideologia vêm meu privilégio, minha mamata. E claro, aqui no Brasil se prefere exigir atitudes dos outros ao invés de fazer alguma coisa por contra própria.

P.S: Colocando as continhas no papel, um aluno de ensino superior sai por uma média de sete mil reais por ano. Cada aluno formado é o custo de um carro ou de um apartamento pequeno. Em São Paulo, as três universidades estaduais recebem dez porcento do ICMS. É uma fatia fixa, por lei, que as universidades gastam do jeito que querem, do estado que mais arrecada ICMS da federação(Ironicamente aquele imposto que mais pesa no bolso dos mais pobres) . Mesmo assim essas universidades atendem uma fatia mínima dos estudantes, sem que os professores tenham um bom salário ou que haja uma boa estrutura.

Pobre na USP? Só se for para fazer cooper, ir no hospital ou ir passear.

 

Cof, Cof...

Segundo o Independent, cientistas da Comissão Européia descobriram que os britânicos perdem seis meses de vida por causa da poluição do ar. Os holandeses perdem 12,7 meses, os belgas 13, 6. Os menos afetados são os finlandeses, que perderiam apenas 3,1 meses e pelos irlandeses, que perderiam 3,7 meses, numa média de 8,7 pela UEE. Segundo os cientistas, 310 mil europeus mortos por ano.

Isso reforça a tese de que os danos causados pela poluição não são perigos futuros(Muito menos inexistentes), somando às estimativas de cientistas de que fenômenos como a onda de calor que afetou a Europa anos atrás e os furacões na América Central e do Norte seriam resultado das alterações climáticas. Ou seja, longe de ser um assunto irrelevante ou de ecochatos, é um tema central para as atuais e futuras gerações.

samedi, février 19, 2005

 

Por quê os liberais-conservadores defendem Israel?

Os palestinos eram pastores, profissionais liberais, plantadores de oliva. Viviam na sua paz até que foram expulsos em grande parte da sua terra por judeus, na sua maioria europeus.

A maioria dos liberais-conservadores diz ser amplamente favorável a propriedade privada. Então por quê diabos defendem com tanto fervor um estado fundado com terras roubadas? Os palestinos não receberam um tostão pelas terras, cidades e prédios que lhe foram roubados pelos israelenses. Eles perderam uma propriedade privada fundada com anos de trabalho.

O que sustenta Israel é uma ajuda bilionária de cerca de três bilhões de dólares pagas pelo contribuinte americano. Sei lá quê diabos a dona da vendinha nos subúrbios de Portland ou o plantador no meio do Alabama têm a ver com isso. Mesmo por quê, diabos, um país de cinco milhões de habitantes que necessita de um aporte externo de alguma coisa entre três a dez bilhões de reais é contraprocedente. É como uma estatal que só dá prejuízo sustentada pelo erário.

Caso os líderes árabes tivessem a menor representatividade e estes pudessem comprar armamento livremente no mercado internacional a própria existência de Israel estaria seriamente ameaçada(Não se pode culpar os árabes. A Alsácia e a Lorena, territórios que a Alemanha e a França disputaram com tanto ardor na Guerra Franco-Prussiana e na Primeira Guerra Mundial tinham bem menos importância que a Palestina). Que a esquerda defenda Israel ainda vá. Mas que liberais-conservadores defendam com tanto ardor um país fundado na agressão à propriedade privada, que dependa de dinheiro público para se sustentar e que exige que o livre mercado(No caso, de armamento) seja bloqueado é no mínimo estranho ao meu ver.

mercredi, février 16, 2005

 

Detalhe

Não sei porque reclamam tanto da eleição de Severino Cavalcanti como presidente da Câmara.

Ano passado, haviam diversos indícios de envolvimento dos bingos com o crime organizado, como a máfia espanhola. Em países como os EUA e a Europa o jogo é aceito com uma regulamentação forte, com uma forte taxação porque se sabe que é uma indústria lucrativa, mas que também costuma trazer problemas. Vão desde de aumento na criminalidade até os problemas no vício no jogo. Mas isso garante que cidades como Las Vegas tenham uma economia forte. O jogo no Brasil poderia ser regulamentado, atraindo turistas.

No entanto no Brasil, os bingos geram menos imposto que deveriam, não atraem estrangeiros. Na verdade, boa parte dos bingos se localizam em bairros de classe média baixa ou industriais das grandes capitais, como Jaraguá, Vila Leopoldina e outras cantos de São Paulo. Das duas, uma: Ou se organizava a questão, restrigindo o jogo a locais estritamente turísticos, com grande atração de estrangeiros, com regulamentação ou que se proíbisse o jogo de vez. O senado quis que a bagunça continuasse.

Se eu não acreditava no Legislativo antes, depois disso passei a acreditar menos. Cavalcanti é a cara da Câmara dos Deputados. Eu não acredito num lugar em que um dos piores governadores da História do Estado de São Paulo, Luiz Antônio Fleury Filho é deputado.

 

Em São Paulo II...

- Geraldo Alckmin anunciou que só vai fazer 15 km do tramo sul do rodoanel (Que tem 57 km) se o governo federal ceder verba. Curioso que estão querendo colocar a culpa no governo federal sendo que se sabia que era uma obra cara, que iria exigir zilhões de túneis, pontes e outras obras de arte e desapropriações.

- De qualquer forma, ao menos a decisão da demissão de todos os funcionários da FEBEM é uma medida que merece ser elogiada, apesar de nesse tempo todo muito pouca coisa tenha sido feito para melhorar a instituição.

- Ah, creio que ninguém chiaria se a linha A da CPTM, que vaí da Luz até Francisco Morato fosse modernizada. Há muitas quebras de trens, que são antigos. Entre Morato e Jundiaí nem se fala.

E pô, é uma das linhas mais movimentadas do sistema.

 

Dando nome aos bois

Olacyr de Moraes virou uma espécie de Barão de Mauá, aquela imagem do empreendedor honesto e trabalhador que vai a bancarrota por culpa do governo. Antes um dos maiores plantadores de soja hoje ele é um homem falido. Tudo por causa da Ferronorte, a ferrovia que liga o centro-oeste a rede da antiga FEPASA. Ela permite que a soja brasileira seja competitiva lá fora. Olacyr investiu duzentos milhões de dólares na brincadeira, mas ele quebrou porque o governo do estado de São Paulo não cumpriu o prometido: uma ponte rodo-ferroviária sobre o Rio Paraná, que levou sete anos para ficar pronta ao invés de dois. Diversos artigos falaram do ocorrido, de como um grande empresário foi a bancarrota por culpa do estado, após prestar um grande serviço ao país.

O detalhe é que nenhuma reportagem falou do nome do governador responsável pela desgraça: Mário Covas. Nem do nome do Ministro do Planejamento responsável pelos cortes que atrasariam a obra: José Serra.

 

Por quê o Brasil é um país atrasado

Por São Paulo dá facilmente para se notar os atrasos ao notar certos detalhezinhos em alguns cantos da cidade.

1-) Avenida Cardeal Arcoverde, seis horas da tarde, Pinheiros: A avenida congestionada, quase parada. Detalhe: quem congestiona de fato a via são... os ônibus. A via poderia tranquilamente não ter congestionamento se existisse uma linha de metrô servindo aquele eixo.

Boa parte dos problemas urbanos de São Paulo surgiram da maldita idéia da prefeitura apartir da gestão de Maluf usar dinheiro que deveria ser gasto no metrô com túneis e viadutos. Isso poderia ter salvo a cidade da degradação. A vantagem do metrô é que ele organiza a ocupação urbana, fazendo com que os prédios e o comércio fique centralizado em torno das estações. Por isso que é fácil de se encontrar as coisas na região da Vila Mariana e na Saúde, que tem metrô desde de 1974. Por outro lado, a região do Brooklin combina prédios comerciais caríssimos com favelas, com lojas espalhadas por todo o bairro.

2-) Nova Faria Lima, qualquer horário: Um outdoor de um cursinho especializado em medicina anuncia a fantástica carga horária de... 46 horas semanais. Isso dá oito horas diárias, seis dias por semana. Num cursinho, não é faculdade nem curso técnico. Provavelmente a pessoa não vai usar nenhum desses conhecimentos na vida real depois de passar. E imagine o quanto que isso deve cobrar de mensalidade.

É uma prova cabal que o sistema atual de educação superior "pública" não funciona. Perde-se tempo demais treinando para vestibular e pouco para a vida profissional.

3-) Lapa, perto da estação ferroviária, horário comercial: Todas as ruas tomadas por camelôs, que ocultam as vitrines das lojas. As barraquinhas vendem as mesmas coisas, o tráfego de veículos e pessoas é muito prejudicado, não pagam imposto nem encargo algum(Embora essas pessoas certamente irão se aposentar pelo INSS). Tanto para o consumidor é ruim quanto para o estado. Apesar da degradação que causam ao ambiente são amplamente tolerados.

4-)Qualquer delegacia da Receita Federal, horário comercial: um cidadão, disposto a abrir uma firma e gerar empregos, renda e impostos é barrado em um dos tortuosos passos por causa de um erro na declaração. Provavelmente ele ainda não percebeu que no Brasil o negócio é ser camelô.

5-) Ponte do Morumbi, seis horas da tarde: Centenas de carros, com um ou dois passageiros cada, que seriam facilmente alocados numa única composição de trem, congestionam a ponte, com trânsito parado.

6-) Largo da Batata, qualquer horário: Prédios, cortiços, camelôs, isso na Faria Lima, que é um dos centros financeiros da cidade. E que bem, supostamente um cartão de visitas para os estrangeiros que visitam a cidade.

7-) Oficinas da FEPASA, Jundiaí: Num dos principais eixos do interior de São Paulo - Jundiaí-Campinas, a antiga ferrovia que liga estas duas cidades conta com muito, mas muito mato, trilhos enferrujados e tráfego quase nulo. Diversas locomotivas potentes - as chamadas russas e V-8, que poderiam viajar facilmente a 120 km por hora apodrecem e enferrujam ao sol. A ligação ferroviária entre a capital e algumas das principais cidades do interior: Marília, Bauru, Campinas, Sorocaba, Assis, Ourinhos, São José do Rio Preto é precária, quase inexistente, para cargas. Para passageiros nem se fala.

mardi, février 15, 2005

 

Duas horas

A prefeitura tem aberto os terminais de transferência na Capital, que não mais fazem a transferência gratuita entre uma linha e outra. Eles argumentam que não há necessidade disso por causa do Bilhete Único. Muita gente tem reclamado, dizendo que muitos trabalhadores levam mais do que o limite de duas horas para mudar de linha, o que faria com que muitos tivessem que pagar uma passagem a mais.

Só quê, pera um pouco. Para se viajar de Paris a Bruxelas de trem leva uma hora e dez minutos. De ônibus, entre o Terminal Tietê e Taubaté, cento e vinte quilômetros depois são duas horas. Até Sorocaba, Campinas, cerca de noventa quilômetros de viagem, dá pouco mais de um hora e meia. Se tem gente levando mais de duas horas, três horas(Já que o limite só vale depois que se passa pela catraca) para se locomover DENTRO de São Paulo tem MUITA coisa de errada no sistema.

 

Dúvida no ar

Tá, reconheço, o serviço na CPTM está bem melhor que antigamente. Não há mais tanta espera para se pegar as composições(Antigamente costumava ser pior) e inclusive em Francisco Morato o trem para Jundiaí está mais sintonizado com as composições que vêm da Luz.

Mas porque diabos ano passado os tucanos falavam tanto em integrar o bilhete único com o metrô(E consequentemente os trens da CPTM)? Qualquer um que faça as continhas vai perceber como que é dificil fechar e que ninguém saberia quem iria pagar pela brincadeira. Como, aliás, um estudo do estado descobriria(Claro, depois das eleições).

No metrô, bem, o Estado de São Paulo, que é bastante favorável aos tucanos publicou um artigo com chamada na com as queixas em relação ao serviço, coisa que não estava se acostumado. Cada vez mais as pessoas tem reclamado de super-lotação. Dentro do chamado Centro Expandido da cidade só tivemos duas estações inauguradas em doze anos: Sumaré e Vila Madalena. Itaim, Santo Amaro, Lapa, e outros bairros que recebem trabalhadores continuam sem acesso direto ao centro. O metrô precisa urgente de obras e de uma infra-estrutura boa na rede existente(Banheiros por exemplo).

Eu, que simplesmente adoro trem e trilhos. Viajo para cidadezinhas só para tirar foto de trem e estação, prefereria andar dois, três quilômetros para ir de metrô/trem ao invés de viajar diretamente de ônibus. Mas recentemente acabei preferindo fazer trajetos que antes certamente fazia de metrô(Avenida Paulista-Tietê) de ônibus. Péssimo sinal.

A CPTM, formada dos resquícios da CBTU e do serviço de subúrbios da FEPASA ainda tem problemas gigantescos. Não há banquinhos em Presidente Altino e Francisco Morato, estações de transferência. O usuário fica em pé por periodos que as vezes são de vinte, trinta minutos. Boa parte da malha trabalha com composições antigas e nada confortáveis, muitos lugares não tem passarelas, outras partes da linha exigem retificações, cercas(Já que é comum gente andando junto da linha), os ambulantes e mendigos teimam em aparecer. Na Lapa, não existem baldeação direta entre as estações da linha de Itapevi e a que vai para Francisco Morato, apesar das linhas andarem juntas nessa região. Temos duas estações, distantes 600 metros uma da outra, mas sem integração. Para se ir de Pinheiros a Pirituba é preciso ir até Presidente Altino, de lá ir até a Barra Funda e voltar. É muita volta para um trajeto curto. A linha B, de Itapevi, ainda não vai até a Luz, e nada de integração centro ainda. E eu não falei ainda da necessidade cada vez maior de se ligar por trem expresso a capital a cidades como Jundiaí, Campinas, Sorocaba e São José dos Campos.

Claro, até que o Estado tem tentado ser razoável com os problemas que herdou nesse sistema. Mas não seria melhor trabalhar em cima deles do que prometer o impossível?

dimanche, février 13, 2005

 

Arquitetura "fascista"

á um fato interessante no tocante à arquitetura brasielria: a escola neo-clássica é detestada dentro da academia e adorada fora dela. Com o caso da obra de Niemayer ocorre o contrário: ele e adorado dentro da academia, mas na prática a gente não fica tirando fotinho da Oca ou do Memorial da América Latina. O West Plaza, que fica no entorno da estação Barra Funda é por isso mesmo um dos shoppings mais queridos de SP. O Memorial vive vazio. Eu nunca tirei foto das obras de Niemayer, mas tenho várias fotos de obras do Ramos de Azevedo. As pessoas adoram o Prédio da Pinacoteca, adoram a Estação Júlio Prestes, mas não gostam do Memorial.

Estudiosos como a Ana Mae Barbosa tem um certo viés ideológico pseudo-nacionalista muito forte. Há a imagem falsa de que o barroco geraria uma arte profundamente nacional e que a Missão Francesa teria brecado esse processo, quando se sabe que haviam prédios em estilo neo-clássico anterior à missão e de que as elites brasileiras jamais patrocinariam um estilo que caíra em desgraça na Europa. Na América Latina em geral se acha que o período entre o modernismo e o barroco teria sido algo vazio, uma arte sem alma, o que nem sempre é verdade. Ainda hoje se ensina arte do Século XIX como se fosse uma cópia de temas europeus, que não trabalhavam com tipos nacionais e blá-blá-blá. Só agora que estudos menos preconceitusos tem surgido. Jorge Coli, historiador da arte da UNICAMP reclamou fortemente disso num seminário ano passado. Essa corrente de pensamento foi péssima para São Paulo, já que foi usada como justificativa para destruição de prédios de valor histórico inigualável para se construir estacionamentos. O Coli reclamou muito de quando destruiram casarões na avenida Paulista os jornais citavam: "arquitetura fascista".

Para ser franco, acho que aí que vemos o quanto que as universidades brasileiras ficam fora da realidade.

samedi, février 12, 2005

 

Sobre a revolta

A revolta parte do princípio semelhante: a de o que mundo deve se tornar semelhante a imagem de mundo ideal que o revoltado têm. Insatisfeito com o mundo, o revoltado luta para que ele se pareça com o que ele quer. Crente de ser o centro da criação, senhor dos pensamentos, o revoltado se vê no direito e na obrigação de impôr as pessoas suas idéias e seu modo de vida. A imposição é a base da revolta, que surge do coração de pessoas que tanto se dizem de direita como de esquerda, ou de qualquer outra ideologia.

Não a toa, a revolta contra alguma coisa deu base às piores ditaduras. O revoltado nada mais é que um ditador que não chegou ao poder, que assim como o tirano quer impor suas idéias e modo de vida às pessoas. Sejam eles ateus comunistas ou comunistas, sejam eles fundamentalists religiosos, sejam eles ultra-conservadores reclamando contra impostos ou socialistas clamando por vontade, a semente da tirania habita a mente de qualquer revoltado.

Não significa aceitar o conformismo, mas sim aceitar a idéia de que a subelevação só tem valor se ela luta contra a imposição, a tirania, não a favor dela.

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Existem muitas causas para o revoltado lutar contra o Brasil. Temos uma polícia violenta, racista, que dá bom dia e tchauzinho para a classe média e espanca os favelados, um sistema de transportes excludente e ruim, políticos que se valem de uma carga tributária extorsiva para praticar "caridade".

Mesmo assim, nossos revoltados sempre escolhem motivos irrelevantes para se revoltar, como as minisaias, o suposto viés esquerdista dos professores de história, a manipulação da coca-cola, os desenhos animados japoneses, os filmes de ação americanos. Nunca se revoltam contra os impostos, a falta de serviços do governo.

jeudi, février 10, 2005

 

É assim que Bush protege a América

O regime da Coréia do Norte é o ultimo representante do stalinismo no planeta. Relatos contam que seus habitantes comeriam ratos e capim para sobreviver. Seu líder é paranóico, torra uma fortuna em armas, contrabandeia segredos militares a torto e direito. Paquistão, Brasil, entre outros, já compraram segredos dos norte-coreanos. Eles já provaram poder atingir o Japão com mísseis e nada impediria num curto prazo que eles construíssem mísseis capazes de atingir a Costa oeste americana. Eles tem tecnologia nuclear relativamente avançada também.

Bush mobilizou boa parte das tropas americanas numa invasão a um país sem tradição militar, que no auge do seu poder era incapaz de atingir um vizinho próximo, Israel, porque os mísseis explodiam no ar antes de atingir o alvo. Agora, quando um país que já ajudou a matar milhares de americanos na Guerra da Coréia anuncia armas nucleares, Condoleeza Rice, a Secretária de Estado, afirma que os norte-coreanos devem ficar tranquilos que eles não pretendem invadir o país. Kim Jong II ri da cara de Bush, que já matou o mais do dobro do número de mortos do atentado de Oklahoma com sua invasão ao Iraque(Além de provavelmente dez ou vinte mais vezes do povo que eles supostamente deveriam libertar) e gastou uma fortuna do contribuinte americano com a brincadeira.

E tem gente que ainda acredita que ele protege a América.

mercredi, février 09, 2005

 

O mundo gira III

Segundo Glenn Reynolds, pressionado pelo crescente déficit o governo de George Bush pode reduzir os subsídios agrícolas. Um ponto de encontro entre tanto progressistas quanto liberais por gastar dinheiro do contribuinte numa medida que faz com que os alimentos fiquem mais caros para os pobres dentro dos EUA e ajudar a empobrecer os pobres no exterior(Como bem diz Glenn), é algo que pode custar preciosos votos a Bush em estados como Alabama e Lousiana, cuja sua principal base de apoio é o Sul dos Estados Unidos.

Provavelmente é hora tanto dos libertários que reclamam das tendências governalizantes de Bush quanto os liberais social-democratas e o movimento anti-globalização se unirem em torno de uma causa comum, assim como os outros países exportadores de produtos agrícolas. Quem sabe até a esquerda brasileira.

Ahm, a esquerda brasileira que faz festinha em torno de José Bové, o maior defensor desses subsídios na França? Esquece.

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Segundo Daniel Kenyon, um dos três soldados britânicos acusados de torturar detentos britânicos numa base alemã, as fotografias em que representam os detentos sendo espancados não são "nada".



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Nunca achei que o nada fosse ser tão dolorido.

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Bem, considerando que os americanos estão utilizando coisas como afogamentos na hora do interrogatório, talvez ele esteja certo. Bush e Blair estão conseguindo jogar no lixo um dos maiores patrimônios da humanidade: a Quarta Convenção de Genebra.

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Piadinha tirada daqui:

Essa piada saiu esta semana no Die Judishe alemão e é digna de nossos tempos. Infelizmente não há autor para levar o crédito.

Um judeu conhecido estava andando no metrô lendo um jornal neo-nazi. Um amigo dele, que estava no mesmo vagão, percebeu este estranho fenômeno. Irritado, ele se aproximou do leitor e disse:

"Moishe, você perdeu a cabeça? Ficou maluco? Por que você está lendo um jornal neo-nazi?"

Moishe respondeu:

"Eu costumava ler os jornais judaicos, mas o que eu encontrava? Anti-semitismo ba Europa, terrorismo em Israel, judeus desaparecendo pela assimilação, casamentos e conversão, judeus vivendo na pobreza. Então eu troquei para o jornal neo-nazi. E o que eu encontro lá? Judeus são donos de todos os bancos, judeus controlam a mídia, judeus são todos ricos e poderosos, judeus controlam o mundo. As notícias são muito melhores!"



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Segundo o Clarín e o La Nacion, o ex-presidente Menem poderá ser investigado por ter supostamente bloqueado as investigações do atentado contra a AMIA em 1994, aquele atentado contra uma associação judaica que ninguém entender direito as razões e os autores do dito. Dois juízes também teria sido suspensos pela sua ineficiência na investigação.

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A classe média argentina em massa fugiu para a Flórida, Espanha e outras países após a crise cambial de 2001, mas segundo o Clarín agora estaria ocorrendo o contrário. Atraídos pelo câmbio desvalorizado, pelo baixo preço dos terrenos e casas e pela cidade, muitos americanos e europeus estariam se mudando em massa para a capital argentina, fator que estaria colocando em embulição o mercado imobiliário da cidade.

mardi, février 08, 2005

 

Sobre arte e críticos

Arte é legal. Críticos são chatos. Logo, uma pessoa chata não pode entender sobre uma coisa legal. Então ignore o que o povo da Bravo ou dessas faculdades dizem sobre arte. Eles são tão chatos que nunca vão entendem a arte.

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Em arte a coisa que mais se vê são frases de efeito, seja na boca dos estudantes, seja nos livros, que analisadas friamente não querem dizer nada ou não tem aplicação prática nenhuma. Provavelmente porque a arte em si não é definida por frases de efeito, ela é definida pelo artista. A arte está acima de qualquer pensamento ou frase de efeito.

lundi, février 07, 2005

 

Monarquia é a solução do Brasil

Eu não me lembro de gente no Reino Unido discutindo se Tony Blair, John Major ou Margaret Thatcher tinham casos, eram divorciados, se tratavam bem ou mal seus cônjuges ou ainda se queimavam a rosca. Discute-se sobre a qualidade dos serviços públicos, dos impostos, da Guerra do Iraque. Fofoquinhas? Bem, para isso eles tem a família real.

Eu como liberal-progressista sempre fui contra a monarquia, mas acho que ela tem uma utilidade: ela sacia a sede das massas de fofocas e outros detalhes da vida pessoal das personalidades públicas. Todo mundo faz fofoca da família real e se esquece de fofocar sobre os políticos. Do Principe Charles já se falou de tudo, de que ele queria ser absorvente e de que tinha caso com um mordomo. Falaram tanto disso que esqueceram de fofocar sobre os políticos. Não misturaram vida pessoal com política, divórcio com o que de fato importa(Serviços, impostos).

Cada vez mais acho que a monarquia poderia fazer horrores pelo Brasil. As pessoas ficariam fofocando sobre o rei e sua família, não sobre a vida pessoal dos políticos. E não votariam fazendo exame sobre o que acham que o candidato faz em casa.

 

Patriotismo

Os anarquistas sempre gostaram de repetir e falar de como o patriotismo em si era uma idéia idiota, de como as piores atrocidades foram cometidas em nome de um patriotismo qualquer. Schopenhauer dizia que quem não tinha motivo para se orgulhar de si próprio orgulhava-se do lugar, do país em que vivia. São argumentos fortes, irrefutáveis e por mais que eu ache saudável um orgulho da cultura e do lugar em que se está imerso eu não nego que patriotismo e idiotice costumam andar não so de mãos dadas, mas abraçadinhos, dando beijinhos e fazendo muitos amassos.

Parte da classe média carioca resolveu radicalizar no quesito: agora eles se orgulham, de brado forte, de serem a capital mundial da gentileza(?!?).

Fala sério.

vendredi, février 04, 2005

 

Em São Paulo

- Pode-se notar que a atual administração gosta muito do verde. Em muitas praças e acessos a pontes na marginal o mato chega no joelho.

- Embaixo da passarela perto do Hospital das Clínicas já começam a juntar mendigos. Inclusive usando o gerador do elevador utilizado pelos deficientes como secador de roupa.

- Não sei porque ainda permitem aquele enxame de camelô na Lapa. O lugar fica intransitável, com trocentas pessoas se amontoando entre as barraquinhas. Eu sempre perco um tempão andando pelo lugar porque nunca reconheço as ruas, já que só vejo gente e barraquinha.

É único lugar que eu conheço mais fácil de se orientar de noite que de dia.

mercredi, février 02, 2005

 

Dinheiro estatal

Alguém em sã consciência reclama que se use dinheiro estatal para ajudar a custear uma Olímpiadas ou um algum evento desportivo do gênero? Obviamente não, uma vez que eventos como esse costumam gerar uma boa grana para os hotéis, restaurantes e outros serviços da cidade. Isso explica o patrocínio da prefeitura paulistana à parada gay, por exemplo.

Anos atrás, o então governador Mário Covas não permitiu que as quadras da USP ou parques públicos fossem utilizadas para sediar o Masters do tênis, um dos principais eventos do Esporte, dizendo que era lugar público ou sei lá o quê. Eu que custeio a "pública" USP com dez porcento do meu ICMS toda vez que vou ao supermercado não pude ver os melhores astros do meu esporte favorito. E a rede hoteleira de São Paulo perdeu uma boa grana(Isso sem contar a imagem), ao passo que bem, Las Vegas, que acabou sediando o evento naquele ano ganhou ainda mais diárias de hotel.

Por isso, deixem que o Estado ajude a custear o Fórum Social Mundial. É dinheiro que entra para o Estado do Rio Grande do Sul, é dólar entrando no Brasil. Claro, isso não decide porra alguma, mas deixem o pessoal do Fórum trepar, acampar e gastar dinheiro em paz.

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Quem conhece sabe bem que a esquerda brasileira tem muito grito, muito berro, mas pouca ação prática. Não é aquele monstro que move o mundo às escondidas. Lembro-me bem que na faculdade toda vez que eu organiza abaixo-assinado pedindo mudanças nas aulas, mudanças nos professores e outras coisas do gênero a turma que mais tinha discurso de "Chê, Fora FHC, Viva o MST" era aquela que mais fazia biquinho na hora de assinar. Era a mesma turminha que faltava e ficava namorando nos protestos contra a reitoria(Pô, os professores nem davam aula nesses protestos), era a mesma turminha que fugia e ficava quieta na hora de reclamar pessoalmente com o coordenador. Uma colega minha foi execrada porque a classe inteira ficou quietinha numa reunião.

Quem quer ação prática de protesto faz como a Oxfam, o Greenpeace, a WWF, os Médicos sem Fronteiras, o Exército de Salvação, Anistia Internacional, a Cruz(E Crescente) Vermelha, a Eletronic Intifada, entre vários outros. Assume um objetivo definido(Alguma empresa ou ação em específico), vão aonde as pessoas estão, se arriscam a serem presas ou a tomarem cassetada da polícia, ou ainda cedem tempo ou dinheiro fazendo trabalho humanitário aonde é de fato necessário. Não é vestindo a camisa de um sujeito autoritário como Che Guevara, batendo papo-furado no bar que vão chegar a algum lugar. A simples promoção de uma campanha para que as pessoas trocassem o Nescafé por qualquer outra marca de café solúvel poderia fazer horrores para que a Nestlé alterasse sua política de incentivar a troca do uso do leite materno por leite em pó, que é feita em países como o Paquistão e a Índia e que mata milhares de crianças. Usar o mercado- ao invés de falar mal dele.

Mas ir ao Fórum é mais fácil, não é?

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Os libertários americanos costumam dizer que caridade, assim como a liberdade, começam em casa. Eis aí a grande diferença entre a grande parte da direita brasileira e grande parte da esquerda brasileira: a direita brasileira quer que o estado pratique liberalismo, mas é incapaz de adotar uma postura liberal no tocante ao dia a dia. Não conheço liberais que doaram dinheiro para a USP ou outra universidade que tenham cursado e a maioria é incapaz de respeitar a opinião alheia, um dos preceitos básicos do liberalismo.

Parte considerável da esquerda brasileira não sai de casa sem carro(E vai mandando grana para a Shell, Ford, GM e outras multinacionais adoráveis), fuma como uma chaminé, não faz trabalhos de caridade nem doa dinheiro à instituições(A maioria nem chegou perto de uma favela), mas exige que o governo ajude os pobres.

 

Serei o único...

...cara com cerca de vinte e tantos anos que acha a Coleção Vagalume um pé no saco e que as professoras de português deveriam ser loucas para empurrar aquelas porcarias goela abaixo dos seus alunos?

 

Fundamentalismo

Imagine um árabe. Imagine um árabe que leva uma boa vida, então uns caras de alguma organização terrorista fazem uma lavagem cerebral, lhe prometem uma passagem para o céu se ele se explodir dentro de um café cheio de israelenses ou ainda se jogar um avião contra um prédio americano. E bem, é isso que ele faz.

Você provavelmente deve ter achado a história idiota. E bem, ela é. E por mais idiota que seja é a visão de muitas pessoas supostamente esclarecidas sobre um dos conflitos mais complexos da atualidade e de um dos fenômenos mais pertubadores da atualidade.

Tolstoi reclamava que as pessoas achavam que simplesmente a leitura do Contrato Social teria feito os franceses matarem uns aos outros. Infelizmente suas lições continuam ignoradas em pleno século XXI.

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Os direitosos americanos podem falar a merda que for dos europeus, que estariam supostamente acuados por fundamentalistas. Mas os europeus sabem que a forma certa de se combater o terrorismo e com serviços de inteligência, segurança e investigação. Foi assim que os franceses conseguiram combater a ameaça do GIA, é assim que tanto italianos, ingleses, franceses e alemães conseguem manter o terrorismo islâmico fora de suas fronteiras. Por outro lado, os americanos continuam sem saber o que fazer com os caixões e sacos pretos vindos do Iraque.