Contra o Consenso: Sobre a revolta
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samedi, février 12, 2005

 

Sobre a revolta

A revolta parte do princípio semelhante: a de o que mundo deve se tornar semelhante a imagem de mundo ideal que o revoltado têm. Insatisfeito com o mundo, o revoltado luta para que ele se pareça com o que ele quer. Crente de ser o centro da criação, senhor dos pensamentos, o revoltado se vê no direito e na obrigação de impôr as pessoas suas idéias e seu modo de vida. A imposição é a base da revolta, que surge do coração de pessoas que tanto se dizem de direita como de esquerda, ou de qualquer outra ideologia.

Não a toa, a revolta contra alguma coisa deu base às piores ditaduras. O revoltado nada mais é que um ditador que não chegou ao poder, que assim como o tirano quer impor suas idéias e modo de vida às pessoas. Sejam eles ateus comunistas ou comunistas, sejam eles fundamentalists religiosos, sejam eles ultra-conservadores reclamando contra impostos ou socialistas clamando por vontade, a semente da tirania habita a mente de qualquer revoltado.

Não significa aceitar o conformismo, mas sim aceitar a idéia de que a subelevação só tem valor se ela luta contra a imposição, a tirania, não a favor dela.

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Existem muitas causas para o revoltado lutar contra o Brasil. Temos uma polícia violenta, racista, que dá bom dia e tchauzinho para a classe média e espanca os favelados, um sistema de transportes excludente e ruim, políticos que se valem de uma carga tributária extorsiva para praticar "caridade".

Mesmo assim, nossos revoltados sempre escolhem motivos irrelevantes para se revoltar, como as minisaias, o suposto viés esquerdista dos professores de história, a manipulação da coca-cola, os desenhos animados japoneses, os filmes de ação americanos. Nunca se revoltam contra os impostos, a falta de serviços do governo.