Contra o Consenso: janvier 2005
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vendredi, janvier 28, 2005

 

Por quê você deve sustentar a Itapemirim e a Granero?

Muita gente gosta de reclamar que as estradas federais da maior parte da federação estão ruins e de que pagar pedágio é extorsivo. Na verdade, é tudo parte de uma brincadeira em que você no final paga a conta.

O custo de manutenção de uma via asfaltada custa caro. É uma manutenção que deve ser feita com frequência, o que explica o custo do pedágio. Caminhões pesados são bem mais danosos para as rodovias. Uma das razões pela a qual o pedágio no Brasil é tão caro é justamente essa, a quantidade absurda de caminhões que trafegam pelas pistas. Quando se fala de vicinais e pistas simples a coisa fica ainda pior. Nem adianta asfaltar uma Transbrasiliana da vida porque ela logo fica destroçada com o trânsito pesado de caminhões. São custos que são pagos por você, por todo o contribuinte.

Uma das razões pela qual o país optou pelo transporte rodoviário - mais caro e mais ineficiente que o transporte ferroviário(Além da desastrosa decisão de se concentrar as ferrovias no inepto controle estatal) - é que ele é tremendamente rentável para as empresas uma vez que um dos maiores custos das ferrovias- a manutenção das vias - é pago com seu imposto. É fácil as transportadoras entupir as rodovias com caminhões - altamente poluidores e uma das maiores causas de mortes - e depois exigir estradas boas do Estado. Uma das maiores razões pelo atraso brasileiro é essa. Nossos produtos não tem a menor competitividade por causa da logística ruim. Frete caro, com boa parte da produção ficando na estrada.

Um transporte ferroviário seria uma opção bem mais confortável para o passageiro. É desumano viajar mais de dois, três mil quilômetros de ônibus, num transporte caro, com passagens com preço superiores a um salário mínimo.

Não faz sentido que o Estado custeie obras caras com os impostos da população - caso do Rodoanel de São Paulo - para sustentar um modelo caro e ineficiente. É um modelo péssimo para a economia do país, péssimo para o cidadão(Que é obrigado a viajar enfurnado) e muito bom para as grandes empresas de transporte(Não a toa, a Confederação Nacional de Transportes financia a maioria das pesquisas eleitorais no país). A Itapemirim, por exemplo, é uma das maiores empresas do país. Que só chegou a esse tamanho com a sua ajuda, com os impostos que pagam a via, pelo monopólio das linhas em que atua, pelos pobres trabalhadores que viajam de São Paulo ao Nordeste enfurnados dentro de um ônibus.

 

Porque jornalista brasileiro fala mal de argentino

É comum ver em colunas de jornalistas brasileiros tiradas com os argentinos. Uma vez a Folha de São Paulo chegou ao requinte de ouvir a narração de um jogo "Corinthians vs. River Plate" para provar o racismo dos platinos. Alguém pergunta: por quê tanto ódio?

A razão é simples: qualquer jornal médio argentino dá uma sova violenta nos principais "grandes" jornais brasileiros. Se colocar na conta o Clarin, o Pagina 12 e o La Nacion a coisa fica humilhante. Esses dias eu pude folhear uma edição do La Nacion e fiquei assustado com a diferença com a Folha de São Paulo ou com o Estado. O jornal é muito, mas muito bem diagramado, com um visual bonito e gostoso de se ler, passando por cima do visual meio kistch e cansativo da Folha e do O Globo. Mesmo o Jornal da Tarde e o novo Estado - os campeões brasileiros no quesito - ficam bem atrás. Os artigos são equilibrados - isso num jornal conservador - sem o nheco-nheco panfletário da Folha de São Paulo ou os editorais totalmente fora da realidade do Estadão. A seção de cultura fala de coisas relevantes, apesar de meio sérias. Aliás, o jornal inteiro fala de coisas relevantes, não de capivaras ou fofoquinhas do governo como os jornais brasileiros fazem.

 

Estaria a "Veja" emburrecendo o Brasil?

Ano passado, tropas israelenses mataram um brasileiro de origem palestina. O Itamaraty não fez um pio. Uma das mais importantes atribuições da República é a diplomacia. Cabe a ela divulgar o país lá fora, fazer o atendimento à brasileiros no exterior, entre outras atribuições. É um serviço complexo: existem milhares de brasileiros presos em condições no mínimo duvidosas no Paraguai, vez ou outra um brasileiro aparece no corredor da pena de morte nos EUA, brasileiros sofrem muita discriminação e prisões no Japão, muitas vezes a imagem, artigos e outras imagens que danificam a imagem do Brasil. O Brasil enfrenta problemas de relacionamento e imagem com a muitos dos países vizinhos, tem uma imagem de violência que prejudica o turismo na Europa e nos EUA, além de sofrer muitas barreiras comerciais tanto na América do Norte quanto na União Européia.

Num serviço tão importante para a nação quanto a diplomacia, é um acinte concentrar as críticas num detalhe tão pequeno quanto a questão da tal obrigatoriedade do inglês na prova do Itamaraty. Questão que foi absurdamente deturpada. A Veja - que defende o que Lula tem de pior: a carga tributária e os juros altos - colocou esta questão no artigo na capa. Artigo que aliás é confuso, fala tanto de sovietização, Revolução Cultural e sei lá o quê que parece mais um manifesto do Mídia Sem Mascara ou alguma merda semelhante que provavelmente terei que ir ler o texto da tal Reforma Universitária para ver o que ocorre.

O saco. Detesto ler textos de lei.

lundi, janvier 24, 2005

 

O Brasil não é um país sério

Até 1982, a Playboy brasileira era censurada. A revista mandava os artigos para serem publicados pelo correio e depois mandava um reporter da revista com as fotos num envelope, para serem autorizadas pelo censor.

É uma cena que explica muito do Brasil. Ora, se os generais achavam que fotos de mulher pelada são imorais que se proíbisse a revista inteira. Não que isso fosse a alçada do Estado, mas bem, vivíamos numa ditadura. Ditaduras são sempre horríveis, mas nem tão incoerentes assim.

É uma cena que eu queria ver: o jornalista e um delegado com um monte de foto de mulher pelada:

- Essa daí tem dois peitos de fora. Não dá, só pode um

- Essa foto aqui mostra muito pelinho na vagina. Não dá.

- Não dá. A modelo tá com uma cara muito vulgar. Corta.

- Essa foto está aceitável. Não ofende a nossa moral. Só tem um mamilo de fora e a cara da modelo está muito boa.

dimanche, janvier 23, 2005

 

Fazendo as contas

Com o aumento que entra em vigor amanhã dos ônibus inter-estaduais a viagem entre Itatiba e Jundiaí pelo suburbano vai uns dois reais, nove para ir de Jundiaí a São Paulo, uns quatorze para ir de São Paulo a Sorocaba, Campinas, Santos e São José dos Campos, uns onze para ir de Atibaia a São José, uns oito ou sete entre Itu e Jundiaí...

Vai ficar mais caro sair de casa.

 

Inglês no Itamaraty

Ano passado, no show do Bad Religion em São Paulo, podia se ver uma coisa interessante. Greg Graffin, vocalista da banda, tentava, inutilmente conversar com a platéia. Dava até dó do cara. Greg falava. falava e tentava obter alguma reação da platéia. Greg desculpava-se pelo longo tempo sem visitar o Brasil, e a platéia não entendia nada. E nem tchum. Em um momento, quando se citou o nome de Bush a platéia começou a gritar "Bush, vai tomar no c*". O vocalista sugeriu, educamente que se gritasse "Bush out", em inglês, para que se pudesse gravar e mostrar para os americanos. A platéia continuou gritando em português(Não era um público simples e de classe baixa no show. A maioria tinha idade acima de vinte e cinco anos, com uma profusão muito forte de câmaras fotográficas digitais).

Um dos grandes traumas da minha vida é que sempre que eu via um texto interessante em inglês tinha que traduzí-lo se quisesse passar para alguém e comentar - diabos, nunca conhecia ninguém que soubesse o mínimo da língua.

Como bem lembrou o Tiago, o brasileiro tem um inglês péssimo. Não sei por quê tanta celeuma por causa de uma prova no Itamaraty por causa de uma língua que boa parte da classe média(eu ainda não vi a capa da dita, mas parece que a acusação da Veja sobre o fato do PT estar emburrecendo o país seria a tal prova. Eu como bom liberal acho que o único responsável pelo emburrecimento só pode ser o próprio "emburrecido", não o Estado ou um partido, mas dane-se) não consegue dominar. Nem o mínimo dela.

Mas bem, brasileiro sempre achou que dominava o espanhol, uma das línguas mais complexas de um grupo línguistico bem complexo, quando mal domina o português. Brasileiro deveria se lembrar do seu monoglotismo antes de fazer todo esse celeuma com o assunto.

lundi, janvier 17, 2005

 

Escola NÂO é o professor

Quando a administração Marta Suplicy fez os seus escolões(Os CEUs) ela foi duramente criticada por quê se dizia que ela deveria ter investido nos professores(Embora, muitos dos que reclamavam, os tucanos pagassem bem menos aos docentes tanto na rede estadual quanto em muitas prefeituras que administravam). Tá, concordo, não gosto muito dos ditos CEU. Mas nego vigorosamente que a escola seja o professor.

Na verdade, o principal erro da escola brasileira é que tudo é centrado demais no professor. Temos aquele sujeito emburrado e sério, com cinquenta alunos(Detalhe: você *não* domina uma classe de cinquenta alunos com a média nacional se não for emburrado e sério), aonde disciplina vale bem mais que originalidade e inteligência. O professor fala, escreve na lousa, os alunos copiam. Se um professor escrevesse na lousa algo insultando seus alunos, eles copiariam.

O erro é que a metáfora que temos do conhecimento é que ele transmitido, como se fosse passado magicamente de uma pessoa a outra, de fora para dentro. Quando na verdade o conhecimento é construído pela própria pessoa. É o aluno que constrói o conhecimento ao descobrir novas formas de resolver problemas, de aplicar conceitos. Sabe-se bem que ao ouvir o professor falando ou escrevendo o nível de retenção é mínimo. Sabe-se que no geral o aluno brasileiro depende muito do conhecimento que ele obtém na escola. Isso não é bom. Ainda mais num país em que os pais jogam a criança na escola e reservam a esta ultima a mais nobre tarefa que deveria ser exclusividade da família: a formação, inclusive moral, dela.

Não adianta querer que os professores resolvam o problema da educação no Brasil. Todas as fórmulas mágicas que existem para a educação passam pelos professores. E são bem menos eficientes do que parecem. Salários maiores para os professores? Só vai fazer com que muita gente que detesta dar aula queira ser professor. Concurso idem. Capacitação? Em especial com a carga horária que se têm isso vira horário de se encontrar os colegas e jogar papo fora.

Em especial considerando o tamanho das classes e a falta do melhor instrumento do conhecimento: as bibliotecas. São elas que permitem que pessoas de todas as classes sociais tenham acesso a cultura e conhecimento. Cultura e conhecimento em estado puro, num caminho que cada pessoa escolhe como trilhar. Bibliotecas, que na maioria dos lugares são quase que inexistentes, seriam de grande valor para a educação nacional. Bibliotecas com salas e programas voltados para crianças(Sim, com muitos livros infantis e quadrinhos), nem se fala. Stephan Kanitz, num momento de lucidez, desvendou melhor ainda a questão.

Muito mais que qualquer gasto com professor. Escola é o aluno, não o professor.

dimanche, janvier 16, 2005

 

Aham...

Mais uma defesa inteligente e progressista da cobrança de mensalidade nas universidades federais.

 

Lembre-se...

...das taxas de juros que você paga no cheque especial(E de quanto a poupança rende), da burocracia existente para se abrir uma empresa e em especial da carga tributária que você paga quando passar no supermercado na próxima vez que for falar mal do avião presidencial ou das tais férias da Alvorada.

Por quê avião nenhum(em especial que a longo prazo significa economia) se compara com a cruel dicotomia da taxa de juro que é alta para empréstimos e baixa para poupança, com a complicação que é abrir uma firma(Não a toa, ser camelô é muito vantajoso no Brasil) e em especial com o assalto que chamam de carga tributária.

Fale mal de Lula, mas pelo que ele merece, não por picuinhas.

samedi, janvier 15, 2005

 

Construindo escolas

Não sei porque diabos a arquitetura das escolas construídas no país cada vez mais se assemelha a um galpão de fábrica do que de uma escola. Utilizam aqueles blocos de cimento, sem cobertura, com telhas de amianto, com tetos baixos, decoração inexistente. As escolas ficam insuportáveis com o calor no verão e excessivamente frias no inverno. Isso quando não são escolas com partes em metal ou as famosas escolas em contêiner, as de latinha.

Eu sou a favor que o prédio em que os secretários da educação e governantes despacham deveriam ser equivalentes às escolas que eles constroem. Não é justo restringir o desconforto às crianças(Por outro lado, muitas prefeituras tem prédios muito bonitos e confortáveis. A de Jundiaí, por exemplo, parece um shopping, em muitas cidades do interior a prefeitura é simplesmente um dos prédios mais bonitos do lugar).

 

Falando em eleições...

Foi só passar a eleição que o governo paulista aumenta o preço do metrô e dos trens metropolitanos. Básico.

vendredi, janvier 14, 2005

 

Mais concessão de rodovias

A única auto-estrada que saía da capital paulista que não havia sido concedida para a iniciativa privada, o sistema Ayrton Senna-Carvalho Pinto(São Paulo-Taubaté), está prestes a perder esta condição. O governo de São Paulo quer utilizar a concessão para duplicar a Rodovia dos Tamoios, que liga São José dos Campos a Caraguatatuba, além de prologar a Carvalho Pinto até o inicio da Osvaldo Cruz(Taubaté-Ubatuba). Por um lado, isso pode ajudar a desafogar o trânsito dentro do Porto de Santos ao incentivar o uso do Porto de São Sebastião além de melhorar o acesso ao litoral norte, mas por outro lado isso significaria um aumento brutal na questão de pedágios(Vale lembrar que o tráfego fora de temporada é baixo). Ah, olhe que coisa estranha: quem pagar o pedágio na Dom Pedro(Campinas-Jacaréi, que também será usada nessa concessão), Ayrton Senna e Carvalho Pinto, mesmo sem passar pela Tamoios, pagará pela obra.

O programa de concessão de rodovias é uma das medidas mais polêmicas dos dez anos de PSDB no governo. Eu acho que o governo errou ao conceder estradas como a Castelo Branco e a Bandeirantes, bem conservadas, com tráfego pesado e sem necessidade de manutenção. O sistema geralmente nos outros países é utilizado para duplicar/reformar vias antigas ou mal-conservadas, ou mesmo para construir uma estrada do zero. E claro, com opção do usuário em usar a via pedagiada ou fazer o precurso por uma via simples sem pagar. Claro, não faz sentido uma via dupla, de tráfego pesado, não ter pedágio. A manutenção de uma via assim é cara e das duas uma: ou o custo da manutenção da via seria pago pelo contribuinte(Mesmo aquele que não usa carro) ou a via ficaria esburacada em pouco tempo. O problema é o jeito que se passou a administração de muitas rodovias para a iniciativa privada.

Até agora os benefícios do sistema são meio contestáveis. Grande parte das vias concedidas já estavam em ponto de bala. Sabe-se lá se a nova pista do trecho de Serra da Imigrantes de fato valem o pedágio de treze reais(Não há a menor necessidade dela fora de feriados). Nos inúmeros casos de vias simples concedidas para serem duplicadas a população não é consultada se prefere pagar a mais para isso, além de em alguns casos ter que pagar por anos por uma via simples que demora para ficar pronta, isso quando fica(caso da Raposo Tavares entre Cotia e Araçoiaba da Serra, Dom Gabriel Couto entre Jundiaí e Itu). Inevitavelmente a concessão é uma coisa que encarece o pedágio. Nesses anos todos , não só os pedágios passaram a ter um custo maior como novas praças foram construídas, tornando-se questão séria. Cidades chegaram a ficar praticamente cercadas por pedágios(Indaiatuba, cidade vizinha a Campinas), a ponto do prefeito ter ameaçado asfaltar as rotas de fuga, com casos bizarros de moradores de bairros mais afastados pagando pedágio para ir até o centro. Coisas nunca vistas antes, como pedágios urbanos para evitar que caminhões usem as rotas de fuga, começaram a aparecer.

O ponto mais interessante é que o governo estadual esperar o fim das eleições para anunciar novas concessões(Ponto interessante: ele havia recuado de conceder a Marechal Rondon anteriormente), além de planejar entregar a Tamoios duplicada em ano de eleições...

jeudi, janvier 13, 2005

 

Universidade "públicas"

Hélio Schwartzman está agora atacando o governo pelo programa "Universidade para Todos". O nobre empregado do Sr. Otávio Frias Filho afirma que universidade é para formar elite de pesquisadores, médicos e que nem todos podem ser formados numa universidade. Ele afirma também que é um "despropósito colocar dinheiro público novo em escolas particulares quando as universidades federais enfrentam seriíssimas dificuldades financeiras". Obviamente ele se esquece de alguns detalhes:

1-) O país de fato enfrenta um déficit violento de profissionais qualificados em muitas áreas com exigência de curso superior. Educação é o exemplo mais rasteiro por exemplo. Saúde, entre várias outras.

2-) Muitas vezes as pessoas não fazem faculdade no países mais ricos porque o próprio ensino médio e fundamental dão uma base profissional, o que de fato não ocorre aqui no Brasil, aonde sim, por mais que seja ralo, a "faculdade" é uma base muitas vezes fundamental para a formação profissional.

3-) O culpa pela proliferação de faculdades particulares de baixa qualidade com incentivos federal foi da administração anterior.

4-) O governo estadual de São Paulo não só somente tira verba das faculdades públicas, mas da própria educação de ensino fundamental ao patrocinar um programa nas escolas em que universitários de escolas particulares ganham bolsa para fazer monitoria.

****************

O sistema de ensino superior no Brasil é a cereja do bolo do extremamente perverso sistema de ensino brasileiro. Um sistema que enfia cinquenta jovens, muitos deles com problemas violentos numa sala. Um sistema cuja a didática central não consegue acreditar no aluno, um sistema incapaz de fazer o aluno pensar, que só se exige que se obedeça friamente os seus mestres na escola.

A universidade dita pública é de uma brutalidade horrenda. Começa no colégio, aonde o sujeito é obrigado a engolir trocentas fórmulas, trecentos conceitos, decorar musiquinha, resumos de livros, com a promessa de sucesso se passar numa USP da vida. Ao invés de se iniciar na formação profissional, o cara vira um papagaio.

A universidade, dita pública, para grande parte da população na melhor das hipóteses é hospital(Que não atende a todos). Claro, podem funcionar como parques ou bibliotecas, mas os campi universitários no geral ficam em bairros de díficil acesso para a maior parte da população.

A USP e Unicamp têm a cara de pau de promover cursos de extensão, a maioria direcionados para a classe média baixa, pagos, ao passo que qualquer tentativa de cobrança mensalidades nos cursos superiores frequentados pela classe alta é rechaçada pelos próprios reitores.

É um belo sistema de concentração de renda, um Robin Hood às avessas, já que o imposto pago por todos(inclusive os pobres) vai para uma pequena parcela da população. Um curso universitário é o valor de um carro muitas vezes. Em São Paulo, toda vez um favelado passa na supermercado deixa dez porcento do seu ICMS pago no caixa para a USP, Unicamp e Unesp. Siglas que ficarão na esmagadora maioria das vezes tão distantes para ele, que paga caro por elas...

mercredi, janvier 12, 2005

 

Parabéns Serra...

 

Minha filosofia política

A minha filosofia política é: governo é uma merda, ainda mais considerando as bases em que isso se conduz no Brasil. Político é como puta de periferia: você pode fantasiar, pode fazer o que quiser, pode imaginar que está comendo uma dentista ou uma pianista clássica que fala francês, mas está na verdade comendo uma banguela, com bafo e que gosta das piores músicas possíveis. Político honesto, que se preocupa com você e com o estado que governam? Isso não existe.

Não significa que eu vote nulo. Mas voto sabendo que voto naquela que eu considero a menos ruim das opções, sempre pronto a cobrar. Mas não fantasio. O que estraga a democracia são tanto os subservientes que seguem qualquer governo como os exaltados, que no geral empurram qualquer sociedade para a ditadura.

 

E agora?

Para variar, choveu forte em Janeiro. Para variar, o Pirajussara e o Arincanduva inundaram de novo, a Anchieta ficou inundada. Fica a minha dúvida: todo aquele povo que reclamava quando a Marta estava viajando percebeu muita diferença com ou sem o Serra? Conseguirá Serra contornar a mãe natureza nos anos seguintes?

Outra: por quê sempre se culpou a prefeitura pelas inundações, nunca o governo do Estado? Aliás, a Anchieta não é uma rodovia estadual, cuja a fiscalização da concessão é da ARTESP, a sempre inútil autarquia do Sr. Geraldo Alckmin?

lundi, janvier 10, 2005

 

Por quê você deve sustentar a Itapemirim e a Granero?

Muita gente gosta de reclamar que as estradas federais da maior parte da federação estão ruins e de que pagar pedágio é extorsivo. Na verdade, é tudo parte de uma brincadeira em que você no final paga a conta.

O custo de manutenção de uma via asfaltada custa caro. É uma manutenção que deve ser feita com frequência, o que explica o custo do pedágio. Caminhões pesados são bem mais danosos para as rodovias. Uma das razões pela a qual o pedágio no Brasil é tão caro é justamente essa, a quantidade absurda de caminhões que trafegam pelas pistas. Quando se fala de vicinais e pistas simples a coisa fica ainda pior. Nem adianta asfaltar uma Transbrasiliana da vida porque ela logo fica destroçada com o trânsito pesado de caminhões. São custos que são pagos por você, por todo o contribuinte.

Uma das razões pela qual o país optou pelo transporte rodoviário - mais caro e mais ineficiente que o transporte ferroviário(Além da desastrosa decisão de se concentrar as ferrovias no inepto controle estatal) - é que ele é tremendamente rentável para as empresas uma vez que um dos maiores custos das ferrovias- a manutenção das vias - é pago com seu imposto. É fácil as transportadoras entupir as rodovias com caminhões - altamente poluidores e uma das maiores causas de mortes - e depois exigir estradas boas do Estado. Uma das maiores razões pelo atraso brasileiro é essa. Nossos produtos não tem a menor competitividade por causa da logística ruim. Frete caro, com boa parte da produção ficando na estrada.

Um transporte ferroviário seria uma opção bem mais confortável para o passageiro. É desumano viajar mais de dois, três mil quilômetros de ônibus, num transporte caro, com passagens com preço superiores a um salário mínimo.

Não faz sentido que o Estado custeie obras caras com os impostos da população - caso do Rodoanel de São Paulo - para sustentar um modelo caro e ineficiente. É um modelo péssimo para a economia do país, péssimo para o cidadão(Que é obrigado a viajar enfurnado) e muito bom para as grandes empresas de transporte(Não a toa, a Confederação Nacional de Transportes financia a maioria das pesquisas eleitorais no país). A Itapemirim, por exemplo, é uma das maiores empresas do país. Que só chegou a esse tamanho com a sua ajuda, com os impostos que pagam a via, pelo monopólio das linhas em que atua, pelos pobres trabalhadores que viajam de São Paulo ao Nordeste enfurnados dentro de um ônibus.

dimanche, janvier 09, 2005

 

A Civilização Cristã-Ocidental

Uma das coisas mais díficeis de se limitar é o que se costuma chamar de civilização ocidental. Antigamente ela era chamada de civilização branca, mas hoje não pega bem. A noção de Oriente, as vezes indo além de Instambul, outras vezes englobando boa parte da Europa Oriental, nunca foi lá muito bem definida. Seria as civilizações a Oeste da linha de Greenwich? Seriam então os australianos orientais? O que seriam os africanos?

A piores guerras da história da humanidade sempre foram guerras entre ditas nações ocidentais, nunca guerras entre Ocidente e o resto do mundo. E bem, a tal noção de civilização é variável para burro: lá pela Primeira Guerra, coisas como "civilização germânica" eram comuns.

Alguém inventou uma bobagem de civilização cristã, ou civilização judaico-cristã. Sabe-se que boa parte dos judeus se aproxima mais dos árabes que dos cristãos(Os sefarditas). E como ficam os ateus, cuja a versão moderna é basicamente européia? Schopenhauer, David Hume, Nietzsche, Montesquieu, Emile Zola, entre vários outros, seriam menos ocidentais pelo fato de terem sido ateus? Isso sem contar a forte influência que os mouros e turcos teriam tido na Europa. Leonardo da Vinci pode ter sido filho de uma moura, Velásquez teve um discipulo que era mouro, a arquitetura renascentista é inspirada fortemente pela árabe, o muçulmano Ibn Sina era um dos maiores médicos de todos os tempos na Europa Medieval.

Samuel Huntington, quando definiu a sua teoria de choque de civlizações não colocou os latino-americanos no mesmo balaio que os ocidentais. Nos Estados Unidos, descendentes de brasileiros e brasileiros são vistos muitas vezes como latinos, como se fossem uma outra raça.

Patriotismo, como define Schopenhauer, era o orgulho de quem não tem nada de se orgulhar de si próprio. Como boa parte da dita direita não consegue encontrar motivos para se orgulhar do Brasil, país repleto de pessoas escurinhas e maltrapilhas, prefere se orgulhar de tal "civilização ocidental". Proferem medo do tal terrorismo, sendo que praticamente a única forma de um brasileiro morrer num atentado terrorista é viajando ou no exterior. Falam de como "nós" estivessemos invadindo o iraque. Outros tem ataques de nervos quando falam mal dos EUA.

Dias desses, topei com um desses blogs ditos de direita, aonde um autor nervosinho fã de Olavo de Carvalho dizia que tinha comprado o Alcorão e citava trechos que supostavamente pregavam ódio aos cristãos e judeus. O cara já não se via mais como brasileiro, mas como cristão. É falta de amor próprio.

Bem, triste dia em que decidiram transformar direita em sinônimo de falta de amor próprio.

 

Por quê diabos "tsunami"?

Tsunami é um termo japonês para maremoto. Os mesmos são chamados de willy-willy na Austrália, por exemplo. A boa regra nos ensina que estrangeirismos devem ser evitados quando há um termo semelhante em português.

Os países de língua inglesa, assim como muitos jornais franceses adotaram o termo "tsunami", apesar da imprensa italiana, de língua espanhola e alemã ter rechaçado a idéia. Acho que a segunda opção me pareceu mais inteligente, já que o Japão não foi afetado diretamente pela catástrofe.

Bem, como se não bastasse o uso desnecessário de termos em inglês e em francês, agora em japonês.

samedi, janvier 08, 2005

 

Capitais

A editora Abril lançou uma revista derivada da Capricho chamada Mina. Mina é uma das gírias mais paulistas que existem, motivo até de piadinhas em outros estados. A MTV já exibiu no seu desenho "Mega-liga de VJs Paladinos" um Felipe Dylon cuja a dublagem fazia uma clara gozação com o sotaque carioca. O antigo Pasquim 21 fez uma piada na capa com o fato de São Paulo ter tido uma parada gay no mesmo momento que a tocha olímpica passava pelo Rio. A Globo tem o dom de colocar nordestinos nas suas novelas com sotaque carioca e cara de cariocas de classe alta(Não acredito numa Carolina Dieckman sobrevivendo no sol de Pernambuco). A MTV fala tanto de São Paulo que nem os paulistas aguentam mais. Nenhuma dessas atitudes é muito inteligente. Em alguns casos, você está gozando com a cara de um parte potencial dos seus compradores, ignorando que seu produto será lançado em escala nacional.

Os grupos de comunicação brasileiros concentram-se no Rio e São Paulo e são incapazes de perceber que o mundo vai muito bem além de suas cidades(Na verdade, esses grupos de comunicação não conseguem entender nem direito a cidade em que vivem, como os editoriais de muitos jornais provam). É curioso como os grandes meios de comunicação do Brasil ignoram o que exista vida fora de suas cidades, como se aquilo que produzem não fosse consumido fora do seu estado.

Talvez um dos piores males da cultura nacional foi a bendita idéia de fazer o Rio e São Paulo "capitais culturais do Brasil". É algo que está pasterizando toda nossa cultura.

 

Vale lembrar

Os tucanos estão metendo o bico na administração Marta Suplicy pelo fato do túnel na Avenida Rebouças ter ficado inundado.

Estranho. A estação Vila Madelena do metrô, inaugurada por Mário Covas, ficou por anos a fio com infiltração de água. Ninguém do PSDB chiou. Em fevereiro de 2004, a cobertura da estação da estação de metrô do Tatuapé, uma das de maior movimento do sistema, teve sua cobertura destruída por um vendaval. Não só pessoas ficaram feridas como carros na Radial Leste foram atingidos. Sabia-se que o telhado da estação(Inaugurada por Maluf, mas administrada pelo governo de Geraldo Alckmin) tinha uma resistência bem menor do que deveria ter.

Entre um túnel que inunda e telhas de uma estação de metrô caindo na cabeça das pessoas eu acho a segunda opção mais perigosa.

ooooooooooooooo

Serra está colocando em prática o típico populismo para a classe média que seu partido tanto adora, como se diminuir secretarias, cancelar concursos públicos e outras coisas sejam soluções fáceis e simples para todos os problemas de uma grande cidade.

ooooooooooooooo

Duas dúvidas:

1-) O que ele falará quando novamente o Pirajuçara inundar, já que os técnicos não enxergam uma solução para o lugar a curto prazo(Já chegou a se sugerir para que o bairro fosse mudado de lugar)?

2-) E com relação a verba da operação urbana na Faria Lima, que a lei exige ser aplicada em obras de infra-estrutura na região da Avenida? Claro, pode-se passar a verba para o metrô, mas o trecho da avenida que será cortado pelo metrô é bem pequeno.

Ele reclamou dos túneis e das palmeiras que a administração fez na região anteriormente. O que ele fará em situação semelhante?

ooooooooooooooo

Serra que foi eleito falando mal dos "coqueiros" tomará providências contra o déficit de áreas verdes da cidade? E aquele que foi eleito falando mal da "taxa dos motoboys" irá tomar alguma atitude contra essa atividade que custa a vida de muitos jovens, além de serem um transtorno no trânsito, tanto para pedestres e motoristas e causadora de uma forte poluição sonora?

mardi, janvier 04, 2005

 

Will Eisner(1917-2005)

Will Eisner talvez tenha sido o maior nome dos quadrinhos de todos os tempos. Combinava um traço caricatural, mas bastante realista ao mesmo tempo. Brincava com os contrastes entre negro e claro, tinha uma das narrativas mais marcantes de todos os tempos. Poucas coisas são tão legais como as lutas de Spirit. Sua diagramação, ousada, é uma das mais bem cuidadas de todos os tempos. Se empresas mudam de logotipo num processo caro e que dura anos, por doze anos Eisner mudava o logotipo de sua série Spirit a semana. Se Jack Kirby, um dos outros expoentes dos quadrinhos americanos, tinha um traço estilizado e forte em detrimento da técnica, Eisner combinava os dois. Eisner produzia, há cinquenta anos, um material muito mais avançado que grande parte da produção atual.

Talvez tenha sido um caso raro de quadrinhista a manter sua produção firme e forte por tanto tempo. Carl Baks morreu com cem anos deixando a impressão de ter morrido cedo demais. Eisner, ainda trabalhando, morre muito cedo com 87 anos. Definitivamente um baque enorme para os quadrinhos, talvez um o maior gênio desta nobre arte.

 

Aviso

Por motivos diversos o weblog anterior("Estação Lugar Nenhum") levou um tiro na nuca e recomeço este, que como o anterior é mais um mero sparring cultural e intelectual do que tudo. O nome é o mesmo do segundo CD da banda espanhola Amaral, uma das minhas favoritas(Recomendável. A vocalista Eva Amaral tem uma voz linda de morrer). Os links ainda estão sendo transferidos, a mudança ainda está sendo feita.

lundi, janvier 03, 2005

   

Uma pequena mancha na minha alma

Tem uma historinha que eu não gosto de me lembrar. Não posso estar me remoendo sobre ela perto de algum lugar alto ou de uma linha de metrô. Senão acabo tentado a pular lá do alto ou entrar na frente do trem.

Numa escola em que eu trabalhei, eu tinha bastante carinho por uma garota de uma quarta série. Afinal, ela tinha todas as qualidades que qualquer um gostaria de ver numa filha. Ela era educada, quietinha(Sem ser marrenta ou calada) e tinha um excelente desempenho na minha matéria. Desenhava muito bem. Detalhe: ela era negra, filha de empregada e morava num daqueles cantos da periferia da Zona Sul, estudando numa escola estadual em Moema, filé mignon da capital paulistana.

Não a toa, ela formava uma turma com outra garota negra e outra garota branca cujo os pais vinham do Nordeste. Usualmente eu sempre dava bastante atenção para crianças assim, já que muitas professoras não o fazem, então dava bastante atenção a aquela turminha. Um dia, conversando com ela, esta garota, de uns dez anos, reclama que a professora da sala não dava atenção para ela. Só dava atenção para duas alunas, "branquinhas", segundo às próprias, segundo elas, a xodó dela. Tentei consolar, dizendo que elas eram meu xodó e coisa tal. Mas você, no fundo, se sente como um merda ao não poder dizer para uma criança que ela é vista como inferior pela sua pele e condição social. Dentro de uma escola. Dias depois eu veria ela tentando chamar a atenção da sua professora com um trabalho. E a dita nem tchum.

Depois, obviamente, todos falam em cidadania e outras palavras bonitas dentro da escola.

dimanche, janvier 02, 2005

 

Os cinco melhores CDs do ano de 2004

5-) L'instant d'aprés, Natasha St. Pier- Tá, esse é do finzinho de 2003. Mas como estourou mesmo em 2004, resolvi colocar aqui(Tá, foi meio falta de opção). É em francês, tem letras românticas, é o presente ideal para aquela tua paquera se você morar em alguma cidade do interior.

Falando sério, é um bom CD. A quebecois faz aqui um álbum divertido, bem arranjado, aonde a sua voz encontra

4-) Con todo respeto, Molotov Os mexicanos lançaram este álbum de covers de bandas como Misfits e Beastie Boys, sendo que os caras já tinham lançado versões pelo avesso(E muito boas) de Macarena e Bohemian Rapshody do Queen. Discaço.

3-) Reise, Rammstein : O novo trabalho dos alemãe. Bem arranjando, com aquele metal industrial com toques de techno(No fundo Rammstein é uma banda de techno-core, não de metal). Ruídos barulhentos trabalhando harmoniosamente com arranjos dignos de música erudita.

2-) Atrapasueños, Carajo Esta banda surgiu no auge da crise argentina. Nome de palavrão e uma música chamada "Sacate la Mierda". Em tempos em que o punk rock caiu numa armadilha aonde cada vez mais é díficil de inovar, os caras lançam um meio termo de hardcore e trash metal


1-) Douce Victime, Lais: Jorunn Bauweraerts, Annelies Brosens and Nathalie Delcroix são três das mais talentosas vozes da música folk atual. Este CD é o primeiro com músicas inéditas em quatro anos e vale a espera. Além das inspirações do canto popular de Flandes na Idade Média, a banda agora incorpora influências de outros ritmos musicais da Europa(E fora dela, há uma bela influência árabe no meio também). Instrumentos como orgãos aparecem.

Os arranjos são muitissimo bem executados, cada música parece ter sido trabalhada com esmero máximo. Coisa fina, de primeira linha.

Bem, estes são os álbuns do ano. Sim, sou chato e pedante, não tem nada em inglês ou em português.

 

Coisas que você só encontra no Orkut

1-) Fãs de Olavo de Carvalho(Mentira, em fóruns diversos de política eles também enchem o saco. mas ao menos nunca vi um na vida real).

2-) Fãs do Fernando Collor(Sério).

3-) Pessoas que acham a Preta Gil gostosa.

 

O ano que se vai

Não sou fã de festas de final do ano. Todo mundo troca gentilezas, abraços e desejos de melhores dias, mesmo que seja com pessoas que não se conheçam. Acho meio falso, já que ao invés de trocar abraços as pessoas poderiam ao menos se importar com as outras pessoas no resto do ano. Não empurrar, comprimentar, ser gentil, não ficar apunhalando ninguém seriam bons começos. Tem também o discurso de esperanças de um ano melhor e de que o ano anterior não deixa saudades. Isso ano a após ano, esperança e esperança que nunca chegam e todo ano que se vai não deixa saudades.

Mas acho que o fim de 2004 merece ser comemorado. 2004 foi marcado pela tragédia, pela crueldade, foi um ano em que o mal pareceu triunfar de forma ululante. Os terroristas estremeceram o mundo matando trabalhadores em Madri e chacinando crianças em Beslan. O horror, que muitos haviam previsto no Iraque, se revela ameaçador e brutal, seja no sangue das crianças iraquianas, seja nos caixões encobertos com bandeiras, seja nos pobres homens torturados cercados por uma baixinha sem graça. Israel se retira de Gaza, mas constrói um muro que asfixia a vida dos palestinos. Para finalizar, o ano acaba com a morte de Susan Sontag e um dos piores terremotos da História. O ano acaba com um genocida monstruoso, que deveria estar em Haia, comandando Israel. Com um corrupto homem de uma história corporativa sempre suspeita dirigindo os EUA. Com um magnata cercado de processos e suspeitas de corrupção dirigindo a Itália e com um líder fraco e subserviente na Grã-Bretanha. John Howard, homem de triste história com relação a imigrantes, continua no comando da Austrália. Nem o fato de Jose Maria Aznar ter caído na lixeira da História compensam esses fatos.

As imagens que 2004 deixa para a História são os destroços repletos de corpos de Madri, as crianças carregadas mortas em Beslan, as pilhas de corpos na Indonésia, as cenas de tortura em Abu Graib. É um ano que não deixa saudades.