Contra o Consenso: Escola NÂO é o professor
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lundi, janvier 17, 2005

 

Escola NÂO é o professor

Quando a administração Marta Suplicy fez os seus escolões(Os CEUs) ela foi duramente criticada por quê se dizia que ela deveria ter investido nos professores(Embora, muitos dos que reclamavam, os tucanos pagassem bem menos aos docentes tanto na rede estadual quanto em muitas prefeituras que administravam). Tá, concordo, não gosto muito dos ditos CEU. Mas nego vigorosamente que a escola seja o professor.

Na verdade, o principal erro da escola brasileira é que tudo é centrado demais no professor. Temos aquele sujeito emburrado e sério, com cinquenta alunos(Detalhe: você *não* domina uma classe de cinquenta alunos com a média nacional se não for emburrado e sério), aonde disciplina vale bem mais que originalidade e inteligência. O professor fala, escreve na lousa, os alunos copiam. Se um professor escrevesse na lousa algo insultando seus alunos, eles copiariam.

O erro é que a metáfora que temos do conhecimento é que ele transmitido, como se fosse passado magicamente de uma pessoa a outra, de fora para dentro. Quando na verdade o conhecimento é construído pela própria pessoa. É o aluno que constrói o conhecimento ao descobrir novas formas de resolver problemas, de aplicar conceitos. Sabe-se bem que ao ouvir o professor falando ou escrevendo o nível de retenção é mínimo. Sabe-se que no geral o aluno brasileiro depende muito do conhecimento que ele obtém na escola. Isso não é bom. Ainda mais num país em que os pais jogam a criança na escola e reservam a esta ultima a mais nobre tarefa que deveria ser exclusividade da família: a formação, inclusive moral, dela.

Não adianta querer que os professores resolvam o problema da educação no Brasil. Todas as fórmulas mágicas que existem para a educação passam pelos professores. E são bem menos eficientes do que parecem. Salários maiores para os professores? Só vai fazer com que muita gente que detesta dar aula queira ser professor. Concurso idem. Capacitação? Em especial com a carga horária que se têm isso vira horário de se encontrar os colegas e jogar papo fora.

Em especial considerando o tamanho das classes e a falta do melhor instrumento do conhecimento: as bibliotecas. São elas que permitem que pessoas de todas as classes sociais tenham acesso a cultura e conhecimento. Cultura e conhecimento em estado puro, num caminho que cada pessoa escolhe como trilhar. Bibliotecas, que na maioria dos lugares são quase que inexistentes, seriam de grande valor para a educação nacional. Bibliotecas com salas e programas voltados para crianças(Sim, com muitos livros infantis e quadrinhos), nem se fala. Stephan Kanitz, num momento de lucidez, desvendou melhor ainda a questão.

Muito mais que qualquer gasto com professor. Escola é o aluno, não o professor.