Contra o Consenso: juin 2005
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jeudi, juin 30, 2005

 

Marilene Felinto contra a Argentina

Marilene Felinto, por anos, foi a voz do socialismo dentro da Folha de São Paulo. Ela, as terças-feiras, colocava seus panfletos contra a opressão das mulheres, dos negros, e de sei lá quem. Era meio cansativo, mas ela continuava. Até,que um belo dia ela é demitida do jornal, acusando de ter sido expulsa pela imprensa burguesa, e passa a escrever na revista Caros Amigos, abusando ainda mais dos chavões.

Curiosamente, ela, que fala tanto de racismo, não dispensa os preconceitos mais elitistas e avaliações a priori. Aqui ela fala da Argentina usando os mesmos lugares comuns e preconceitos da classe média brasileira, num texto absurdamente desinformado e discriminatório(O artigo, como um todo, falando de todo orgulho do Brasil por ser exportador de produtos agrícolas de baixo valor agregado, é uma atrocidade completa. Digna daquela corrente insuportável transmitida pela internet que entre outras coisas falava das batatas fritas vendidas em jornal na Holanda. Mas como o trecho citado é o pior.).

Vamos lá:

A Argentina, um país meio metido a europeu,

Marilene aqui cai num lugar comum bastante repetido por brasileiros que não conhecem a Argentina. Boa parte da classe média de fato orgulha-se demais de suas raízes européias, mas diabos, que parte da classe média latino-americana não faz o mesmo? Não conheço nenhuma colônia estrangeira de países hoje ricos no Brasil que não padeça do mesmo mal. Desde de judeus a italianos e japoneses.

No mais, não sei de onde ela se baseia para tirar essa brilhante conclusão. Ela não se baseia em declarações, nem em fatos. Xúl Solar, mais conhecido artista argentino, obteve seu nome de dialetos indígenas. Patoruzú, um dos personagens de quadrinhos mais conhecidos dos argentinos, é um índio.

hoje desprestigiado e sem credibilidade no mundo,

Desprestigiado? Credibilidade? Como se o Brasil ou qualquer país da América Latina tivesse alguma credibilidade entre os europeus e norte-americanos.

com sua economia no fundo do poço,

É uma economia em franca recuperação, ao contrário da estagnada economia brasileira. Detalhe: mesmo com uma das piores crises em tempos de paz que um país enfrenta desde da Crise de 1929, a Argentina tem vários indices sociais, inclusive renda per capita e IDH, muito superiores ao Brasil.

tem inveja de que a verdadeira potência da América do Sul seja o Brasil.

Mais bobagem. Em primeiro lugar, o Brasil está longe de ser uma potência. Não que ser uma potência de um continente problemático como a América do Sul tenha mais significado que ser o artilheiro do time de futebol de várzea de Guaianazes ou de Ipatinga. Em segundo lugar, ele não demonstra aonde essa inveja existiria. Não cita autores, não cita textos.

Se houve (ou deveria ter havido) um “conflito” recente entre Argentina e Brasil, foi pela agressão racista de um jogador de futebol argentino contra o brasileiro e são-paulino Grafite. Mas, como a imprensa brasileira golpista não existe para defender o direito de pretos e pardos, tratou o escândalo a seu modo blasé (do mesmo modo que as confederações de futebol), condenando, muitas vezes, o jogador brasileiro por ter “exagerado” ao denunciar criminalmente o argentino Desábato.


Bobagem. Eu me lembro dos jornais nas bancas na época. A maioria tratava o caso como se a Argentina inteira fosse racista e estivesse apoiando o jogador. O Agora de São Paulo chegou a pública uma charge, com um jogador brasileiro com os cinco troféus na mão dizendo que esta era a melhor resposta.


Com relação ao caso, a Folha de São Paulo publicou artigos com os seguintes titulos:

Prisão foi exemplar, diz Gilberto Gil
Panorâmica - Futebol: Santos vai ao Uruguai com medo de racismo
Argentino preso em campo diz que é tratado como delinqüente
Saiba mais: Após incidentes, Europa se move contra o racismo
Secretário deu ordem, e polícia entrou em ação
Artigo - Tostão: Ofensa e racismo
Futebol: Grafite promete comandar um "basta", agora no Brasil
Jogador diz que seu apelido não é "pejorativo"
Para CBF, país dá exemplo
Multimídia: Argentinos se dividem por ato de compatriota
Futebol: Argentinos lamentam vítima de exagero


O editorial do jornal sobre o caso, de quinze de abril, é bastante razoável. Defende, claro, que o argentino em questão não deve se transformar em bode expiatório. Que foi a posição de muitos negros, que diziam que caso era uma piada e caso fosse necessário prender todo racista brasileiro não haveria prisão para tanto.

Ora, a Argentina é um país branco, majoritariamente racista

Sim, como se o Brasil fosse uma democracia racial e os descendentes de paraguaios e bolivianos fossem abraçados na rua em São Paulo. Ou, como se cantores negros, como Lenny Kravitz ou mesmo o Alexandre Pires, não fossem bastante populares na Argentina(Sua vinda ao país foi destaque neste semestre).

e cuja história também é marcada pelo extermínio puro e simples de negros africanos.

Os negros, já seriam um minoria bem pequena na segunda metade do Século XIX, antes da população argentina assumir as feições atuais com a vinda dos imigrantes. Também não houve extermínio "puro e simples". O que houve é que, como no Brasil, os negros tinham taxas de mortalidade bem superiores ao resto da população, sendo muitas vezes usados na linha de frente das inúmeras guerras que a Argentina se envolveu.

Quem é preto ou pardo e já sofreu discriminação de argentinos sabe do que estou falando.


Céus, a mulher é incansável! Novamente, Marilene fala vagamente, sem referências nem provas. Mão cita casos de brasileiros "pretos" e "pardos"(Utilizando aqui termos vistos como racistas por negros e mestiços) que tenham sofrido casos de preconceito na Argentina.

Também esquece que os mesmos brasileiros de ascendência africana tem bastante casos de discriminação em terras brasileiras para relatar.

Num artigo para a agência Argenpress, de 2004, intitulado “Africanos em Buenos Aires - Os Outros Desaparecidos”, Roberto Morini afirma que a Argentina branca conseguiu ocultar bem seu passado de escravidão africana, mas que não pode esconder as marcas do racismo que ressurgem da história a todo momento.

O ponto central do artigo de Morini é que a memória da influência africana na sua formação cultural é ignorada, não só do racismo da história argentina.


Morini conta que, em 1810, os negros eram um terço da população de Buenos Aires, mas que em apenas cinqüenta anos já tinham praticamente desaparecido.


O mesmo Morini diz que Buenos Aires naquele tempo tinha uma população de 44 mil habitantes. É o tamanho de uma cidade pequeno no interior(Só em escravos, a província do Rio de Janeiro tinha quase 120 mil, em 1844) . Ele também cita que um dos fatores para essa erradicação de negros foi justamente a proibição do tráfico em 1812, com o fim definitivo deste comércio em 1840. A impressão que se dá é que os argentinos teriam levados os negros para campos de concentração com gás, mas Morini cita motivos como a elevada mortalidade, em especial a infantil, para justificar o extermínio. Não seria nada diferente do que ocorreria no Brasil nesse momento, com a diferença que a importação de escravos por parte dos brasileiros seria muito maior. Ele também cita a forma que os negros teriam suas manifestações culturais e religiosas coibidas, o que não é muito diferente do caso brasileiro, aonde o frevo surgiria da proibição da prática da capoeira, por exemplo.

A diferença, no caso, entre o tratamento de brasileiros e argentinos aos seus negros é que os primeiros importariam muito mais escravos africanos. O problema, justamente, quando se fala em racismo no Brasil é que negros e mestiços são mais de cinquenta por cento da população. Diferente de países como o Reino Unido, Estados Unidos, Argentina.

Segundo Morini, “o fim da escravidão só serviu para exterminá-los”

E no Brasil foi diferente, cara pálida?

e “somente nos últimos anos do século 20 pôde-se observar uma tímida recuperação da visibilidade do africano em Buenos Aires”.


Isso, por quê muitos africanos estariam, por livre escolha, mudando-se para a cidade. Francamente, se os argentinos fossem tão racistas assim, eles teriam voltado para a África. Ou talvez se mudado para o oásis da democracia racial chamado Brasil.

No fim, dá a impressão que a Marilene quer o cargo de Olavo de Carvalho da esquerda. Enche seus textos de lugares comuns, coloca várias declarações sem fundamentar, usa como única referência um texto da internet, é maniqueísta ao extremo. Aliás, se trocarmos alguns termos do texto dela, como "burgueses" por "comunistas" e "pretos" por cristãos", teremos um texto do Olavão.

 

Mais um ponto sobre a lista do Discovery

Pensando bem, a lista faz sentido se pensarmos que quem votou nela o fez por motivos políticos. Isso explicaria a presença de Bill Clinton, George Walker Bush, Bill Graham, John Kennedy, Ronald Reagan e outras aberrações na lista. Provavelmente foram republicanos votando em Bush e em Reagan, democratas votando em Kennedy e em Clinton. Isso, claro, também a grande presença de presidentes na lista, como o grande Tiago notou. A não-aparição de Murray Rothbard ou Ayn Rand ou de Ralph Nader ou Noam Chomsky provavelmente mostram que nem os libertários e nem os verdes(Ou libertários-socialistas) teriam grande peso no jogo eleitoral americano. Infelizmente, ja que naquele jogo de serpentes são os únicos lados que tem algum valor ao meu valor.

Mas, a presença de Oprah Winfrey não faz nenhum sentido. De fato.

mercredi, juin 29, 2005

 

Auto-avaliação

A prática pedagógica mais imbecil que alguém pôde inventar se chama auto-avaliação. É um teatrinho em que se pede para o aluno, seja uma criança de quarta série, seja um universitário marmanjo, dê nota a si mesmo numa prova, explicando a razão. Isso combina o pior da pedagogia pseudo-socialista com o pior das táticas corporativistas de treinamento pessoal.

Ora bolas, auto-avaliação é importante: por isso, deve ser feita a todo momento, não apenas numa prova. Se você faz uma prova, você certamente deve estar fazendo o melhor possível. A não ser naqueles casos em que a pessoa sabe que tem falhas e não consegue superar. Daí, a auto-avaliação muitas vezes ajuda o aluno a se acomodar, ao invés de combater o problema. Como, o aluno, que acha que não sabe matemática, conforma-se em ficar de recuperação todo ano.

Claro, a auto-avaliação também ignora que pessoas diferentes muitas vezes enxergam de forma diferente a mesma informação e, que, claro, alguém pode ver um erro que você não viu. É uma das razões pela qual balanços contábeis costumam ser assinados por mais de uma pessoa. Seria mais importante trabalhar com conceitos assim com crianças do que, simplesmente, fazer uma atividade cujo o preceito é o oposto disso.

Só falta alguém inventar de fazer dinâmicas de grupo com as pobres crianças.

 

Listas e mais listas

Eu achava que a pesquisa da Istoé sobre os maiores brasileiros do Século XX, de seis anos atrás, era uma pesquisa furada. Colocava Juscelino Kubitschek(?) como maior brasileiro do século, com Chico Buarque como maior músico, na frente de Villa-Lobos.
Daí, o Discovery Channel lança os resultados do seu concurso do maior americano de todos os tempos, que assim como o da Istoé, foi feito por votação.

Em ordem crescente, temos os seguintes ganhadores: Ronald Reagan, Abraham Lincoln, Martin Luther King Jr, George Washington, Benjamin Franklin, George W Bush, Bill Clinton, Elvis Presley, Oprah Winfrey, Franklin D Roosevelt, Billy Graham, Thomas Jefferson, Walt Disney, Albert Einstein, Thomas Alva Edison, John F Kennedy, Bob Hope, Bill Gates, Eleanor Roosevelt, Lance Armstrong, Muhammad Ali, Rosa Parks, irmãos Wright, Henry Ford, and Neil Armstrong.

Peraí: em primeiro lugar, Ronald Reagan, que deixou déficit violentissímo nas contas públicas, que resultaria numa recessão grande em 1988, que gastou fortunas com armas nucleares, que invadiria Granada e o Líbano(Com resultados medíocres), bombardearia a Líbia, patrocinaria regimes como de Saddam Hussein, dos Contras em El Salvador, o próprio Taleban no Afeganistão(Que segundo ele, tinha o mesmo espírito dos país fundadores dos EUA)? Bill Clinton e George Walker Bush na lista, ainda por cima, a frente de Thomas Jefferson? Abraham Lincoln na frente de Benjamin Franklin e George Washington? Bill Gates? Lance Armstrong?

Fala sério. Ou de fato o americano médio é burro como dizem os esquerdistas(Ou, ao menos o americano que vota nessas pesquisas), ou isso é uma piada.

mardi, juin 28, 2005

 

Sobre a crise, golpes brancos e a imprensa

Várias correntes tem circulado pela internet. Algumas pedem que as pessoas saiam de casa vestidas de preto, outras que saiam de casa de vermelho para homenagear o PT(Se as pessoas seguirem a orientação, irá parecer que o Flamengo ganhou algum título). Algumas falam como se o governo estivesse afogado em mensalões, outros falam em alguma espécie de golpe branco.

Acho as duas hipóteses bastante equivocadas. Por um lado, ninguém ainda apresentou provas. Os testemunhos além de Roberto Jefferson são contraditórios em vários aspectos. Se o PT está pagando mensalão, está certamente desperdiçando dinheiro, mesmo porquê o governo perdeu várias votações importantes(Até por quê, convenhamos, faria mais sentido pagar os deputados APÒS as votações, não antes. Ao contrário do que certas pessoas na internet têm dito, trinta mil reais por mês está longe de ser uma ninharia. É o salário de uma pessoa formada em alguma universidade de ponta estrangeira. Não faria sentido pagar um dinheirama desses, se com emendas orçamentárias e cargos são uma alternativa muito mais eficiente.

Também não acredito na idéia de golpe, de que setores da sociedade estariam planejando a derrocada do presidente. Até por quê, ao que tudo indica, muitos empresários preferem Lula que algum tucano.

Por outro lado, quem está saindo queimado mesmo é a imprensa. Parte da população parece acreditar mais em políticos que na imprensa. O que não é bom para nossa imprensa. Daqui a pouco, só falta as pessoas acreditarem mais nos advogados que nos jornais, o que seria o fundo do poço.

lundi, juin 27, 2005

 

O estacionamento dos shoppings e os banheiros das rodoviárias

Uma coisa curiosa são as tentativas por parte do poder público em proibir que os shoppings cobrem pelo estacionamento. Semana passada o prefeito de São Paulo José Serra vetou um projeto nesse sentido, no inicio de abril os deputados fluminenses tentaram empurrar um projeto semelhante.

Não só é uma intromissão absurda em assuntos de mercado(Afinal, o consumidor pode muito escolher shoppings que não cobrem pelo estacionamento, como parte deles já faz) como é uma defesa estranha por parte dos deputados de uma fatia da população que está longe de ser necessitada. Outro ponto é que em muitos países, como a França, os governos tem buscado coibir, não incentivar, os estacionamentos. Justamente para desestimular o uso do carro. Curioso que os legisladores queiram incentivar estacionamentos gratuitos(E consequentemente, o uso do carro), em muitos casos, em regiões centrais de cidades com problemas de tráfego.

Também é uma mostra de como o Estado gosta de exigir coisas da iniciativa privada, mas dificilmente faz o mesmo com si próprio. Não conheço nenhum legislador, por exemplo, que queira proibir a cobrança pelo uso de banheiros em rodoviárias, aí sim, uma medida descabida, em especial considerando que o usuário já gasta um bom dinheiro com a passagem(São pouquissimos lugares dentro da iniciativa privada que fazem o mesmo com o consumidor, no caso, sem reembolso). Até mesmo porquê, diabos, quem usa rodoviária são aqueles sem dinheiro para comprar carro.

O Malex, que é um armário minúsculo para guardar a bagagem, custa quatro reais por dia. Aliás, dificilmente algum produto oferecido dentro de uma rodoviária, aonde as opções de serviço são limitadas, não custam valores bem mais altos que na rua. Desde de que concederam a administração dos terminais rodoviários da capital paulista a Socicam, ficou impossível de se alimentar dentro dos terminais. Existem praticamente uma ou duas opções de alimentação, a maioria a preços absurdos. Isso sem contar o custo do uso de banheiro, que é de um real.

Que os caros vereadores e deputados se preocupem com o estacionamento da classe média que vai, mas não com as pessoas de classes mais baixas dependentes do ônibus é um absurdo. Ainda mais numa área de responsabilidade do governo, em que o usuário não conta com outras opções legais além daquelas oferecidas por este.

 

Dúvida cruel


Uma dúvida cruel tem permeado a discussão política brasileira: você comeria a Ann Coulter, a insuportável puxa-saco de George Bush? A questão tem dividido várias pessoas: alguns garantem que ela é bastante papável, bastaria que fechasse a boca. Outros afirmam que até comeriam a moça, mas de olhos fechados, no escuro. Uma boa parte afirma não ser São Jorge e de que ela têm a maior cara de ser um travecão(Alguns desconfiam que seja o Olavo de Carvalho vestido de mulher).

Eu só digo que, francamente, preferiria a Naomi Klein. A musa do movimento anti-globalização é muito mais bonitinha, tem um jeitão muito mais simpático e meigo, é mais inteligente, sabe coordenar as idéias. Pena que e casada.

(O que aí, nos leva a uma questão interessante: a esquerda é acusada de ser imoral e outras coisas do gênero, mas a Ann tem quarenta e dois anos nas costas, ainda é solteira, e ainda diz coisas como "Vamos dizer que eu saio toda noite, encontro um cara e tenho sexo com ele. Bom para mim. Não sou casada").

P.S: Peço desculpas às eventuais leitoras pelo momento insuportavelmente machista.

dimanche, juin 26, 2005

 

A vantagem de ser impopular

É que ninguém pede para você responder correntes (que parecem aqueles caderninhos de adolescentes com questionários)sobre quantos livros você leu esse ano ou qual o último filme que você viu. Até por quê, esse ano só consegui ler o Farenheit 451 do Ray Bradbury em inglês (alguns livrinhos da Taschen) e o último filme que eu vi foi aquele disco da Kim Possible, o desenhinho dos estúdios Disney(Mas prometo melhorar depois desse mês, lendo Kant e assistindo alguns filmes chatissímos europeus ou latino-americanos).

vendredi, juin 24, 2005

 

Politica e afins

Você percebe que a democracia é um conceito furado quando um governo é avaliado não pelo seu desempenho na economia ou em áreas sociais, mas pela atuação política dentro do congresso.

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Não, não sou a favor do golpe militar.

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Criticou-se bastante os CEUs da ex-prefeita paulistana, no entanto, não vi uma linha falando sobre essa verdadeira bomba que é o projeto Escola da Juventude, do governo do estado de São Paulo. É uma medida demagógica, como se não houvesse falta de opções de acesso ao ensino médio em várias regiões do Estado(O que se agravaria com a municipalização). Pedagogicamente, não senti firmeza nessa idéia.

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A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados pediu a interdição da ferrovia concedida à FCA(Ferrovia Centro-Atlântica) na região de Guapimirim, RJ, após o desastre de abril, quando mais de 70 mil litros de óleo-diesel caíram numa região de proteção ambiental e de manguezais, afetando o trabalho de quinze mil pescadores. Segundo o CREA-RJ, vários dormentes estavam pobres e trilhos quebrados.

Como a FCA é um dos braços da Vale do Rio Doce, isso não é nada bom para a imagem da empresa.

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A Câmara dos Deputados também rejeitou a MP que extinguia a RFFSA, em mais uma derrota para o governo federal. Um tanto sem função depois do processo de concessão(Não que ele tivesse muita utilidade desde de que foi criada pelo Juscelino Kubitschek), ela é a esperança de muitos setores para uma possível reestatização do setor ferroviário nacional.

O que, com exceção do transporte de passageiros, acho desnecessário, para se dizer o minimo.

 

Mais Daslu

Antônio Gois, ontem na Folha, afirma o Rio ser uma enorme Daslu. Faz um texto simpático sobre as diferenças sociais tanto no Rio quanto em São Paulo, mas ao meu ver, erra num ponto, quando diz:São Paulo foi mais explícita. Mandou derrubar "saudosas malocas" para construir "edifícios altos". Foi, assim, colocando os pobres em seu devido lugar: bem longe da riqueza.

Bobagem. A diferença com relação ao tratamento dos pobres no Rio e em São Paulo é que no Rio há uma visão um tanto mais romantizada da favela, que em São Paulo carrega um estigma enorme. Acredito eu, isso é uma vantagem do lado paulista, já que governos e parte da sociedade buscam soluções para erradicar as favelas e substituí-las por conjuntos habitacionais, não tapa-buracos para tentar melhorar as condições de quem mora lá.

Por outro lado, sim, em São Paulo, a riqueza sempre conviveu com a pobreza, ao menos geograficamente. A região de Alphaville, o famoso condomínio de luxo na região de Barueri e Carapicuíba, é cercada de favelas e Cohabs por todos os cantos. Não muito longe da Avenida Luis Carlos Berrini, uma das mais chiques da cidade, você encontra várias e várias favelas. Morumbi, um recanto da classe alta paulistana, convive com várias favelas. A antiga Avenida Águas Espraiadas, atual Jornalista Roberto Marinho, uma loucura perpretada por Maluf numa das áreas mais nobres da cidade, é praticamente um favelão, em especial quando se aproxima da região da Marginal. Mesmo a região da Paulista conta com mendigos, cortiços e regiões degradadas. Na Faria Lima, o Largo da Batata, com cortiços e camelôs, convive com um dos centros financeiros da cidade. Campinas, no interior, é famosa pelos seus subúrbios típicos de filme americano convivendo com favelas ao fundo. Aliás, um cortiço que dá o alô para quem sai da Sala São Paulo. Tanto que o americano Greg Palast fala de São Paulo ao falar de desigualdade no seu livro "A melhor democracia que o dinheiro pode comprar".

jeudi, juin 23, 2005

 

Peço desculpas

Aos leitores que usam o Internet Explorer: o layout da coluna do lado fica meio bagunçado para quem usa o navegador da Microsoft. Como só uso o Firefox, nunca tinha notado isso. Peço desculpas. Isso será acertado em pouco tempo.

 

Direto de Bragança Paulista

Muita gente têm andado por aí animadissíma com a hipótese da tal bio-diesel da mamoma ser a salvação do Nordeste. Como se o álcool da cana de áçucar tivesse salvado algum lugar e como se essa tralha fosse capaz de transformar o Nordeste numa Ribeirão Preto da vida(O detalhe chato é que nem toda região produtora de Cana é uma Ribeirão Preto da vida: vide Campos dos Goitacazes ou a maior parte do interior paulista, por exemplo).

Ou mesmo de que o álcool pudesse ser uma alternativa viável ao petróleo sem violentos subsídios. Ou como se muitos especialistas afirmassem que se gasta mais energia para plantar e produzir combustível de biomassa do que se obtém. Detalhes.

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Tem rolado um certo espanto por quê o Centro Acadêmico do Curso de Direito da USP-Campus de São Paulo, publicou a seguinte nota no seu jornal: "Se não fossem escravizados, os negros não teriam sido trazidos ao continente americano. Por pior que estejam aqui atualmente, estão melhores do estariam na África atualmente.". Considerando o elitismo da USP, e as brigas mesquinhas e elitistas(Como se o curso de "grátis" que os caras têm não pesassem no bolso do contribuinte), isso não me surpreende nem um pouco.

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Acho legal que se faça a tal CPI dos Bingos. Em especial se se investigar o processo de implantação deles no Brasil, levado à cabo pelo Governo FHC. Afinal, suspeitas de lavagem de dinheiro e envolvimento do crime organizado no jogo sempre existiram, ninguém sabe como funciona coisas como máquinas caça-níqueis, se isso paga imposto ou não(A própria regulamentação do negócio é inexistente) e ainda não me informaram se pelos bairros pobres de Las Vegas ou de Atlantic City você encontra tantas opções de jogo de azar quanto nos bairros pobres de São Paulo(Detalhe: nas duas primeiras cidades, o jogo é uma das principais fontes de renda, na última ele é teoricamente ilegal).

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José Serra, aquele que prometia mundos e fundos com o mantra do "planejamento", tem quebrado um monte de promessas de campanha. Por exemplo, o passe gratuito para desempregados. Também tem implantado restrições ao bilhete único ao invés de ampliá-lo, como prometido. A integração do bilhete único com o metrô, se alguém acreditou, não vai rolar mesmo.

Era um tanto óbvio: coisas como o CEU e o Bilhete Único estavam tão relacionadas com o PT que dificilmente um prefeito de outro partido iria investir esforços na idéia(O Bilhete Único é promessa de campanha do PT há quase dez anos). Mas, votar tendo em vista a simpatia e a vida pessoal dos candidatos dá nisso, claro.

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Quando você, a noite, estiver preso em algum cafundó, necessitando sacar dinheiro e não encontrar caixa nenhum aberto(Por quê quase todos fecham às dez da noite) ou mesmo quando estiver na fila quilométrica do caixa, lembre-se que o sistema bancário do Brasil é o mais moderno do mundo.
(Isso sim é um ufanismo bobo).

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Os cem anos do vôo magistral do 14-Bis por Campos de Bagatelle fará cem anos ano que vêm. Não me consta de nenhuma comemoração ou filme em produção para comemorar uma data, que convenhamos, é bem mais importante que os Quinhentos anos da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.

E sim, isso seria bem mais interessante que aquelas propagandas cretinas do tipo "O melhor do Brasil é o brasileiro". E não, nossa próxima geração não pode acreditar que aquele trambolho dos Irmãos Wright(Que ninguém conseguiu produzir réplicas idênticas que voassem) fundou a aviação.

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Sou contra a regulamentação da profissão de designer. Não li ainda o projeto de lei, mas acho que qualquer regulamentação da profissão é anti-constitucional. Como se a regulamentação para jornalistas tivesse feito outra coisa além de incentivar a construção de muito mais faculdades que o necessário para a área. Ou que fosse possível "fiscalizar" a questão(Como ficariam coisas como modelos para blogs? Teríamos que pagar um designer para fazer isso?).

E os mesmos designers que exigem a tal regulamentação adoram os bancos de imagens gratuitos(Que muitas vezes contam com vetorizações feitas tendo como base imagens sem a autorização do autor), os algozes dos fotográfos e ilustradores. Os mesmos que exigem respeito para a sua profissão não tem respeito pelo trabalho dos outros. Típíco.

***

Estou escrevendo de uma lan house à beira do Lago Taboão, em Bragança. Mesmo sendo feudo pessoal do Jesus Chedid, a cidade é deveras agradável. Nem ele estragou a cidade.

mardi, juin 21, 2005

 

Tirinha




Só para tirar o gelo de hoje, uma tirazinha. É só clicar aí em cima para ler.
E não olhem assim para mim.

lundi, juin 20, 2005

 

O efeito Daslu

O grande assunto do primeiro semestre até agora foi a inauguração da mega-butique da Daslu em São Paulo. Podemos ver desde de odes gigantescos a uma loja aonde uma simples calça pode custar mais cinco mil reais a um tanto quanto insossos ataques de matiz marxista à loja. Podemos destacar, sobre a loja e o que foi dito sobre ela, várias conclusões:

1-) A imprensa é excessivamente voltada a produtos e coisas que seus leitores não podem comprar: Antes mesmo da inauguração da Daslu, o foco de boa parte da imprensa eram coisas como o Shopping Iguatemi, talvez o mais caro de São Paulo(Detalhe, sem cinema, opções de alimentação, ou seja, não é aquele lugar para passear), a Oscar Freire, as lojas de grife. Curiosamente, lojas que interessariam mais ao grosso dos leitores, como a FNAC ou mesmo shoppings como o Dom Pedro em Campinas, o Barra Shopping do Rio, têm uma cobertura infinitamente menor. Grande parte dos bares e restaurantes encontrados nos guias de jornais e revistas são direcionados para pessoas com um alto poder aquisitivo. Não vejo muito sentido em jornais e revistas de todo o Brasil dedicarem tanto espaço a um lugar que a esmagadora maioria dos seus leitores não podem nem passar em frente.

Eu brinquei com um amigo jornalista que jornalista deveria ganhar bem, já que estes só falam de produtos caros. Segundo ele, seria jabá. Bem, segundo este artigo do Correio da Bahia(!) sobre a boutique, o jornalista viajou a convite da Daslu. O que deve explicar muita coisa.

2-) A Daslu, claro, é mais um efeito que causa. Não é a causa da desigualdade social, mas é de arrepiar as espinhas a existência de uma rede de gastos tão forte num país como o Brasil. Claro, de nada adianta choramingar, mesmo porque essa rede de luxo não surgiu agora.

3-) O problema que essa sede do luxo, ao meu ver, é uma variante do fato de você encontrar muito favelado ou usuários dos trens da CPTM com destino aos lugares mais miseráveis da capital. Provavelmente, os ricos, assim como os pobres, estão gastando um dinheiro que não têm. Como muitos desconfiam, é um dinheiro que em grande parte, antigamente costumava ser gasto com caridade ou com patrocínio de obras de arte. O MASP, fundado com o esforço de Assis de Chateaubriand, está enfrentando problemas financeiros, como boa parte dos museus do país.

4-) Também erram os defensores ardorosos do papel "social" ou mesmo econômico da loja. Afinal, a loja trabalha com importados. E não sei se é algo que vai atrair estrangeiros para esquentar a economia.
(Os detratores conservadores também erram por quê em grande parte a desigualdade social do Brasil é justamente construída pelo Estado, que privilegia seus gastos com poucos, e arrecada de todos).

E afinal, ninguém sabe se um empreendimento desse porte não irá falir em menos de dois anos.

 

Falsidades

Os dois principais bairros de São Paulo dedicados à vida noturna são impérios do fake. A Vila Olímpia tenta se estabelecer como uma falsa Beverly Hills, aonde todo mundo tenta parecer gostosão e rico - mesmo que grande parte dos seus frequentadores eejam classe média ou mesmo da classe baixa. Embora, convenhamos, duvido que ouvir dance music no último volume não fosse visto como algo cafona entre os ricos americanos.

Já Vila Madalena tenta se parecer com algo mais europeu. Lá, todo mundo quer pagar de intelectual, de boêmio, mesmo que seja apenas estudante de direito na Unip. Mesmo que os bares sejam caros e estejam com segurança na porta, todos querem ter um aspecto rústico. Com suas lojas de badulaques bregas que tentam passar por grande arte, de lugar sofisticado(A Vila Madalena é um bairro do distrito de Pinheiros, conhecido como um bairro comercial e meio deteriorado. Então, toda casa meio chique de Pinheiros diz que fica na Vila, mesmo que não fique. Meio exclusão social: Pinheiros é só para casa de samba, forró e outras coisas mais do povão). Além do mais, o lugar fica em torno de um cemitério. Imagine-se, encontrar um zumbi depois da noitada.

Claro, para piorar, de noite, é o lugar mais fácil para se perder do mundo, a não ser que você esteja perto da Cardeal Arcoverde ou de alguma outra avenida grande. Isso sem contar, que, bem, o que dizer de um lugar com nomes de ruas como Girassol, Wisard, Purpurina(?), entre outros.

Mas, bem, resolvi enfrentar o lugar para ver pessoalmente o Prof. Idelber Avellar. Leiam, o relato dele, que está bem interessante. Tirando o fato mentiroso de que eu conheço muito sobre a imprensa americana.

Também conversei com o Ricardo Montero e sua dignissíma, sobre um par de assuntos, principalmente sobre coisas como Mairinque e a Estrada de Ferro Sorocabana. Vai entender. Conversei também com Iraldo, que bem, é muito diferente da imagem que eu tinha dele. E sim, com o Doni e Beat.., digo, Luis Biajoni.

dimanche, juin 19, 2005

 

Bichinhos

Os defensores de animais conseguiram empurrar uma lei proibindo o uso de animais em circos na cidade de São Paulo. Acho a lei idiota. Em primeiro lugar, é ineficiente, já que existem várias cidades próximas a São Paulo aonde esse tipo de espetáculo ainda pode ser feito com tranquilidade. Não adiantou muito à proibição de rodeios na cidade de São Paulo: Cajamar, cidade vizinha à capital, tem um dos rodeios mais conhecidos do Estado.

Em segundo lugar, é uma intromissão inadmissível no cotidiano das pessoas. Os defensores dos animais argumentam que existem bons circos como o Circo Soleil, que não usam animais. Ora bolas, quem decide sobre o tipo de espetáculo a ser oferecido são os donos e os empregados do circo. Ademais, se a questão é maltrato ou ainda risco aos frequentadores, francamente, bastaria um mínimo de fiscalização.

Aliás, creio que existem outros riscos aos animais que os circos, como a degradação de ambientes inteiros.

***

Os tais defensores querem fazer uma passeata em frente da Daslu por causa da venda de peles dentro da loja(Não me pergunte sobre o problema em se usar peles de animais criados no cativeiro). Ou seja, a Daslu está superando o Consolado dos EUA como foco principal das manifestações em São Paulo.

vendredi, juin 17, 2005

 

O mundo é uma droga.

Dois vídeos circulam pela internet. Os dois são chocantes, e muito fortes. A Information Clearing House soltou esse, da invasão americana ao Iraque.

Este é uma boa para mostrar a quem defende a guerrinha canalha de Bush e tem ataques histéricos com posições contrárias. O filme é montagem de várias imagens, algumas da Al-Jazeera, outras não. O mais chocante, claro, são as cenas de crianças chorando, algumas todas queimadas, no hospital.

***

O outro é de uma cena de prisão, por desacato, de uma mulher na Flórida, que é retirada de seu próprio carro após levar dois choques de 50 mil volts de um taser, pór um policial. O som, da mulher gritando e chorando, é de arrepiar.

O uso dos chamados tasers, armas de choques elétricos, por parte de policiais tem sido alvo de bastante críticas. É uma arma bem mais violenta do que parece, podendo inclusive causar sequelas permamentes. Estudos apontariam que em 80% dos casos, ela seria usado contra índividuos desarmados. Em 36% casos seria por desacato, mas em apenas 3% doa casos contra ataques mortais. O pior que muitas vezes ela é usada contra adolescentes ou mesmo crianças.

jeudi, juin 16, 2005

 

Irá Bush retomar o Alistamento Militar obrigatório?

Uma questão que tem assolado tanto progressives quanto libertarians nos Estados Unidos é a possibilidade do governo americano retomar o serviço militar obrigatório. Andrew Sullivan hoje cita o NYT para dizer que o principal problema da Guerra ao Iraque é a falta de pessoal. Sullivan cita que é impossível ocupar um país de 24 milhões de habitantes com 130 mil soldados(Mas, enviando mais soldados, mais baixas. Imagine cinco, dez, cinquenta vez mais baixas?).

Mas bem, uma das razões pela qual a invasão ao IRaque era uma coisa absurdamente idiota é que uma coisa é você devastar e destruir um país com misseis e bombas como os americanos fizeram na Sérvia, outra muito diferente é ocupar e trocar o governo de um país. Não se ocupa e controla um país sem um número absurdo de baixas. Foi uma das razões pela qual eu sempre fui contra a guerra: não só era uma imoralidade contra os iraquianos, que além de asssistirem a destruição de suas vidas, propriedades e valores morais e religiosos mais caros(Quem conhece minimamente o islamismo sabe como o tratamento dispensado pelos soldados às iraquianas deve doer para o muçulmano médio), como era uma guerra que iria custar muito caro, tanto financeiramente quanto em termos humanos aos americanos.

A HR. 163, que pretendia retomar o serviço militar, foi derrotada por 404 a 2 na House of Representatives, mas cada vez mais militares tentam enxergar o alistamento como solução. Afinal, cada vez mais os militares tem dificuldade em alistar malucos para morrer no Iraque. Embora, muitos achem que o alistamento militar é o que falta para que esta guerra se transformar num Vietnã: uma massa de jovens enviada com pouco treinamento para o campo de batalha.

Embora, alguns ironicamente defendam o alistamento como uma forma rápida de acabar com as guerras que os EUA se metem.

 

Jackson e os padres

Há ao menos um homem recentemente condenado por abuso homssexual de um menor, agora cumprindo uma pena de doze a quinze anos, que certamente recebeu a notícia da absolvição de Michael Jackson com inveja da qualidade do seu time de defesa e da firme independência do juri que se recusou a ser convencido pela atmosfera de linchamento que impregnava o julgamento de Jackson como uma nuvem tóxica.

(...)

Contrastando com esse processo no Condado de Santa Bárbara com o desgraçado julgamento do Padre Stanley que foi condenado em Massachusetts este ano, baseado num testemunho muito mais frágil que aquele que o juri rejeitou no caso de Jackson.

Stanley foi considerado culpado no não-corroborado testemunho das "memórias recuperadas" de abuso de um homem nas mãos de Stanley muitos anos antes. Paul Busa alegou que Stanley havia o retirado de aulas religiosas e sexualmente abusado dele por anos, desde de quando ele tinha seis anos. Nem uma única testemunha entre aqueles que trabalharam na escola puderam corroborar essas memórias de qualquer forma.

Nesses dias, a "memória recuperada" estava basicamente desacreditada. O juiz deveria ter abandonado o caso. Ele foi pego na histeria. O advogado de defesa poderia ter feito um ataque mortal contra as memórias recuperadas assim como os advogados de Jackson o fizeram com a mãe "sequestrada". Mas o advogado de Shanley não estava pronto para o desafio.

Então, Shelley, 74 anos, encarou uma sentença de 12 a 15 anos de prisão num caso em que o clima de linchamento gerado pelo Boston Globe e outros orgãos da mídia teve um efeito decisivo tanto no juri quanto no juiz. Os promotores deviam saber o quão sortudos eles eram. Sabendo da fraqueza do seu caro, ano passado ofereceram a Shanley dois anos de prisão domiciliar. Ele recusou, insistindo na sua inocência.

Iaao mostra que culturalmente e intelectualmente o Condado de Santa Bárbara é cem anos mais iluminado que o lar dos julgamentos de bruxas, a Comunidade de Massachusetts. Mas que condado na América não é?


ALEXANDER COCKBURN e JEFFREY ST. CLAIR na Counterpunch

Finalmente, uma visão sem histeria e equilibrada dos "estupros" dos padres em Boston, após anos e anos com todo mundo falando e escrevendo como se padre fosse sinônimo de pedófilo ou como se ainda mais nos EUA esse tipo de acusação não fosse bastante frágil.

Irônico que justamente uma revista esquerdista tenha decidido defender a Santa Igreja Católica.

 

Duplicações

Os prefeitos de cidades em torno da Rodovia Fernão Dias estão discutindo a sua provável concessão à iniciativa privada pelo governo federal. Eu acho a questão meio complicada. A Fernão Dias foi mais um capítulo do desastroso plano viário dos militares. Uma via com muitas curvas, via simples, consequentemente pouca capacidade de tráfego, numa via sem pedágio(Que poderia ter sido usado para custear parte da obra). Aí, quando começaram a duplicar nos tempos de Fernando Henrique, bem, eles duplicaram, mas um ponto importante foi deixado lado: as retificações de traçado. Não acompanhei o processo para saber ao certo, mas minha impressão é que eles não retificaram nem as curvas nem as elevações. Ao menos o trecho entre São Paulo e Bragança Paulista têm uma quantidade imensa de curvas. Talvez o ideal fosse o processo semelhante ao usado nas duplicações da Dom Pedro I(Campinas-Jacareí) e da Santos Dumont(Campinas-Sorocaba), em que boa parte do trajeto foi refeito. Um ponto, o asfalto, que apresenta buracos em boa parte do trecho duplicado em São Paulo. Claro, durante todo o governo Lula, não se fez a manutenção da via. Mas em tão pouco tempo, mesmo com tráfego de caminhões, a via ficar nesse estado não é um bom sinal.(Aliás, no passado, quando viajei entre Juquiá e São Paulo o trajeto pela "semi-duplicada" Regis Bittencourt, o passeio não foi nada agradável).

Tem se falado na duplicação de várias rodovias federais importantes. Mas até que ponto o processo vale a pena sem se retificar as curvas e elevações? Eu não vejo tantas diferenças entre uma rodovia de via simples de traçado ruim e outra duplicada e de traçado ruim.

Mesmo porque, na duplicada, os motoristas terão que desembolsar pedágio. Que ao menos esse valor fosse compensado por uma boa rodovia, não uma rodovia ruim de via dupla.

mercredi, juin 15, 2005

 

Ponto positivo do circo

O único ponto positivo desse circo todo é colocar questões como reforma política ou administrativa em pauta(Ou, sim, fazer o povo perder a crença no Estado, nas instituições ou no voto, o que acho algo incrivelmente bom se for concretizado).

Há o bisonho fato de METADE da população se concentrar em três estados(Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais), que contam com uma representação desigual dentro do Congresso, o que é absurdamente anti-democrático. Também seria necessário substituit os cargos de confiança por concursados, diminuir a estrutura administrativa e burocrática estatal.

Também sou a favor de se descentralizar as funções estatais. Por exemplo, ao invés de se ter Secretarias e Ministérios da educação, poderiam existir Conselhos de educação, eleitos por pais e professores, que receberiam uma quota fixa da arrecadação para manter as escolas. Isso feito sem interferência do Executivo. Isso evitaria o uso político do sistema escolar, como ocorre com muita frequência. São questões, estas sim, que deveriam estar sendo discutidas nos jornais e nas ruas.

 

O circo

Em qualquer lojinha barata, você encontra um daqueles gravadores, com microfone e tudo, por volta de uns duzentos reais. Então, hoje, qualquer um pode gravar o patrão ou colegas falando o que não devia. Acho díficil caso houvesse de fato o tal mensalão, alguém, ainda mais se entre esse alguém está um cara como Roberto Jefferson, houvesse gravado as declarações para provar. Eu mesmo, se fosse deputado e me oferecessem isso, certamente teria gravado. Jefferson nem cita nomes de beneficiários do esquema, o que permitiria uma quebra de sigilo bancário ou mesmo uma listagem de bens dentro dos acusados*. Então, ou ele apresenta provas, com recibos, fitas gravadas ou que se reduza à sua merecida insignificância.

Eu não consigo acreditar nessa história de mensalão. Não só porque Lula tem tido uma dificuldade imensa em passar projetos quanto que é muito mais simples seguir a tradição de liberar verbas ou cargos de comissão. Trinta mil reais por mês do orçamento de partidos para cada deputado é *muito* dinheiro.

Claro, o Governo Lula tem problemas, como uma taxa tributária alta e desproporcional. Mas são justamente esses problemas que deveriam ser discutidos, não fantasias. Que acusações tão graves e ao mesmo tempo frágeis, apresentadas sem provas, consigam convencer tanto a imprensa quanto boa parte da população é algo no mínimo tenebroso.

***

Antes de falar do suposto mensalão, os tucanos deveriam se lembrar de uma Usina Hidrelétrica localizada no Rio Paraná em Rosana, extremo oeste de São Paulo. Também chamada de Usina Sérgio Motta.

***

Não saindo dessa região conhecida como Alta Sorocabana ou Vale do Paranapanema, mais de sete presos teriam sido degolados na Penitenciária de Presidente Venceslau. Ou seja, os presos, que seriam ligados ao PCC, mostram quem de fato manda no lugar, adicionando mais um capítulo de rebeliões sangrentas no sistema presidiário administrado pela administração do governador "gerente" Geraldo Alckmin(O número de rebeliões em presídios, unidades da FEBEM, centros de detenção provisória e similares tem sido assustador. Desde de cidades do interior como Casa Branca e Presidente Venceslau a presídios como o chamado Cadeião de Pinheiros, numa das regiões mais movimentdas da capital) .

Isso sim que é uma notícia de destaque, não o circo do Roberto Jefferson.

* Atualização: Sim, no depoimento de terça Jefferson citou nomes, como de Valdemar da Costa Neto. Então, creio eu, os nossos inteligentes jornalistas irão conseguir rastrear algum gasto imcompatível com os vencimentos dos nomes citados se a história do tal mensalão for verdade. Uma mansão caríssima, carros importados, alguma coisa assim. Se não surgir nada desse gênero, bem, para mim essa história é tão verídica quanto os ETs capturados pelo Exército americano.

 

Para voc� ver, essa sede de propaganda v�m de longe. An�ncio de 1941.

mardi, juin 14, 2005

 

Paranapiacaba
Originally uploaded by Andre Kenji.
Na vila de Paranapiacaba, distrito de Santo André, trabalhadores da MRS Lgística trabalham em obras de escoramento e manutenção da via férrea.

 

Olhar no passado


Anúncio, acredito eu, do governo paulista, sobre a evolução dos transportes em São Paulo, de 1954. Tanto a Via Anhanguera quanto a Via Anchieta, recém-construídas, aparecem em destaque. Não fala nada das ferrovias da Cia Paulista de Estradas de Ferro, provavelmente as mais modernas do país então(Ela estava no seu auge), porque estas estavam em mãos privadas então.

De qualquer forma, é interessante notar a então mudança de enfoque. Isso num país que quase não tinha carros.

 

campinas2
Originally uploaded by Andre Kenji.
Vista geral da linha antiga Cia Paulista de Estradas de Ferro, sentido interior, em Campinas.

Note o auto de linha ao fundo.

 

Então

Quando Bush começou a falar em atacar o Iraque por causa de uma aliança com a Al-Qaeda e as armas de destruição em massa, isso foi atacado por muitos analistas. Diziam que Saddam, um governante laico, cujo o principal braço direito era cristão, não tinha relação nenhuma com a Al-Qaeda, que Bin Laden odiava Saddam. Também diziam que armas químicas de Saddam haviam sido destruídas em 1991 e que dã, mesmo se tivesse, Saddam não se atreveria a usá-las porque seria massacrado pelas forças anglo-americanas na região e que bem, nenhum país da região estava preocupado com isso. Se você observar o histórico militar de Saddam, cujos os scuds lançados contra Israel na maioria dos casos se desmontavam no ar, vai ver que *é* uma assepção rídicula.

Daí, algumas semanas atrás o Sunday Times, um dos maiores jornais de Londres, publica um memorando de 2002 do MI-6, o serviço secreto britânico, avisando Blair de que Bush iria atacar o Iraque e que justificativa a ser usada para tal seria a das armas de destruição em massa e terrorismo e que os fatos deveriam ser ajustados para tal. Em suma, isso *prova* que a guerra foi fundamentada numa fraude. E foi algo publicado na grande mídia.

Considerando que quiseram depor Bill Clinton por ter mentido por um caso extra-conjungal, Bush deveria ter sido enforcado após a revelação deste memorando.

lundi, juin 13, 2005

 

Este é o cara


Em Julho de 2002, o chefe do MI-6, o serviço de inteligência do Reino Unido, relatou ao primeiro ministro Tony Blair e seu gabinete sobre os planos americanos de atacar o Iraque.

Sir Richard Dearlove("M" para os fãs de James Bond) dizia que o presidente George Bush havia decidido invadir o petrolífero Iraque em março de 2003, numa guerra a ser "justificada pela conjunção de terrorismo e armas de destruição em massa. A inteligência e os fatos serão justificados em torno dessa política"

Tradução: O governo americano e britânico iriam inventar acusações contra o Iraque para justificar a guerra.
(...)

Mentira após mentira, aterrorizações após aterrorizações, falsificações após falsificações, embalada por uma mídia tão desanimadora que lembra a asquerosa imprensa da União Sovietica. Ironicamente, no fim, descobriu-se que o terrível Saddam Hussein contava a verdade o tempo inteiro, enquanto que Bush e Blair não.

O memorando irrefutável do MI-6, revelado pela primeira vez mês passado em Londres pelo Sunday Times, teria forçado qualquer governo democrático da Europa a renunciar em desgraça. Mas não Bush e Blair. Longe disso. Apesar de encurralado pela mídia britânica por causa das mentiras sobre o Iraque, Blair conseguiu uma aperta reeleição graças à pateticamente inepta oposição dos Conservadores, que também apoiaram a Guerra ao Iraque.

Em contraste, a mídia de massa americana confirmou as acusações de tendenciosidade e politização levantadas contra ela primeiramente ignorando a história do memorando do Mi-6, para então desleixadamente devotando pequenas reportagens para a revelação dramática. Primeiras páginas, no entanto, revelando o "Garganta Profunda" da era Nixon que, descobriu-se, era de uma gangue de odiadores de Nixon ao invés de um patriota altruista.

Em retrospecto, as trapaças de Nixon parecem triviais comparadas com a guerra ilegal, desnecessária e catastrófica de Bush contra o Iraque, que até agora matou 100 mil iraquianos e americanos, custando 275 bilhões aos EUA, e fez o nome da América cair na lama ao redor do mundo.

Mas como o figurão nazista Herman Goering observou corretamente, um governo pode se ver livre de tudo desde de que assuste seus cidadãos o suficiente"



P.S: Sim, lembram-se que os republicanos queriam depor Bill Clinton por quê ele teria mentido sobre um caso extra-conjugal? Agora, mentir para inventar uma guerra pode?
ERIC MARGOLIS, no Toronto Sun.

 

Seção de Fofocas

Justin Raimondo, o super-editor do Anti-war,com é um dos colaboradores do The Huffington Post, o badalado blog coletivo que Ariana Huffington montou com uns sócios. Meio mundo colabora com o blog, incluindo atores como Warren Beatty, Ellen DeGeneres, políticos como Robert Kennedy Jr., Edward J. Markey, jornalistas e apresentadores Bill Maher, Edward J. Markey entre outros. Até agora estava uma coisa meio maçante, meio com arzinho de propaganda democrata. Justin é bem legal, deve dar um tranco pra brincadeira.

Se bem que são os mesmos posts do blog do Anti-war.

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Robert Fisk lançará seu novo livro, The Conquest of the Middle East, em novembro. Bem que alguma alma caridosa ou alguma cabeça da Revolução Gramsciana(A esquerda, afinal, adora Robert Fisk) aqui no Brasil poderiam publicar o livro aqui no Brasil.

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Se você domina bem o inglês, LEIA a resenha que Fisk faz de Crusada aqui. Fisk, um renomado analista político e correspondente estrangeiro, fala do filme tendo em vista a reação da platéia em Beirute, no Líbano. A resenha está tão boa que deve ser lida do início ao fim.

Uma ótima mistura de análise política com crítica de cinema.

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Thomas Friedman, do New York Times, está de férias na Índia. Espero que da próxima vez ele tire férias no Sudão ou em Angola. Aliás, Alexander Cockburn da Counterpunch faz uma cobertura interessante sobre a questão.

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Morgan Spúrlock, depois de passar trinta dias comendo no McDonald´s, irá passar um mês sobrevivendo em Ohio com salário mínimo junto com sua noiva numa série para a TV a cabo.

Sorte que ele não nasceu no Brasil. Sobreviver com o mínimo brasileiro iria ser dureza...

dimanche, juin 12, 2005

 

Amor e ódio

A seção de Cartas ao Leitor do NoMínimo foi inundada de e-mails mal-educados por quê Paulo Roberto Pires reclamou contra o fato da classe média ter colocado um policial militar flagrado pelas câmeras chutando um assaltante. São reflexos do mesmo populismo que coloca um Coronel Ubiratan, um Conte Lopes ou um Afanásio como paladinos da justiça. Há vários pontos a destacar sobre esse raciocinio:

1-) A polícia é um dos grandes braços físicos do Estado. Se a polícia passa a ter carta branca para espancar criminosos ou ainda, se fugir do controle da lei, estamos a meio passo da tirania. Se o policial fere a lei ao bater num ladrão, nada impede que ele fira a mesma lei para vender cocaína ou extorquir comerciantes. Também não é papel do policial julgar nem prender.

Eu pessoalmente dispenso que a polícia interfira na minha liberdade pessoal, o que inevitavelmente ocorre com as políticas de "tolerância zero"(Nos EUA, já prenderam uma menina de doze anos que cometeu o grave crime de comer batatas fritas no metrô). Já não nos bastam os criminosos, agora temos que encarar a violência da polícia também?

2-) Penas duras não é garantia de segurança. Primeiro, assaltantes em geral mal-sabem a quantidade de anos que podem ficar presos. Segundo, ninguém assalta banco pensando na menor possibilidade de ser preso. Seja para ficar preso dois, três anos, o que seja.

3-) Uma polícia dura com criminosos não precisa ser necessariamente fora da lei.

4-) Criminosos não são uma casta única. Não faz sentido achar que um avião do tráfico mereça porrada da mesma forma que um estuprador. Ou que todo preso seja uma ameaça mortal, ainda mais num país em que boa parte dos presos são traficantes pequenos.

5-) O que dá medo não é ódio aos criminosos(O que muitas vezes se traduz num ódio ao pobre), mas o amor que esse povo nutre pela polícia, em especial por uma polícia violenta e que coibe as liberdades individuais. O que nos leva a desconfiar que esse povo nunca foi assaltado: é dificil adorar a polícia quando se o tratamento que lhe é dispensado ao registrar ocorrência. Ou ainda pelo fato da polícia não aparecer quando você está lá, com arma na nuca.

Eis um passo que pouco se pensou: o fascismo que resplandesce não das palavras de ódio ao criminosos, mas nas palavras de amor à polícia.

***

O Brasil é maravilhoso. O governo fala como social-democrata, o povo fala como fascista.

***

Falando nisso, pede-se mais uma vez a renúncia de Saulo Abreu de Castro, o Secretário da (in)Segurança de São Paulo. Isso nunca é demais para o chefe de uma das polícias mais violentas, corruptas e racistas do país.

 

Pera lá

A revista Primeira Leitura cita alguma coisa que o candidato ideal segundo o eleitorado para enfrentar Lula deveria ter um programa anti-violência. Pera aí: violência, em geral, é responsabilidade dos estados e num menor nível, do município, a não ser nas áreas da alçada da Polícia Federal. Seja se a opção for policiamente, seja se a opção for políticas sociais. Mesmo porque o crime não é uma coisa centralizada: cada estado costuma ter problemas diferentes no tocante ao assunto.

Não adianta querer que o presidente, seja lá quem for, faça tudo.

 

Ideologias são coisa de gente que não tem o que fazer

A maioria das ideologias são muito bonitas. Mas não costumam funcionar na prática. O comunismo, tão bonitinho na teoria, nunca conseguiram aplicar na prática(O meio caminho que aplicaram não me pareceu nada bonitinho). Ideologias não costumam ser nada práticas. Poucos defensores de tal ideologia fazem continhas para saber se tal ideologia funciona na vida real.

A maioria dos defensores do anarco-capitalismo são fãs de automóveis. Curiosamente, o transporte por meio de automóveis só é possível por causa de uma generosa subvenção do Estado(Foi a concorrência com as auto-estradas financiadas pelo erário americano que levaram a decadência grande parte das gloriosas ferrovias privadas da costa leste americana). Imagino como seria um mundo anarco-capitalista, aonde a pessoa pagaria pedágio para sair de casa. Provavelmente, ninguém usaria o carro.

Os defensores do comunismo utópico ignoram que entre as pessoas existem diferenças e que qualquer agrupamento social gera atritos. Aliás, talvez os próprios comunistas sejam uma das facções políticas com maior quantidade de divisões entre si. E com maior quantidade de atritos.

Isso sem contar que os defensores de ideologias nunca as aplicam na sua própria vida pessoal. Liberais não titubeiam em fazer concurso público e faculdade pública, sem nunca doar dinheiro para a universidade. Socialistas adoram os bens de consumo do mundo moderno.

Você pode descobrir o grau de ocupação de uma pessoa pela quantidade de vezes em que ela fala de direita, esquerda, socialismo, liberalismo, anarquismos e similares. Quanto maior a quantidade de vez que ela fala nessas coisas, maior o grau de ocupação. Se ela começar a citar autores como Hayek ou Karl Marx, ou ainda se auto-intitular libertário, neo-con, neo-keynesiano ou sei lá o quê, é um desocupado profissional.

P.s: Sim, é mais um post para causar polêmica.

samedi, juin 11, 2005

 

Por quê escola virou calendário?

Uma das mais bisonhas idéias da escola brasileira é a transformação da escola em calendário. Qualquer festa ou efeméride conhecida, estão lá as professoras bravamente colocando matérias para os alunos copiarem, fazendo cartazes com cópias de artigos que as crianças nunca lêem, dancinhas, lembrancinhas. Há o absurdo de escolas passarem artigos sobre o Halloween(alô?) ou ainda dos presentes de Dia das Mães. Como se um presente feito em massa, igual a outros tantos, em geral baratíssimo, fosse interessar a alguma mãe. Mesmo em lugares aonde os pais da maioria das crianças fugiram de casa ou mesmo foram mortos, se insiste em se comemorar o Dia dos Pais.

Poucas diretoras e professoras conseguem explicar a necessidade desse tipo de "comemoração". Afinal, falar de festas católicas é contra a separação entre Estado e Igreja, e bem, imagino a atrocidade que é obrigar uma criança orfã a fazer presentinho de dia das mães. Tanto que os Parametros Curriculares Nacionais não recomendam.

Depois, claro, se pergunta por quê as crianças saem sem saber ler da escola.

 

Latininhas

Algumas das piores tiranias surgem de revoluções clamando por liberdade.

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Não deixa de ser irônico que muitos defendiam que Pelé seria superior a Maradona por este ser "limpo", quando vemos o filho do primeiro preso como traficante.

(Como pessoa, eu prefiro Maradona, que é sincero. Os dois lá tem seus podres, como Pelé dizendo que o Brasil seria um país melhor se Maluf tivesse sido escolhido presidente ou Maradona com sua amizade com Fidel Castro. Mas o argentino é mais rock´n´roll, faz o que quer da sua vida, não fica puxando o saco da FIFA nem da CBF. E bem, querendo ou não, hoje é preciso peito para sssumir uma amizade com Fidel).

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Evo Morales, líder dos cocaleros da Bolívia, este sim, tem todo o potencial para ser um novo Fidel Castro. Este sim usa um discurso de fonte marxista, seus protestos contam com usos de posteres de Che Guevara e similares.

A Bolívia está numa situação complexa. De um lado, o gás natural, num mundo cada vez mais carente de fontes de energia, é um recurso cada vez mais valioso, o que justificaria a pressão dos movimentos sociais. O país deve tirar proveito disso. Por outro, a Bolívia, um país sem acesso ao mar, pobre,sem grandes industrias, depende dos seus vizinhos. Não é muito produtivo nesse caso querer transformar o Brasil ou a Argentina em agentes imperialistas.

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Se eu pudesse, eu casava sem pensar duas vezes com a cantora mexicana Julieta Venegas. Entregaria, sem pensar duas vezes, minha vida à ela.

Ela tem uma beleza incrível, ao mesmo tempo comum, ao mesmo extraordinária. Ela tem uma simpatia única. Ela tem uma voz belíssima, afinada, meiga. Como só as cantoras de música latina têm. Ela quase que chora, ela dá risada ao cantar, ela interpreta, seja nos palcos, seja nos video-clipes. Ela compõe, ela todo tipo de instrumento, do violão ao acordeão, ela é quase que uma maestra para sua banda. Seja no Gran Rex, seja no Festival de Viña del Mar, ela levanta multidões.

E , tem um dos sotaques mais bonitos que pode sair da boca de uma mulher: o mexicano.


 

Temas que ninguém aguenta mais ler,.,,

... mas que a imprensa brasileira INSISTE em publicar:

* Mulheres bem sucedidas, bonitas com quarenta anos sozinhas, que acham que isso assusta os homens..

* Tribos de adolescentes.

* Sexo durante a adolescência.

* Gravidez durante a adolescência.

* Qualquer coisa de adolescência.

* Independência financeira.

* Pessoas atrás de qualidade de vida, não de dinheiro.

* Terapias alternativas.

* Orkut, blogs ou alguma coisa semelhante.

vendredi, juin 10, 2005

 

O fim do subúrbio


near Chapultepec
Originally uploaded by borya.
Há um filme canadense, relativamente novo, que deveria ser presença obrigatória nas escolas, prefeituras e demais orgãos públicos brasileiros. Chama-se The End of Suburbia: Oil Depletion and the Collapse of The American Dream(O Fim dos Subúrbios: O esgotamento do petróleo e o colapso do Sonho Americano), de James Howard Kunstler.

O Suburbia do título são os subúrbios americanos, os bairros afastados das grandes cidades americanas, praticamente na Zona Rural. São um dos estilos de vida mais custosos ao meio ambiente que existem, uma vez que exigem que seus moradores façam quase todas as suas funções básicas de carro. Pior, muitas vezes exigindo o transbordo de carro ao trabalho, por dezenas de quilômetros.

O filme parte de uma perspectiva pessimista com relação à possibilidade de esgotamento de petróleo. Considera não haver alternativas: as fontes eólicas e solares são ineficientes, as reservas de gás e carvão natural estão a caminho do esgotamento, mesmo o urânio irá se esgotar, o etanol e a bio-massa são ineficientes, de que consomem mais energia no seu plantio e na sua produção(Nem haveria terra suficiente para sua produção), de que o hidrogênio é uma piada(Ele seria uma fonte de armazenamento de energia, não de energia, cuja a produção consome mais energia que produz). Os autores entrevistados prevêm inclusive guerras pelo controle de reservas. Eles consideram o atual padrão de vida dos americanos insustentável, de que existirão pressões políticas para mantê-lo, e que isso poderia levar a anos de recessão generalizada. O estilo dos subúrbios é altamente criticado por destruir áreas agrícolas e reservas de verde.

Bem, esse estilo de vida vêm sido seguido à risca aqui no Brasil, em especial no interior de São Paulo(Inclusive, os anúncios dos condomínios seguem o mesmo padrão do usado aqui: uso de motivos da natureza, com nomes de animais). Os efeitos já são sentidos: muitas cidades do interior já enfrentam problemas típicos de cidade do interior, já existem problemas ambientais relacionados à esses empreendimentos, isso afeta negativamente os fluxos das rodovias, já que esse tipo de empreendimento é feito à beira de auto-estrada.

A péssima estrutura de transportes tem feito a ocupação urbana estar sendo feita da pior forma possível. A classe média foge dos altos preços dos alugueis de São Paulo para cidades servidas por rodovias, enquanto os pobres se amontoam nas cidades servidas pelo trem de subúrbio.

Por exemplo, de 1991 para cá: Sorocaba(90 km a oeste da capital) passou de 374,108 habitantes para quase 521,500! Isso é quase o dobro de aumento. Itapevi, uma cidade dormitório paupérrima na extremidade de uma das linhas dos trens de subúrbio que servem a capital, passou de 107,976 para 179,200 no mesmo período. Caieiras, à beira de uma das linhas de trens, de 37,770 para 78,000(!). Louveira, a beira da Via Anhanguera, região de Campinas, de 14,131 para 24,000. Isso enquanto a maior parte das regiões do interior mais distantes têm tido crescimento inexpressivo ou mesmo negativo. Isso no Estado de São Paulo, mas a degradação de áreas urbanas em outros espaços tende a causar o mesmo efeito, como já se enxerga no Rio de Janeiro.

O desenvolvimento de uma ocupação mais racional do espaço, tanto nos grandes centros urbanos como no interior, com uma rede de transportes mais planejada. Menos gastos com rodovias, mais com trens. Vale lembrar que o Brasil não tem tanta verba para manter esse estilo de vida como os americanos puderam bancar, com a construção de mais e mais rodovias.

Mas claro, como as imobiliárias e construtoras são algumas das maiores anunciantes dos jornais, todo mundo deixa isso de lado.


P.S: O End Of Suburbia é um bom documentário. Apesar de engajado, tem um tom mais sério que o Michael Moore ou Morgan Sporlock. Pode ser encontrado com facilidade em redes peer-to-peer, como o E-Mule.

jeudi, juin 09, 2005

 

Política e eu

Sou taurino. A imagem perfeita de um. Então, meu elemento é a terra. Portanto, gosto de coisas práticas, reais, palpáveis. Para mim, qualquer governo não é a imagem pessoal de seu governante, nenhuma relação de ética(Mesmo porque ética e governo não costumam combinar) ou mesmo de esperança, mas de coisas palpáveis, vistas no dia a dia das pessoas. Meu individualismo político me impede de ter plena crença no sistema político atual, em que os políticos tem suas campanhas financiadas pelos bancos e empreiteiras. Aliás, Estado nada mais é que uma grande empresa sem concorrência. E empresas sem concorrência não funcionam. Mas minha falta de crença na humanidade me impede de ter uma crença total no anarquismo. Mas sou movido por uma espécia de conformismo revoltado(Sim, contrasenso).

De qualquer forma, minha relação com o governo Lula sempre vai ser de resultados. A figura do presidente ao meu ver é irrelevante - ele é só um burocrata-mor. Modelo ético, nunca acreditei. Política e ética na mesma frase são contrasensos, e bem, não vejo da atual oposição ao governo federal nenhum modelo "ético". PFL? PSDB? Fala sério.

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Não falo tanto do governo federal porque ele tem relativa pouca influência na minha vida. Em áreas como saúde, transporte e educação, quem de fato define as coisas são as prefeituras e os governos estaduais. Transporte, talvez por São Paulo não se prender tanto a rodovias federais, idem. Segurança também.

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Em termos práticos, não vemos muito resultados no governo Lula. Temos uma carga tributária arrochante, ainda temos várias falhas em termos de infra-estrutura. Em termos de educação, não vi nenhuma medida de fato interessante. O Prouni é interessante até, mas não passa de paliativo. E não se falou em tornar o Ensino Médio obrigatório nem em aumentar em um ano o ensino fundamental, as idéias de Cristovam Buarque que me pareciam mais interessantes. Temos o sistema de metas de inflação, que é um absurdo. O país continua com graves problemas de infra-estrutura. Lula também parece ignorar o problema da burocracia e da informalidade.

Até agora, Lula tem se parecido com FHC, só quê, detalhe importante, muito mais comedido. Até agora o país não passou por um grave racionamento de energia, não assistimos a mais uma farra cambial, com o dólar sendo sustentado artificialmente à preços baixos. Lula também não fala somente em atrair venda de títulos nem coloca a culpa dos seus erros nos mercados estrangeiros como FHC fazia.

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Eu tenho também uma certa birra com o PSDB em geral. No fundo, tudo começou quando eu estava no colégio. Eu fazia um colégio técnico estadual. Na época, era uma opção geralmente razoável de "ensino médio", um pouco acima da média da rede pública, aonde você fazia um curso técnico integrado ao colegial. Aí, mesmo com a oposição dos alunos e professores, o Ministro da Educação da época, Paulo Renato de Sousa, e a secretaria de Educação do Sr. Mário Covas, quis passar um projeto de reforma no ensino técnico. Separaram os dois ensinos, e o técnico só poderia ser feito por quem estivesse formado no ensino médio, ou ainda no segundo ano deste, num outro período.
Só sei que usaram de tanta arrogância para defender a idéia, como se nós, estudantes de quinze anos, não soubessemos o que queríamos da vida. Era aquilo que Paulo Renato parecia falar. Ou ainda uma tentativa de nivelar o ensino por baixo.

No fundo, identificaria o PSDB com essa arrogância, com um sistema administrativo que combinava tributos pesados com serviços públicos ruins.

Para falar a verdade, não vi nada de genial em mais de dez anos de governo do PSDB em São Paulo. Também veria, na prática, coisas terríveis na rede estadual de ensino público ao trabalhar nela. Coisas como laboratórios de informática, comprados pela Secretaria Estadual de Educação, sem uso, porque era inviável usar dez computadores para salas com quase cinquenta alunos.

mercredi, juin 08, 2005

 

O que o Geraldo Alckmin fala?

Mesmo que houvessem provas - não bafafá de alguém como o Roberto Jefferson- de que o Delúbio estivesse não cedendo dinheiro, mas coisas como favores sexuais como prostitutas, acho que todo o bafafá em torno das questão dos correios não chega perto de um Secretário da Segurança usar uma unidade de elite da Polícia Civil para investigar um congestionamento em que o próprio estava preso, chegando ao ponto de prender um dono de restaurante e um funcionário. Foi exatamente o que Saulo de Castro, secretário da segurança do governador Geraldo Alckmin fez. Estamos aí falando do uso de estrutura pública para fins pessoais e abuso do poder ao mesmo tempo. E não é de um reles Roberto Jefferson que falamos, mas de um dos principais braços direitos do governador. A ponto de ser cotado pelos tucanos para sucessão como governador(Embora só a mãe dele para votar no cretino). Não sei porque Geraldo Alckmin perde tempo falando dos escândalos federais quanto existem tantas coisas sujas para serem explicadas dentro da sua própria gestão.

Ao explicar também as monstruosidades do seu Secretário de Segurança, ele poderia também explicar porque todas as grandes obras públicas da sua gestão são orçadas a valores rídiculos, absurdamente abaixo dos valores utilizados em obras de porte semelhante, para depois de quando prontas custarem até três vezes mais que os valores orçados(Caso do tramo oeste do Rodoanel, que foi prçado a menos da metade do quilômetro da Rodovia dos Bandeirantes, que tinha exigências técnicas bem menores). Afinal, se for assim, para quê licitação, se ela não é respeitada? ESSE detalhe é muito mais sério que parece. É muito pior que uma tropa de Waldomiros. Ou ainda explicar porque a Orquestra Sinfônica do Estado faz concertos Brasil afora, ao invés de fazê-lo pelo interior do Estado(O contribuinte paulista, que patrociona a orquestra, não pode nem assistir aos concertos). Não seria uma forma de autopromoção?

Não sei porque Geraldo Alckmin perde mais tempo falando do governo dos outros que do desastre que é a sua gestão. Parece amputado tirando sarro de aleijado....

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Aliás, o PSDB da compra de votos da reeleição não tem *moral* para pedir CPI de porra alguma.

 

Eles que limpem as privadas

A onda agora é falar mal de imigrante. Sim, aquelas pessoas que viajam milhares de quilômetros, fazem seus países de nascença perderem mão de obra, vão para a França ou para o Texas limpar privadas, construir prédios,lavar pratos e manter o padrão de vida obsceno dos europeus e americanos. Mesmo pagando impostos, são relegados ao papel de cidadãos de segunda classe - o muçulmano francês não pode nem decidir como veste sua filha na hora de mandá-la para a escola, como se ele não pagasse pela escola. Esse ponto é crucial: muitos falam como se os imigrantes não trabalhassem para ter direito às "regalias" por parte do Estado.

Há aqueles que reclamam da perda da "identidade cultural", da segurança e outras viadagens. Foi só matarem um cineasta quase desconhecido na Holanda para todo ficar em pânico como se houvessem turbas de árabes nas ruas ameaçando as pessoas. Grande merda: eles que fiquem com sua identidade cultural, sua pseudo-sensação de segurança e que façam o serviço sujo. Que limpem as privadas, lavem os pratos, carreguem os tijolos no lugar dos imigrantes. E claro, pelos trocados que os imigrantes receberiam. Senão, claro, as indústrias irão preferir se instalar em países do terceiro mundo. E daí que a produção agrícola não seria capaz de competir com a produção dos países latino-americanos e africanos, que contam com condições climáticas extremamente mais favoráveis. Subsídios não são uma solução a longo prazo. Ou ainda a indústria de informática americana conseguiria sobreviver sem a mão de obra estrangeira formada com o dinheiro do contribuinte de países como a Índia e o Paquistão.

Quem perde com a imigração são os países que cedem mão de obra, não quem recebe. Mesmo porque a mão de obra altamente capacidade que sai dos países pobres, como médicos e enfermeiros, faz falta para muitos países africanos.

mardi, juin 07, 2005

 

Citação da Semana

lundi, juin 06, 2005

 

Apagão Logístico


Barra Funda 2
Originally uploaded by Andre Kenji.
Há outro apagão logístico que precisa ser levado à sério, além do transporte de cargas para exportação: o do passageiros. A tendência cada vez maior de centros afastados estarem se desenvolvendo, o que aumenta o fluxo dentro das rodovias. O uso de trens de passageiros pode ser uma opção tão boa quanto o metrô para diminuir a poluição e os gastos com infra-estrutura rodoviária. Considerando os gastos com pedágios, é uma boa forma de alavancar a economia regional. Várias regiões tão diversas, que vão desde dos sertão nordestino e o norte de Minas Gerais até regiões como a Alta Paulista e o Vale do PAranapanema foram bastante afetadas economicamente pelo fim do transporte de passageiros.

Retiraram os trilhos do perímetro urbano de Campo Grande, preparam-se para fazer o mesmo em Curitiba e outras capitais. A nova Transnordestina vai evitar os grandes centros urbanos(O que nos leva a crer, assim como nas retificações feitas pela FEPASA, que o transporte de passageiros vai ser inexistente ou deixado num segundo plano). O que cada vez mais perpetua a imagem que existe desde dos tempos dos militares: ferrovia somente utilizada para exportar produtos primários(È medonho pensar que o Ferroanel de São Paulo, o que teoricamente excluiria de uma das maiores regiões metropolitanas do mundo o tráfego de trens de carga, que só passam pela região). Isso por quê sem isso nossos produtos dificilmente são competitivos no exterior.


É preciso pensar à longo prazo. Em pouco tempo, o fluxo de pessoas entre uma cidade a outra vai exigir um transporte ferroviário moderno(Já se prevê hoje o colapso do sistema Anhanguera-Bandeirantes entre São Paulo e Campinas, com uma rodovia de pista dupla e outra com duas pistas de três faixas). Ônibus não se apropriarão para um transporte de uma cidade a outra, tanto pelos transtornos quanto pelos custos ou pela poluição. Vai chegar um tempo que nem os terminais nem os centros de muitas cidades suportarão tanto tráfego.

Retirar os trilhos das grandes cidades é uma medida suicida. As pessoas precisam ter fácil acesso à estação para embarcarem(Em vários trechos retificados da FEPASA, as pessoas deixavam de viajar de trem pela distância das estações de lugares habitados), o custo de desapropriações ou túneis para se construir novas linhas dentro de áreas urbanas seria proibitivo. Afinal, as estações já existentes já ficam dentro de locais privilegiados. Poderia-se tranquilamente constuir retificações fora das áreas urbanas.

Mas claro, no Brasil ninguém administra pensando no futuro. Por exemplo, o metrô nas grandes cidades poderia ser construído também para ordenar o crescimento urbano, tendo em vista as possibilidades de crescimento de determinado lugar. Ao menos no São Paulo e no Rio ele só vêm sendo construído em grandes adensamentos populacionais, cujo os eixos de tráfego já estão sobrecarregados(Tá, o trecho da Linha 5, Largo 13-Capão Redondo, do metrô paulistano seja uma eleição, talvez por ser uma obra tipicamente eleitoreira).

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Há quinze, dez anos atrás, pipocavam projetos de metrôs leves Brasil afora. Hoje, cada vez mais se vai na direção dos ônibus. Mesmo em corredores de tráfego pesado e em áreas densamente povoadas, que exigem transporte de massa.

O monotrilho, uma ótima solução de transporte para cidades de porte médio, inexiste no Brasil. Só tínhamos duas opções: um, caindo aos pedaços em Poços de Caldas, e o do Barra Shopping, no Rio de Janeiro, que foi fechado. Cada vez mais se caminha para transformar os projetos de um VLT na Baixada Santista em corredor de ônibus, e o caminho que pelo visto caminha o abandonado VLT de Campinas. Muitos gostam de argumentar que VLTs, tramways e submetrôs são caros. Mas ônibus é tremendamente caro também. Ele aumenta os gastos com a manutenção de vias urbanas, e ao contrário de transporte sobre trilhos, precisam ser trocados em pouco tempo. Um ônibus com sete anos de vida está em final de vida útil, um trem com a mesma idade é praticamente novo. Locomotivas que a Companhia Paulista de EStradas de Ferro havia comprado nos anos 40 eram bem utilizadas em 1996.

Ônibus em termos de trânsito é uma solução pouco prática. Não raro ônibus costumam ser a causa principal do congestionamento de muitas ruas. Além do quê, por ser uma solução pouco atrativa para quem tem carro, têm poucos efeitos sobre o trânsito.

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É uma atrocidade que se reclame do preço do metrô e similares, já que ninguém acha um absurdo o custo que obras viárias como o Rodoanel podem ter. Ou mesmo de túneis, viadutos e outras coisas.


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E sim, muitos se perguntam porque as pessoas preferem andar de carro à andar de ônibus, como se financeiramente, em termos de tempo ou de conforto o carro seja muito mais vantajoso. Afinal, depende de transporte público no Brasil é gastar quase o mesmo que se gastaria com gasolina em passes em muitos casos, viajar desconfortavelmente, muitas vezes de pé, apertado, gastar uma fortuna com táxi ou ainda ter que dormir na rua ou ficar acordado até cinco da manhã se quiser ter vida noturna(Já que os ônibus costumam sumir depois da meia noite).

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Para finalizar, por quê não se constrói uma ligação ferroviária entre Taubaté ou São José Dos Campos e São Sebastião? Isso facilitaria a exportação de produtos apartir do Vale do Paraíba. Também seria uma opção ao trecho da antiga Santos-Jundiaí, que corre o risco de ficar sobrecarregado, além das filas e estrutura logística ruim do porto de Santos. E claro, aí sim São Sebastião seria uma opção boa. Se fosse construído uma ligação entre São José dos Campos e a estação de Boa Vista, em Campinas, seria uma opção excelente para a soja que vêm do Centro-Oeste pela Ferronorte- que hoje segue uma rota pouco racional de Campinas até a região de São Roque, e daí até Santos, num estranho zigue-zague oeste e leste.

Claro, politicamente não seria interessante, ainda mais que correria o risco de colocar Sepetiba, em que o BNDES já enterrou muito dinheiro, numa posição ainda de menor destaque.

Mas como já me foi comentado, um porto de águas profundas como São Sebastião, sem ligação ferroviária, é coisa de Brasil.

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Há o ponto do financiamento também. É de se surpreender que alguém consiga querer enterrar dinheiro em obras de infra-estrutura, considerando a tendência de séculos do governo em quebrar contratos - desde dos tempos de Mauá até Olacyr de Moraes, que quebrou com Ferronorte, quando o governo paulista demorou sete anos para terminar uma ponte sobre o Rio Paraná. Passando, claro, pelo rídiculo processo de encampamento por parte do governo paulista da Cia Paulista de Estradas de Ferro.

A empresa mais interessada e indicada para a obra, a MRS Logística, teve seu contrato de concessão quebrado pelo governo, ao autorizar que a concorrente Brasil Ferrovias usasse sua faixa de domínio para fazer uma nova linha de acesso à Santos.

O que talvez explique a insistência de Lula para que os chineses financiem obras desse tipo...



samedi, juin 04, 2005

 

Respeito por você é isso aí

Sete horas da noite, Estação da Luz: Hoje, ao embarcar no trem para Francisco Morato, vejo um certo burburinho do lado de fora. Corro para fora da composição, e bam, um senhor de meia idade tinha caído nos trilhos, naquele espaço entre a plataforma. Ele foi retirado por passageiros, que haviam avisado os condutores da composição(senão o senhor teria sido esmagado). Ele estava desacordado, apesar de respirando.

Só uns quinze, vinte minutos depois do ocorrido surge um segurança, que chama outros colegas para conduzir o senhor numa maca, aos trancos e barrancos(Pela idade que ele aparentava, dificilmente deve ter ficado sem quebrar algum osso ao cair lá do alto. sendo que provavelmente eles deveriam ter esperado o resgate aparecer). Nenhum médico, enfermeiro ou equipe de resgate apareceu. Foi uma operação pessimamente mal-conduzida, demorada, com todos erros que seriam possíveis fazer, inclusive com gente mexendo na vítima. Isso numa das estações mais movimentadas do sistema.

Rídiculo, numa mostra total da falta de segurança que os usuários da CPTM estão submetidos. É esse o respeito por você que o governo estadual fala nos seus anúncios?

jeudi, juin 02, 2005

 

Em São Paulo...

Saulo de Castro Abreu Filho, o absurdamente incompetente e inútil secretário da (in)Segurança de São Paulo, teria acionado uma unidade de elite da Polícia Civil para averigar a causa de um congestionamento no Itaim-Bibi, Grande SP,(Em que o próprio estava preso), que teria ordenado a prisão de um sócio e de um funcionário de um restaurante sob acusação de obstruir o trânsito com cavaletes(Posteriormente, teria-se descoberto que os cavaletes tinham sido colocados pela prefeitura por causa de uma festa nas redondezas).

Caso isso se confirme, é um abuso de poder intolerável. Mais do que nunca, sua demissão se torna necessária.

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Há funcionários da Prefeitura de São Paulo reclamando de atrasos no pagamento.

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A seguinte mensagem tem passado de email e email por aí. Não me responsabilizo pelo seu conteudo, embora pelo que seja dito deve ser verdadeiro.


RELATO DE UMA EDUCADORA DO CEU

ATUAL GOVERNO TRANSFORMA CEU EM DEPÓSITO DE CRIANÇAS

Depois de tentar acabar com e lei de fomento ao teatro, expulsar o espaço CUCA (Centro Universitário de Cultura e Arte) do Clube Municipal Raul Tabajara e outros desmandos, a prefeitura de São Paulo ataca mais uma vez. Os sorteados dessa vez são os 21 CEU´s implantados na cidade. De maneira irresponsável, autoritária e totalmente demagógica, a secretaria de educação comandada pelo Sr. José Aristodemo Pinotti quer implantar o Projeto Integral. Neste projeto, as crianças do CEU ficarão 8 horas na escola, de segunda a sexta-feira: 4 horas na EMEF e 4 horas de atividades extracurriculares.

A princípio, a propaganda parece interessante, mas vejamos os seus desdobramentos: Para implantar esse projeto, a secretaria se recusa a contratar qualquer profissional a mais!!! Ou seja, as crianças simplesmente permanecem no CEU. E eu me pergunto: elas vão fazer o quê, nessas horas extras???

Isso demonstra uma total falta de percepção pedagógica. Mas isso já era previsível: o que faz um médico na secretaria de educação??? Bem, eu esperava que pelo menos a equipe pudesse ter uma visão, seja pedagógica ou não do cometimento desse absurdo.

QUANTIDADE EM DETRIMENTO DA QUALIDADE

A solução então foi usar os profissionais do esporte e da Iniciação Artística. Eu posso apenas falar da iniciação, já que faço parte do quadro de arte-educadores. A carga horária diminuiu, o número de crianças por sala aumentou e a qualidade da aula foi pro espaço. Eu acredito que uma educação de qualidade, seja em qual área do conhecimento for, requer uma sala de aula com menos crianças para que o professor possa dar uma orientação direcionada, as crianças têm um melhor aproveitamento, se sentem mais participativas e realmente têm uma melhora no processo de aprendizagem.

Nas aulas de arte, sobretudo, dentro da proposta da iniciação artística, esse processo se intensifica: não existe maneira de fazer um trabalho de qualidade com salas super lotadas. Já ouvimos até absurdos do tipo: "coloca 400 no teatro, 300 na piscina e 100 nas quadras..." como se criança fosse boiada, ou como se o CEU fosse depósito.

FECHAMENTO DOS PORTÔES À COMUNIDADE

Em contradição ao aumento de número de crianças por sala de aula, o CEU passa a atender, na verdade, menos pessoas. Se no governo Marta, a oposição gritava que o projeto era excludente, o que não é verdade, agora são eles próprios que o estão transformando em uma fortaleza.

A iniciação artística e as atividades esportivas que antes atendiam além dos alunos do próprio CEU, todas as crianças das escolas do entorno, agora só podem atender os alunos que estudam no CEU. Além disso, como eles têm que ficar por muitas horas a mais no espaço, acabam ocupando de duas a quatro atividades, ou seja, um mesmo aluno pode ocupar até 4 vagas em atividades diferenciadas.

Que privilégio ele tem sobre as demais crianças? Que visão de democracia é essa? Além disso, como o contingente de alunos aumentou no mínimo o dobro por período, não há mais espaço para a comunidade, todos os espaços ficam ocupados o tempo todo com os alunos do CEU. Além das crianças, os pais e familiares também não podem mais usufruir as atividades culturais, educacionais, esportivas e de lazer.

QUEM SE IMPORTA COM A CRIANÇA?

Quem é David? E a Jéssica, alguém conhece? Alguém pelo menos se lembra que a Amanda existe? Pois é, eu acho que a secretaria não lembra...

O que importa são números... "Quantos? Quantos? Quem entra na estatística?" Mas de fato, quem se importa com as nossas crianças? Eu não acho que um projeto integral seja ruim, desde que se tenha estrutura pra isso. A criança deve ter acompanhamento, atividades diferenciadas e não pasteurizadas. Além disso, criança brinca.

Alguém se lembra que criança brinca? Ele deve ter o direito de brincar, de ter liberdade de fazer o que quiser em algum momento, nem que seja dormir... descansar depois de uma correria na brincadeira de pega-pega. Um outro ponto importante é a liberdade de escolha. A iniciação artística oferece cursos em quatro linguagens: artes plásticas, música, dança e teatro. No período anterior, as crianças tinham liberdade de escolher qual linguagem elas gostariam de fazer, seja por afinidade ou habilidade. Hoje as crianças são obrigadas a fazer o que se encaixa na sua grade horária. Ou seja, não há motivação alguma em participar da aula, e a criança além de não ter um bom aproveitamento acaba por prejudicar os companheiros, com problemas de indisciplina.

Alguém já leu reportagens sobre o stress infantil? Tem conhecimento disso? Se o Sr. Pinotti é mesmo médico, ele devia saber. As crianças de classe média apresentam constantemente esse sintoma por terem muitas atividades extracurriculares: judô, inglês, informática etc.

Mas ainda assim, são lugares diferentes, com pessoas diferentes. No CEU, as crianças vão todos os dias, pro mesmo lugar, ver as mesmas pessoas e fazer as mesmas coisas. Se pra um adulto já é desgastante ficar 8 horas por dia num lugar, imagine pra uma criança? No fim do dia, elas já estão cansadas e não se concentram em nenhuma atividade. De que adianta então?

Aí vem o discurso, de que "pelo menos eles não estão na rua fazendo besteira". E até quando a gente vai tampar o sol com a peneira, fazendo esse discurso puramente demagógico? Até quando o brasileiro vai fazer gambiarra? Até quando a gente vai tomar decisões paliativas pra dizer que está fazendo algo? Isso tudo, pra mim, entra na linha do "rouba, mas faz", ou do "estupra, mas não mata".

ABUSO DO TRABALHO DOS FUNCIONÁRIOS

Conforme foi mencionado acima, além do contingente de crianças que permanecem no CEU ser o dobro, e não haver contratação de mais nenhum profissional, os trabalhadores do projeto acabam ficando sobrecarregados. Professores, inspetores, seguranças e principalmente as funcionárias da cozinha. O único ponto positivo do projeto, que é o local do fornecimento das refeições (café da manhã, almoço e lanche da tarde) acaba inundando o refeitório de crianças o tempo inteiro. Fazendo com que o ritmo de trabalho, e conseqüentemente o cansaço aumentem. Isso é abuso do trabalho dos funcionários, que têm de trabalhar o dobro em ritmo alucinado para atender aos caprichos da secretaria. Isso gera desmotivação e o rendimento cai. Alguém aí já ouviu em falar em qualidade de trabalho?

Eu, pessoalmente, me interesso muito por política, já fui do movimento estudantil e atuo nos movimentos sociais, e uma coisa que sempre me incomodou muito foi o discurso em detrimento da ação prática. Como acadêmica e educadora também acho extremamente importante o pensamento teórico, mas não existe teoria sem sua demanda de logística e organização, senão o pensamento se perde e o que fica é poeira. Eu acredito que o Centro de Educação Unificado é um grande projeto, com ótimas instalações e recursos disponibilizados. Vinha funcionando muito bem, com ampla adesão da comunidade, mas o que a Secretaria de Educação do atual governo do Prefeito José Serra está fazendo é um grande e absurdo mau uso.

Proponho um desafio: quem consegue dar uma aula de artes plásticas pra 30 crianças de 7 e 8 anos de idade numa sexta-feira do último período, sem que ela perca motivação e que você fique demasiadamente cansado? Alguém se habilita? Secretário?

 

Um duelo interessante

As editoras e as universidades estão brigando por causa de cópias de livros nas faculdades. As editoras querem acabar com as pastas de apostilinhas dos professores ou mesmo com cópias parciais de livros. Bem, acho que os dois lados partem pela premissa errada.

A Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR) afirma que as editoras perdem 400 milhões com a pirataria de livros em 2004 e que poderiam baixar os preços das obras. O que ela não explica é o fato dos livros técnicos muitas vezes custarem bem mais ou o mesmo que livros de tamanho e acabamento similar, mesmo aqueles para público mais restrito, de tiragem menor. Ela também sofisma, já que ninguém compraria a mesma quantidade de livros que xeroca, óbvio(Por isso que os números relativos à pirataria são exagerados).

Daqui a pouco a Associação vai querer fechar bibliotecas. Não faz sentido comprar livros somente para ler alguns trechos. A proposta das editoras de produzir coletâneas para quem precisa apenas de alguns trechos é absurda, por colocar a decisão dos textos à serem estudados nas editoras. A outra proposta, de colocar um sistema aonde o aluno baixaria o texto facilitaria ainda mais a pirataria.

Por outro lado, revela a didática falha usada nas universidades, que dá muito valor a trechos e resumos de autores ao invés da leitura integral dos autores estudados. Segundo Guilherme Simoes, coordenador da comissão da PUC-SP que analisa o assunto, afirmando que para driblar a proibição muitos docentes têm passado à produzir eles mesmos as apostilas: "Está sendo feito de forma improvisada. O aluno acaba perdendo o contato direto com o autor, uma das funções da universidade." .

Aí que está o erro: o contato direto com o autor deve ser feito com o livro, lido de maneira integral. Trechos não dão ao aluno toda a essência de autor algum, que fica limitado à visão do professor. As universidades deveriam abolir as apostilas, em prol de estudos mais complexos. Por isso que os alunos não sabem criar nem contestar.