jeudi, juin 30, 2005
Marilene Felinto contra a Argentina

Curiosamente, ela, que fala tanto de racismo, não dispensa os preconceitos mais elitistas e avaliações a priori. Aqui ela fala da Argentina usando os mesmos lugares comuns e preconceitos da classe média brasileira, num texto absurdamente desinformado e discriminatório(O artigo, como um todo, falando de todo orgulho do Brasil por ser exportador de produtos agrícolas de baixo valor agregado, é uma atrocidade completa. Digna daquela corrente insuportável transmitida pela internet que entre outras coisas falava das batatas fritas vendidas em jornal na Holanda. Mas como o trecho citado é o pior.).
Vamos lá:
A Argentina, um país meio metido a europeu,
Marilene aqui cai num lugar comum bastante repetido por brasileiros que não conhecem a Argentina. Boa parte da classe média de fato orgulha-se demais de suas raízes européias, mas diabos, que parte da classe média latino-americana não faz o mesmo? Não conheço nenhuma colônia estrangeira de países hoje ricos no Brasil que não padeça do mesmo mal. Desde de judeus a italianos e japoneses.
No mais, não sei de onde ela se baseia para tirar essa brilhante conclusão. Ela não se baseia em declarações, nem em fatos. Xúl Solar, mais conhecido artista argentino, obteve seu nome de dialetos indígenas. Patoruzú, um dos personagens de quadrinhos mais conhecidos dos argentinos, é um índio.
hoje desprestigiado e sem credibilidade no mundo,
Desprestigiado? Credibilidade? Como se o Brasil ou qualquer país da América Latina tivesse alguma credibilidade entre os europeus e norte-americanos.
com sua economia no fundo do poço,
É uma economia em franca recuperação, ao contrário da estagnada economia brasileira. Detalhe: mesmo com uma das piores crises em tempos de paz que um país enfrenta desde da Crise de 1929, a Argentina tem vários indices sociais, inclusive renda per capita e IDH, muito superiores ao Brasil.
tem inveja de que a verdadeira potência da América do Sul seja o Brasil.
Mais bobagem. Em primeiro lugar, o Brasil está longe de ser uma potência. Não que ser uma potência de um continente problemático como a América do Sul tenha mais significado que ser o artilheiro do time de futebol de várzea de Guaianazes ou de Ipatinga. Em segundo lugar, ele não demonstra aonde essa inveja existiria. Não cita autores, não cita textos.
Se houve (ou deveria ter havido) um “conflito” recente entre Argentina e Brasil, foi pela agressão racista de um jogador de futebol argentino contra o brasileiro e são-paulino Grafite. Mas, como a imprensa brasileira golpista não existe para defender o direito de pretos e pardos, tratou o escândalo a seu modo blasé (do mesmo modo que as confederações de futebol), condenando, muitas vezes, o jogador brasileiro por ter “exagerado” ao denunciar criminalmente o argentino Desábato.
Bobagem. Eu me lembro dos jornais nas bancas na época. A maioria tratava o caso como se a Argentina inteira fosse racista e estivesse apoiando o jogador. O Agora de São Paulo chegou a pública uma charge, com um jogador brasileiro com os cinco troféus na mão dizendo que esta era a melhor resposta.
Com relação ao caso, a Folha de São Paulo publicou artigos com os seguintes titulos:
Prisão foi exemplar, diz Gilberto Gil
Panorâmica - Futebol: Santos vai ao Uruguai com medo de racismo
Argentino preso em campo diz que é tratado como delinqüente
Saiba mais: Após incidentes, Europa se move contra o racismo
Secretário deu ordem, e polícia entrou em ação
Artigo - Tostão: Ofensa e racismo
Futebol: Grafite promete comandar um "basta", agora no Brasil
Jogador diz que seu apelido não é "pejorativo"
Para CBF, país dá exemplo
Multimídia: Argentinos se dividem por ato de compatriota
Futebol: Argentinos lamentam vítima de exagero
O editorial do jornal sobre o caso, de quinze de abril, é bastante razoável. Defende, claro, que o argentino em questão não deve se transformar em bode expiatório. Que foi a posição de muitos negros, que diziam que caso era uma piada e caso fosse necessário prender todo racista brasileiro não haveria prisão para tanto.
Ora, a Argentina é um país branco, majoritariamente racista
Sim, como se o Brasil fosse uma democracia racial e os descendentes de paraguaios e bolivianos fossem abraçados na rua em São Paulo. Ou, como se cantores negros, como Lenny Kravitz ou mesmo o Alexandre Pires, não fossem bastante populares na Argentina(Sua vinda ao país foi destaque neste semestre).
e cuja história também é marcada pelo extermínio puro e simples de negros africanos.
Os negros, já seriam um minoria bem pequena na segunda metade do Século XIX, antes da população argentina assumir as feições atuais com a vinda dos imigrantes. Também não houve extermínio "puro e simples". O que houve é que, como no Brasil, os negros tinham taxas de mortalidade bem superiores ao resto da população, sendo muitas vezes usados na linha de frente das inúmeras guerras que a Argentina se envolveu.
Quem é preto ou pardo e já sofreu discriminação de argentinos sabe do que estou falando.
Céus, a mulher é incansável! Novamente, Marilene fala vagamente, sem referências nem provas. Mão cita casos de brasileiros "pretos" e "pardos"(Utilizando aqui termos vistos como racistas por negros e mestiços) que tenham sofrido casos de preconceito na Argentina.
Também esquece que os mesmos brasileiros de ascendência africana tem bastante casos de discriminação em terras brasileiras para relatar.
Num artigo para a agência Argenpress, de 2004, intitulado “Africanos em Buenos Aires - Os Outros Desaparecidos”, Roberto Morini afirma que a Argentina branca conseguiu ocultar bem seu passado de escravidão africana, mas que não pode esconder as marcas do racismo que ressurgem da história a todo momento.
O ponto central do artigo de Morini é que a memória da influência africana na sua formação cultural é ignorada, não só do racismo da história argentina.
Morini conta que, em 1810, os negros eram um terço da população de Buenos Aires, mas que em apenas cinqüenta anos já tinham praticamente desaparecido.
O mesmo Morini diz que Buenos Aires naquele tempo tinha uma população de 44 mil habitantes. É o tamanho de uma cidade pequeno no interior(Só em escravos, a província do Rio de Janeiro tinha quase 120 mil, em 1844) . Ele também cita que um dos fatores para essa erradicação de negros foi justamente a proibição do tráfico em 1812, com o fim definitivo deste comércio em 1840. A impressão que se dá é que os argentinos teriam levados os negros para campos de concentração com gás, mas Morini cita motivos como a elevada mortalidade, em especial a infantil, para justificar o extermínio. Não seria nada diferente do que ocorreria no Brasil nesse momento, com a diferença que a importação de escravos por parte dos brasileiros seria muito maior. Ele também cita a forma que os negros teriam suas manifestações culturais e religiosas coibidas, o que não é muito diferente do caso brasileiro, aonde o frevo surgiria da proibição da prática da capoeira, por exemplo.
A diferença, no caso, entre o tratamento de brasileiros e argentinos aos seus negros é que os primeiros importariam muito mais escravos africanos. O problema, justamente, quando se fala em racismo no Brasil é que negros e mestiços são mais de cinquenta por cento da população. Diferente de países como o Reino Unido, Estados Unidos, Argentina.
Segundo Morini, “o fim da escravidão só serviu para exterminá-los”
E no Brasil foi diferente, cara pálida?
e “somente nos últimos anos do século 20 pôde-se observar uma tímida recuperação da visibilidade do africano em Buenos Aires”.
Isso, por quê muitos africanos estariam, por livre escolha, mudando-se para a cidade. Francamente, se os argentinos fossem tão racistas assim, eles teriam voltado para a África. Ou talvez se mudado para o oásis da democracia racial chamado Brasil.
No fim, dá a impressão que a Marilene quer o cargo de Olavo de Carvalho da esquerda. Enche seus textos de lugares comuns, coloca várias declarações sem fundamentar, usa como única referência um texto da internet, é maniqueísta ao extremo. Aliás, se trocarmos alguns termos do texto dela, como "burgueses" por "comunistas" e "pretos" por cristãos", teremos um texto do Olavão.
Mais um ponto sobre a lista do Discovery
Mas, a presença de Oprah Winfrey não faz nenhum sentido. De fato.
mercredi, juin 29, 2005
Auto-avaliação
Ora bolas, auto-avaliação é importante: por isso, deve ser feita a todo momento, não apenas numa prova. Se você faz uma prova, você certamente deve estar fazendo o melhor possível. A não ser naqueles casos em que a pessoa sabe que tem falhas e não consegue superar. Daí, a auto-avaliação muitas vezes ajuda o aluno a se acomodar, ao invés de combater o problema. Como, o aluno, que acha que não sabe matemática, conforma-se em ficar de recuperação todo ano.
Claro, a auto-avaliação também ignora que pessoas diferentes muitas vezes enxergam de forma diferente a mesma informação e, que, claro, alguém pode ver um erro que você não viu. É uma das razões pela qual balanços contábeis costumam ser assinados por mais de uma pessoa. Seria mais importante trabalhar com conceitos assim com crianças do que, simplesmente, fazer uma atividade cujo o preceito é o oposto disso.
Só falta alguém inventar de fazer dinâmicas de grupo com as pobres crianças.
Listas e mais listas
Daí, o Discovery Channel lança os resultados do seu concurso do maior americano de todos os tempos, que assim como o da Istoé, foi feito por votação.
Em ordem crescente, temos os seguintes ganhadores: Ronald Reagan, Abraham Lincoln, Martin Luther King Jr, George Washington, Benjamin Franklin, George W Bush, Bill Clinton, Elvis Presley, Oprah Winfrey, Franklin D Roosevelt, Billy Graham, Thomas Jefferson, Walt Disney, Albert Einstein, Thomas Alva Edison, John F Kennedy, Bob Hope, Bill Gates, Eleanor Roosevelt, Lance Armstrong, Muhammad Ali, Rosa Parks, irmãos Wright, Henry Ford, and Neil Armstrong.
Peraí: em primeiro lugar, Ronald Reagan, que deixou déficit violentissímo nas contas públicas, que resultaria numa recessão grande em 1988, que gastou fortunas com armas nucleares, que invadiria Granada e o Líbano(Com resultados medíocres), bombardearia a Líbia, patrocinaria regimes como de Saddam Hussein, dos Contras em El Salvador, o próprio Taleban no Afeganistão(Que segundo ele, tinha o mesmo espírito dos país fundadores dos EUA)? Bill Clinton e George Walker Bush na lista, ainda por cima, a frente de Thomas Jefferson? Abraham Lincoln na frente de Benjamin Franklin e George Washington? Bill Gates? Lance Armstrong?
Fala sério. Ou de fato o americano médio é burro como dizem os esquerdistas(Ou, ao menos o americano que vota nessas pesquisas), ou isso é uma piada.
mardi, juin 28, 2005
Sobre a crise, golpes brancos e a imprensa
Acho as duas hipóteses bastante equivocadas. Por um lado, ninguém ainda apresentou provas. Os testemunhos além de Roberto Jefferson são contraditórios em vários aspectos. Se o PT está pagando mensalão, está certamente desperdiçando dinheiro, mesmo porquê o governo perdeu várias votações importantes(Até por quê, convenhamos, faria mais sentido pagar os deputados APÒS as votações, não antes. Ao contrário do que certas pessoas na internet têm dito, trinta mil reais por mês está longe de ser uma ninharia. É o salário de uma pessoa formada em alguma universidade de ponta estrangeira. Não faria sentido pagar um dinheirama desses, se com emendas orçamentárias e cargos são uma alternativa muito mais eficiente.
Também não acredito na idéia de golpe, de que setores da sociedade estariam planejando a derrocada do presidente. Até por quê, ao que tudo indica, muitos empresários preferem Lula que algum tucano.
Por outro lado, quem está saindo queimado mesmo é a imprensa. Parte da população parece acreditar mais em políticos que na imprensa. O que não é bom para nossa imprensa. Daqui a pouco, só falta as pessoas acreditarem mais nos advogados que nos jornais, o que seria o fundo do poço.
lundi, juin 27, 2005
O estacionamento dos shoppings e os banheiros das rodoviárias
Não só é uma intromissão absurda em assuntos de mercado(Afinal, o consumidor pode muito escolher shoppings que não cobrem pelo estacionamento, como parte deles já faz) como é uma defesa estranha por parte dos deputados de uma fatia da população que está longe de ser necessitada. Outro ponto é que em muitos países, como a França, os governos tem buscado coibir, não incentivar, os estacionamentos. Justamente para desestimular o uso do carro. Curioso que os legisladores queiram incentivar estacionamentos gratuitos(E consequentemente, o uso do carro), em muitos casos, em regiões centrais de cidades com problemas de tráfego.
Também é uma mostra de como o Estado gosta de exigir coisas da iniciativa privada, mas dificilmente faz o mesmo com si próprio. Não conheço nenhum legislador, por exemplo, que queira proibir a cobrança pelo uso de banheiros em rodoviárias, aí sim, uma medida descabida, em especial considerando que o usuário já gasta um bom dinheiro com a passagem(São pouquissimos lugares dentro da iniciativa privada que fazem o mesmo com o consumidor, no caso, sem reembolso). Até mesmo porquê, diabos, quem usa rodoviária são aqueles sem dinheiro para comprar carro.
O Malex, que é um armário minúsculo para guardar a bagagem, custa quatro reais por dia. Aliás, dificilmente algum produto oferecido dentro de uma rodoviária, aonde as opções de serviço são limitadas, não custam valores bem mais altos que na rua. Desde de que concederam a administração dos terminais rodoviários da capital paulista a Socicam, ficou impossível de se alimentar dentro dos terminais. Existem praticamente uma ou duas opções de alimentação, a maioria a preços absurdos. Isso sem contar o custo do uso de banheiro, que é de um real.
Que os caros vereadores e deputados se preocupem com o estacionamento da classe média que vai, mas não com as pessoas de classes mais baixas dependentes do ônibus é um absurdo. Ainda mais numa área de responsabilidade do governo, em que o usuário não conta com outras opções legais além daquelas oferecidas por este.
Dúvida cruel

Uma dúvida cruel tem permeado a discussão política brasileira: você comeria a Ann Coulter, a insuportável puxa-saco de George Bush? A questão tem dividido várias pessoas: alguns garantem que ela é bastante papável, bastaria que fechasse a boca. Outros afirmam que até comeriam a moça, mas de olhos fechados, no escuro. Uma boa parte afirma não ser São Jorge e de que ela têm a maior cara de ser um travecão(Alguns desconfiam que seja o Olavo de Carvalho vestido de mulher).
Eu só digo que, francamente, preferiria a Naomi Klein. A musa do movimento anti-globalização é muito mais bonitinha, tem um jeitão muito mais simpático e meigo, é mais inteligente, sabe coordenar as idéias. Pena que e casada.
(O que aí, nos leva a uma questão interessante: a esquerda é acusada de ser imoral e outras coisas do gênero, mas a Ann tem quarenta e dois anos nas costas, ainda é solteira, e ainda diz coisas como "Vamos dizer que eu saio toda noite, encontro um cara e tenho sexo com ele. Bom para mim. Não sou casada").
P.S: Peço desculpas às eventuais leitoras pelo momento insuportavelmente machista.
dimanche, juin 26, 2005
A vantagem de ser impopular
vendredi, juin 24, 2005
Politica e afins
***
Não, não sou a favor do golpe militar.
***
Criticou-se bastante os CEUs da ex-prefeita paulistana, no entanto, não vi uma linha falando sobre essa verdadeira bomba que é o projeto Escola da Juventude, do governo do estado de São Paulo. É uma medida demagógica, como se não houvesse falta de opções de acesso ao ensino médio em várias regiões do Estado(O que se agravaria com a municipalização). Pedagogicamente, não senti firmeza nessa idéia.
***
A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados pediu a interdição da ferrovia concedida à FCA(Ferrovia Centro-Atlântica) na região de Guapimirim, RJ, após o desastre de abril, quando mais de 70 mil litros de óleo-diesel caíram numa região de proteção ambiental e de manguezais, afetando o trabalho de quinze mil pescadores. Segundo o CREA-RJ, vários dormentes estavam pobres e trilhos quebrados.
Como a FCA é um dos braços da Vale do Rio Doce, isso não é nada bom para a imagem da empresa.
***
A Câmara dos Deputados também rejeitou a MP que extinguia a RFFSA, em mais uma derrota para o governo federal. Um tanto sem função depois do processo de concessão(Não que ele tivesse muita utilidade desde de que foi criada pelo Juscelino Kubitschek), ela é a esperança de muitos setores para uma possível reestatização do setor ferroviário nacional.
O que, com exceção do transporte de passageiros, acho desnecessário, para se dizer o minimo.
Mais Daslu
Bobagem. A diferença com relação ao tratamento dos pobres no Rio e em São Paulo é que no Rio há uma visão um tanto mais romantizada da favela, que em São Paulo carrega um estigma enorme. Acredito eu, isso é uma vantagem do lado paulista, já que governos e parte da sociedade buscam soluções para erradicar as favelas e substituí-las por conjuntos habitacionais, não tapa-buracos para tentar melhorar as condições de quem mora lá.
Por outro lado, sim, em São Paulo, a riqueza sempre conviveu com a pobreza, ao menos geograficamente. A região de Alphaville, o famoso condomínio de luxo na região de Barueri e Carapicuíba, é cercada de favelas e Cohabs por todos os cantos. Não muito longe da Avenida Luis Carlos Berrini, uma das mais chiques da cidade, você encontra várias e várias favelas. Morumbi, um recanto da classe alta paulistana, convive com várias favelas. A antiga Avenida Águas Espraiadas, atual Jornalista Roberto Marinho, uma loucura perpretada por Maluf numa das áreas mais nobres da cidade, é praticamente um favelão, em especial quando se aproxima da região da Marginal. Mesmo a região da Paulista conta com mendigos, cortiços e regiões degradadas. Na Faria Lima, o Largo da Batata, com cortiços e camelôs, convive com um dos centros financeiros da cidade. Campinas, no interior, é famosa pelos seus subúrbios típicos de filme americano convivendo com favelas ao fundo. Aliás, um cortiço que dá o alô para quem sai da Sala São Paulo. Tanto que o americano Greg Palast fala de São Paulo ao falar de desigualdade no seu livro "A melhor democracia que o dinheiro pode comprar".
jeudi, juin 23, 2005
Peço desculpas
Direto de Bragança Paulista
Ou mesmo de que o álcool pudesse ser uma alternativa viável ao petróleo sem violentos subsídios. Ou como se muitos especialistas afirmassem que se gasta mais energia para plantar e produzir combustível de biomassa do que se obtém. Detalhes.
***
Tem rolado um certo espanto por quê o Centro Acadêmico do Curso de Direito da USP-Campus de São Paulo, publicou a seguinte nota no seu jornal: "Se não fossem escravizados, os negros não teriam sido trazidos ao continente americano. Por pior que estejam aqui atualmente, estão melhores do estariam na África atualmente.". Considerando o elitismo da USP, e as brigas mesquinhas e elitistas(Como se o curso de "grátis" que os caras têm não pesassem no bolso do contribuinte), isso não me surpreende nem um pouco.
***
Acho legal que se faça a tal CPI dos Bingos. Em especial se se investigar o processo de implantação deles no Brasil, levado à cabo pelo Governo FHC. Afinal, suspeitas de lavagem de dinheiro e envolvimento do crime organizado no jogo sempre existiram, ninguém sabe como funciona coisas como máquinas caça-níqueis, se isso paga imposto ou não(A própria regulamentação do negócio é inexistente) e ainda não me informaram se pelos bairros pobres de Las Vegas ou de Atlantic City você encontra tantas opções de jogo de azar quanto nos bairros pobres de São Paulo(Detalhe: nas duas primeiras cidades, o jogo é uma das principais fontes de renda, na última ele é teoricamente ilegal).
***
José Serra, aquele que prometia mundos e fundos com o mantra do "planejamento", tem quebrado um monte de promessas de campanha. Por exemplo, o passe gratuito para desempregados. Também tem implantado restrições ao bilhete único ao invés de ampliá-lo, como prometido. A integração do bilhete único com o metrô, se alguém acreditou, não vai rolar mesmo.
Era um tanto óbvio: coisas como o CEU e o Bilhete Único estavam tão relacionadas com o PT que dificilmente um prefeito de outro partido iria investir esforços na idéia(O Bilhete Único é promessa de campanha do PT há quase dez anos). Mas, votar tendo em vista a simpatia e a vida pessoal dos candidatos dá nisso, claro.
***
Quando você, a noite, estiver preso em algum cafundó, necessitando sacar dinheiro e não encontrar caixa nenhum aberto(Por quê quase todos fecham às dez da noite) ou mesmo quando estiver na fila quilométrica do caixa, lembre-se que o sistema bancário do Brasil é o mais moderno do mundo.
(Isso sim é um ufanismo bobo).
***
Os cem anos do vôo magistral do 14-Bis por Campos de Bagatelle fará cem anos ano que vêm. Não me consta de nenhuma comemoração ou filme em produção para comemorar uma data, que convenhamos, é bem mais importante que os Quinhentos anos da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.
E sim, isso seria bem mais interessante que aquelas propagandas cretinas do tipo "O melhor do Brasil é o brasileiro". E não, nossa próxima geração não pode acreditar que aquele trambolho dos Irmãos Wright(Que ninguém conseguiu produzir réplicas idênticas que voassem) fundou a aviação.
***
Sou contra a regulamentação da profissão de designer. Não li ainda o projeto de lei, mas acho que qualquer regulamentação da profissão é anti-constitucional. Como se a regulamentação para jornalistas tivesse feito outra coisa além de incentivar a construção de muito mais faculdades que o necessário para a área. Ou que fosse possível "fiscalizar" a questão(Como ficariam coisas como modelos para blogs? Teríamos que pagar um designer para fazer isso?).
E os mesmos designers que exigem a tal regulamentação adoram os bancos de imagens gratuitos(Que muitas vezes contam com vetorizações feitas tendo como base imagens sem a autorização do autor), os algozes dos fotográfos e ilustradores. Os mesmos que exigem respeito para a sua profissão não tem respeito pelo trabalho dos outros. Típíco.
***
Estou escrevendo de uma lan house à beira do Lago Taboão, em Bragança. Mesmo sendo feudo pessoal do Jesus Chedid, a cidade é deveras agradável. Nem ele estragou a cidade.
mardi, juin 21, 2005
Tirinha

Só para tirar o gelo de hoje, uma tirazinha. É só clicar aí em cima para ler.
E não olhem assim para mim.
lundi, juin 20, 2005
O efeito Daslu
1-) A imprensa é excessivamente voltada a produtos e coisas que seus leitores não podem comprar: Antes mesmo da inauguração da Daslu, o foco de boa parte da imprensa eram coisas como o Shopping Iguatemi, talvez o mais caro de São Paulo(Detalhe, sem cinema, opções de alimentação, ou seja, não é aquele lugar para passear), a Oscar Freire, as lojas de grife. Curiosamente, lojas que interessariam mais ao grosso dos leitores, como a FNAC ou mesmo shoppings como o Dom Pedro em Campinas, o Barra Shopping do Rio, têm uma cobertura infinitamente menor. Grande parte dos bares e restaurantes encontrados nos guias de jornais e revistas são direcionados para pessoas com um alto poder aquisitivo. Não vejo muito sentido em jornais e revistas de todo o Brasil dedicarem tanto espaço a um lugar que a esmagadora maioria dos seus leitores não podem nem passar em frente.
Eu brinquei com um amigo jornalista que jornalista deveria ganhar bem, já que estes só falam de produtos caros. Segundo ele, seria jabá. Bem, segundo este artigo do Correio da Bahia(!) sobre a boutique, o jornalista viajou a convite da Daslu. O que deve explicar muita coisa.
2-) A Daslu, claro, é mais um efeito que causa. Não é a causa da desigualdade social, mas é de arrepiar as espinhas a existência de uma rede de gastos tão forte num país como o Brasil. Claro, de nada adianta choramingar, mesmo porque essa rede de luxo não surgiu agora.
3-) O problema que essa sede do luxo, ao meu ver, é uma variante do fato de você encontrar muito favelado ou usuários dos trens da CPTM com destino aos lugares mais miseráveis da capital. Provavelmente, os ricos, assim como os pobres, estão gastando um dinheiro que não têm. Como muitos desconfiam, é um dinheiro que em grande parte, antigamente costumava ser gasto com caridade ou com patrocínio de obras de arte. O MASP, fundado com o esforço de Assis de Chateaubriand, está enfrentando problemas financeiros, como boa parte dos museus do país.
4-) Também erram os defensores ardorosos do papel "social" ou mesmo econômico da loja. Afinal, a loja trabalha com importados. E não sei se é algo que vai atrair estrangeiros para esquentar a economia.
(Os detratores conservadores também erram por quê em grande parte a desigualdade social do Brasil é justamente construída pelo Estado, que privilegia seus gastos com poucos, e arrecada de todos).
E afinal, ninguém sabe se um empreendimento desse porte não irá falir em menos de dois anos.
Falsidades
Já Vila Madalena tenta se parecer com algo mais europeu. Lá, todo mundo quer pagar de intelectual, de boêmio, mesmo que seja apenas estudante de direito na Unip. Mesmo que os bares sejam caros e estejam com segurança na porta, todos querem ter um aspecto rústico. Com suas lojas de badulaques bregas que tentam passar por grande arte, de lugar sofisticado(A Vila Madalena é um bairro do distrito de Pinheiros, conhecido como um bairro comercial e meio deteriorado. Então, toda casa meio chique de Pinheiros diz que fica na Vila, mesmo que não fique. Meio exclusão social: Pinheiros é só para casa de samba, forró e outras coisas mais do povão). Além do mais, o lugar fica em torno de um cemitério. Imagine-se, encontrar um zumbi depois da noitada.
Claro, para piorar, de noite, é o lugar mais fácil para se perder do mundo, a não ser que você esteja perto da Cardeal Arcoverde ou de alguma outra avenida grande. Isso sem contar, que, bem, o que dizer de um lugar com nomes de ruas como Girassol, Wisard, Purpurina(?), entre outros.
Mas, bem, resolvi enfrentar o lugar para ver pessoalmente o Prof. Idelber Avellar. Leiam, o relato dele, que está bem interessante. Tirando o fato mentiroso de que eu conheço muito sobre a imprensa americana.
Também conversei com o Ricardo Montero e sua dignissíma, sobre um par de assuntos, principalmente sobre coisas como Mairinque e a Estrada de Ferro Sorocabana. Vai entender. Conversei também com Iraldo, que bem, é muito diferente da imagem que eu tinha dele. E sim, com o Doni e Beat.., digo, Luis Biajoni.
dimanche, juin 19, 2005
Bichinhos
Em segundo lugar, é uma intromissão inadmissível no cotidiano das pessoas. Os defensores dos animais argumentam que existem bons circos como o Circo Soleil, que não usam animais. Ora bolas, quem decide sobre o tipo de espetáculo a ser oferecido são os donos e os empregados do circo. Ademais, se a questão é maltrato ou ainda risco aos frequentadores, francamente, bastaria um mínimo de fiscalização.
Aliás, creio que existem outros riscos aos animais que os circos, como a degradação de ambientes inteiros.
***
Os tais defensores querem fazer uma passeata em frente da Daslu por causa da venda de peles dentro da loja(Não me pergunte sobre o problema em se usar peles de animais criados no cativeiro). Ou seja, a Daslu está superando o Consolado dos EUA como foco principal das manifestações em São Paulo.
vendredi, juin 17, 2005
O mundo é uma droga.
Este é uma boa para mostrar a quem defende a guerrinha canalha de Bush e tem ataques histéricos com posições contrárias. O filme é montagem de várias imagens, algumas da Al-Jazeera, outras não. O mais chocante, claro, são as cenas de crianças chorando, algumas todas queimadas, no hospital.
***
O outro é de uma cena de prisão, por desacato, de uma mulher na Flórida, que é retirada de seu próprio carro após levar dois choques de 50 mil volts de um taser, pór um policial. O som, da mulher gritando e chorando, é de arrepiar.
O uso dos chamados tasers, armas de choques elétricos, por parte de policiais tem sido alvo de bastante críticas. É uma arma bem mais violenta do que parece, podendo inclusive causar sequelas permamentes. Estudos apontariam que em 80% dos casos, ela seria usado contra índividuos desarmados. Em 36% casos seria por desacato, mas em apenas 3% doa casos contra ataques mortais. O pior que muitas vezes ela é usada contra adolescentes ou mesmo crianças.
jeudi, juin 16, 2005
Irá Bush retomar o Alistamento Militar obrigatório?
Mas bem, uma das razões pela qual a invasão ao IRaque era uma coisa absurdamente idiota é que uma coisa é você devastar e destruir um país com misseis e bombas como os americanos fizeram na Sérvia, outra muito diferente é ocupar e trocar o governo de um país. Não se ocupa e controla um país sem um número absurdo de baixas. Foi uma das razões pela qual eu sempre fui contra a guerra: não só era uma imoralidade contra os iraquianos, que além de asssistirem a destruição de suas vidas, propriedades e valores morais e religiosos mais caros(Quem conhece minimamente o islamismo sabe como o tratamento dispensado pelos soldados às iraquianas deve doer para o muçulmano médio), como era uma guerra que iria custar muito caro, tanto financeiramente quanto em termos humanos aos americanos.
A HR. 163, que pretendia retomar o serviço militar, foi derrotada por 404 a 2 na House of Representatives, mas cada vez mais militares tentam enxergar o alistamento como solução. Afinal, cada vez mais os militares tem dificuldade em alistar malucos para morrer no Iraque. Embora, muitos achem que o alistamento militar é o que falta para que esta guerra se transformar num Vietnã: uma massa de jovens enviada com pouco treinamento para o campo de batalha.
Embora, alguns ironicamente defendam o alistamento como uma forma rápida de acabar com as guerras que os EUA se metem.
Jackson e os padres
(...)
Contrastando com esse processo no Condado de Santa Bárbara com o desgraçado julgamento do Padre Stanley que foi condenado em Massachusetts este ano, baseado num testemunho muito mais frágil que aquele que o juri rejeitou no caso de Jackson.
Stanley foi considerado culpado no não-corroborado testemunho das "memórias recuperadas" de abuso de um homem nas mãos de Stanley muitos anos antes. Paul Busa alegou que Stanley havia o retirado de aulas religiosas e sexualmente abusado dele por anos, desde de quando ele tinha seis anos. Nem uma única testemunha entre aqueles que trabalharam na escola puderam corroborar essas memórias de qualquer forma.
Nesses dias, a "memória recuperada" estava basicamente desacreditada. O juiz deveria ter abandonado o caso. Ele foi pego na histeria. O advogado de defesa poderia ter feito um ataque mortal contra as memórias recuperadas assim como os advogados de Jackson o fizeram com a mãe "sequestrada". Mas o advogado de Shanley não estava pronto para o desafio.
Então, Shelley, 74 anos, encarou uma sentença de 12 a 15 anos de prisão num caso em que o clima de linchamento gerado pelo Boston Globe e outros orgãos da mídia teve um efeito decisivo tanto no juri quanto no juiz. Os promotores deviam saber o quão sortudos eles eram. Sabendo da fraqueza do seu caro, ano passado ofereceram a Shanley dois anos de prisão domiciliar. Ele recusou, insistindo na sua inocência.
Iaao mostra que culturalmente e intelectualmente o Condado de Santa Bárbara é cem anos mais iluminado que o lar dos julgamentos de bruxas, a Comunidade de Massachusetts. Mas que condado na América não é?
ALEXANDER COCKBURN e JEFFREY ST. CLAIR na Counterpunch
Finalmente, uma visão sem histeria e equilibrada dos "estupros" dos padres em Boston, após anos e anos com todo mundo falando e escrevendo como se padre fosse sinônimo de pedófilo ou como se ainda mais nos EUA esse tipo de acusação não fosse bastante frágil.
Irônico que justamente uma revista esquerdista tenha decidido defender a Santa Igreja Católica.
Duplicações
Tem se falado na duplicação de várias rodovias federais importantes. Mas até que ponto o processo vale a pena sem se retificar as curvas e elevações? Eu não vejo tantas diferenças entre uma rodovia de via simples de traçado ruim e outra duplicada e de traçado ruim.
Mesmo porque, na duplicada, os motoristas terão que desembolsar pedágio. Que ao menos esse valor fosse compensado por uma boa rodovia, não uma rodovia ruim de via dupla.
mercredi, juin 15, 2005
Ponto positivo do circo
Há o bisonho fato de METADE da população se concentrar em três estados(Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais), que contam com uma representação desigual dentro do Congresso, o que é absurdamente anti-democrático. Também seria necessário substituit os cargos de confiança por concursados, diminuir a estrutura administrativa e burocrática estatal.
Também sou a favor de se descentralizar as funções estatais. Por exemplo, ao invés de se ter Secretarias e Ministérios da educação, poderiam existir Conselhos de educação, eleitos por pais e professores, que receberiam uma quota fixa da arrecadação para manter as escolas. Isso feito sem interferência do Executivo. Isso evitaria o uso político do sistema escolar, como ocorre com muita frequência. São questões, estas sim, que deveriam estar sendo discutidas nos jornais e nas ruas.
O circo
Eu não consigo acreditar nessa história de mensalão. Não só porque Lula tem tido uma dificuldade imensa em passar projetos quanto que é muito mais simples seguir a tradição de liberar verbas ou cargos de comissão. Trinta mil reais por mês do orçamento de partidos para cada deputado é *muito* dinheiro.
Claro, o Governo Lula tem problemas, como uma taxa tributária alta e desproporcional. Mas são justamente esses problemas que deveriam ser discutidos, não fantasias. Que acusações tão graves e ao mesmo tempo frágeis, apresentadas sem provas, consigam convencer tanto a imprensa quanto boa parte da população é algo no mínimo tenebroso.
***
Antes de falar do suposto mensalão, os tucanos deveriam se lembrar de uma Usina Hidrelétrica localizada no Rio Paraná em Rosana, extremo oeste de São Paulo. Também chamada de Usina Sérgio Motta.
***

Isso sim que é uma notícia de destaque, não o circo do Roberto Jefferson.
* Atualização: Sim, no depoimento de terça Jefferson citou nomes, como de Valdemar da Costa Neto. Então, creio eu, os nossos inteligentes jornalistas irão conseguir rastrear algum gasto imcompatível com os vencimentos dos nomes citados se a história do tal mensalão for verdade. Uma mansão caríssima, carros importados, alguma coisa assim. Se não surgir nada desse gênero, bem, para mim essa história é tão verídica quanto os ETs capturados pelo Exército americano.
mardi, juin 14, 2005
Olhar no passado

Anúncio, acredito eu, do governo paulista, sobre a evolução dos transportes em São Paulo, de 1954. Tanto a Via Anhanguera quanto a Via Anchieta, recém-construídas, aparecem em destaque. Não fala nada das ferrovias da Cia Paulista de Estradas de Ferro, provavelmente as mais modernas do país então(Ela estava no seu auge), porque estas estavam em mãos privadas então.
De qualquer forma, é interessante notar a então mudança de enfoque. Isso num país que quase não tinha carros.
Note o auto de linha ao fundo.
Então
Daí, algumas semanas atrás o Sunday Times, um dos maiores jornais de Londres, publica um memorando de 2002 do MI-6, o serviço secreto britânico, avisando Blair de que Bush iria atacar o Iraque e que justificativa a ser usada para tal seria a das armas de destruição em massa e terrorismo e que os fatos deveriam ser ajustados para tal. Em suma, isso *prova* que a guerra foi fundamentada numa fraude. E foi algo publicado na grande mídia.
Considerando que quiseram depor Bill Clinton por ter mentido por um caso extra-conjungal, Bush deveria ter sido enforcado após a revelação deste memorando.
lundi, juin 13, 2005
Este é o cara
Seção de Fofocas
Se bem que são os mesmos posts do blog do Anti-war.
***
Robert Fisk lançará seu novo livro, The Conquest of the Middle East, em novembro. Bem que alguma alma caridosa ou alguma cabeça da Revolução Gramsciana(A esquerda, afinal, adora Robert Fisk) aqui no Brasil poderiam publicar o livro aqui no Brasil.
***
Se você domina bem o inglês, LEIA a resenha que Fisk faz de Crusada aqui. Fisk, um renomado analista político e correspondente estrangeiro, fala do filme tendo em vista a reação da platéia em Beirute, no Líbano. A resenha está tão boa que deve ser lida do início ao fim.
Uma ótima mistura de análise política com crítica de cinema.
***
Thomas Friedman, do New York Times, está de férias na Índia. Espero que da próxima vez ele tire férias no Sudão ou em Angola. Aliás, Alexander Cockburn da Counterpunch faz uma cobertura interessante sobre a questão.
***
Morgan Spúrlock, depois de passar trinta dias comendo no McDonald´s, irá passar um mês sobrevivendo em Ohio com salário mínimo junto com sua noiva numa série para a TV a cabo.
Sorte que ele não nasceu no Brasil. Sobreviver com o mínimo brasileiro iria ser dureza...
dimanche, juin 12, 2005
Amor e ódio
1-) A polícia é um dos grandes braços físicos do Estado. Se a polícia passa a ter carta branca para espancar criminosos ou ainda, se fugir do controle da lei, estamos a meio passo da tirania. Se o policial fere a lei ao bater num ladrão, nada impede que ele fira a mesma lei para vender cocaína ou extorquir comerciantes. Também não é papel do policial julgar nem prender.
Eu pessoalmente dispenso que a polícia interfira na minha liberdade pessoal, o que inevitavelmente ocorre com as políticas de "tolerância zero"(Nos EUA, já prenderam uma menina de doze anos que cometeu o grave crime de comer batatas fritas no metrô). Já não nos bastam os criminosos, agora temos que encarar a violência da polícia também?
2-) Penas duras não é garantia de segurança. Primeiro, assaltantes em geral mal-sabem a quantidade de anos que podem ficar presos. Segundo, ninguém assalta banco pensando na menor possibilidade de ser preso. Seja para ficar preso dois, três anos, o que seja.
3-) Uma polícia dura com criminosos não precisa ser necessariamente fora da lei.
4-) Criminosos não são uma casta única. Não faz sentido achar que um avião do tráfico mereça porrada da mesma forma que um estuprador. Ou que todo preso seja uma ameaça mortal, ainda mais num país em que boa parte dos presos são traficantes pequenos.
5-) O que dá medo não é ódio aos criminosos(O que muitas vezes se traduz num ódio ao pobre), mas o amor que esse povo nutre pela polícia, em especial por uma polícia violenta e que coibe as liberdades individuais. O que nos leva a desconfiar que esse povo nunca foi assaltado: é dificil adorar a polícia quando se o tratamento que lhe é dispensado ao registrar ocorrência. Ou ainda pelo fato da polícia não aparecer quando você está lá, com arma na nuca.
Eis um passo que pouco se pensou: o fascismo que resplandesce não das palavras de ódio ao criminosos, mas nas palavras de amor à polícia.
***
O Brasil é maravilhoso. O governo fala como social-democrata, o povo fala como fascista.
***
Falando nisso, pede-se mais uma vez a renúncia de Saulo Abreu de Castro, o Secretário da (in)Segurança de São Paulo. Isso nunca é demais para o chefe de uma das polícias mais violentas, corruptas e racistas do país.
Pera lá
Não adianta querer que o presidente, seja lá quem for, faça tudo.
Ideologias são coisa de gente que não tem o que fazer
A maioria dos defensores do anarco-capitalismo são fãs de automóveis. Curiosamente, o transporte por meio de automóveis só é possível por causa de uma generosa subvenção do Estado(Foi a concorrência com as auto-estradas financiadas pelo erário americano que levaram a decadência grande parte das gloriosas ferrovias privadas da costa leste americana). Imagino como seria um mundo anarco-capitalista, aonde a pessoa pagaria pedágio para sair de casa. Provavelmente, ninguém usaria o carro.
Os defensores do comunismo utópico ignoram que entre as pessoas existem diferenças e que qualquer agrupamento social gera atritos. Aliás, talvez os próprios comunistas sejam uma das facções políticas com maior quantidade de divisões entre si. E com maior quantidade de atritos.
Isso sem contar que os defensores de ideologias nunca as aplicam na sua própria vida pessoal. Liberais não titubeiam em fazer concurso público e faculdade pública, sem nunca doar dinheiro para a universidade. Socialistas adoram os bens de consumo do mundo moderno.
Você pode descobrir o grau de ocupação de uma pessoa pela quantidade de vezes em que ela fala de direita, esquerda, socialismo, liberalismo, anarquismos e similares. Quanto maior a quantidade de vez que ela fala nessas coisas, maior o grau de ocupação. Se ela começar a citar autores como Hayek ou Karl Marx, ou ainda se auto-intitular libertário, neo-con, neo-keynesiano ou sei lá o quê, é um desocupado profissional.
P.s: Sim, é mais um post para causar polêmica.
samedi, juin 11, 2005
Por quê escola virou calendário?
Poucas diretoras e professoras conseguem explicar a necessidade desse tipo de "comemoração". Afinal, falar de festas católicas é contra a separação entre Estado e Igreja, e bem, imagino a atrocidade que é obrigar uma criança orfã a fazer presentinho de dia das mães. Tanto que os Parametros Curriculares Nacionais não recomendam.
Depois, claro, se pergunta por quê as crianças saem sem saber ler da escola.
Latininhas
***
Não deixa de ser irônico que muitos defendiam que Pelé seria superior a Maradona por este ser "limpo", quando vemos o filho do primeiro preso como traficante.
(Como pessoa, eu prefiro Maradona, que é sincero. Os dois lá tem seus podres, como Pelé dizendo que o Brasil seria um país melhor se Maluf tivesse sido escolhido presidente ou Maradona com sua amizade com Fidel Castro. Mas o argentino é mais rock´n´roll, faz o que quer da sua vida, não fica puxando o saco da FIFA nem da CBF. E bem, querendo ou não, hoje é preciso peito para sssumir uma amizade com Fidel).
***
Evo Morales, líder dos cocaleros da Bolívia, este sim, tem todo o potencial para ser um novo Fidel Castro. Este sim usa um discurso de fonte marxista, seus protestos contam com usos de posteres de Che Guevara e similares.
A Bolívia está numa situação complexa. De um lado, o gás natural, num mundo cada vez mais carente de fontes de energia, é um recurso cada vez mais valioso, o que justificaria a pressão dos movimentos sociais. O país deve tirar proveito disso. Por outro, a Bolívia, um país sem acesso ao mar, pobre,sem grandes industrias, depende dos seus vizinhos. Não é muito produtivo nesse caso querer transformar o Brasil ou a Argentina em agentes imperialistas.
***

Se eu pudesse, eu casava sem pensar duas vezes com a cantora mexicana Julieta Venegas. Entregaria, sem pensar duas vezes, minha vida à ela.
Ela tem uma beleza incrível, ao mesmo tempo comum, ao mesmo extraordinária. Ela tem uma simpatia única. Ela tem uma voz belíssima, afinada, meiga. Como só as cantoras de música latina têm. Ela quase que chora, ela dá risada ao cantar, ela interpreta, seja nos palcos, seja nos video-clipes. Ela compõe, ela todo tipo de instrumento, do violão ao acordeão, ela é quase que uma maestra para sua banda. Seja no Gran Rex, seja no Festival de Viña del Mar, ela levanta multidões.
E sí, tem um dos sotaques mais bonitos que pode sair da boca de uma mulher: o mexicano.
Temas que ninguém aguenta mais ler,.,,
* Mulheres bem sucedidas, bonitas com quarenta anos sozinhas, que acham que isso assusta os homens..
* Tribos de adolescentes.
* Sexo durante a adolescência.
* Gravidez durante a adolescência.
* Qualquer coisa de adolescência.
* Independência financeira.
* Pessoas atrás de qualidade de vida, não de dinheiro.
* Terapias alternativas.
* Orkut, blogs ou alguma coisa semelhante.
vendredi, juin 10, 2005
O fim do subúrbio
O Suburbia do título são os subúrbios americanos, os bairros afastados das grandes cidades americanas, praticamente na Zona Rural. São um dos estilos de vida mais custosos ao meio ambiente que existem, uma vez que exigem que seus moradores façam quase todas as suas funções básicas de carro. Pior, muitas vezes exigindo o transbordo de carro ao trabalho, por dezenas de quilômetros.
O filme parte de uma perspectiva pessimista com relação à possibilidade de esgotamento de petróleo. Considera não haver alternativas: as fontes eólicas e solares são ineficientes, as reservas de gás e carvão natural estão a caminho do esgotamento, mesmo o urânio irá se esgotar, o etanol e a bio-massa são ineficientes, de que consomem mais energia no seu plantio e na sua produção(Nem haveria terra suficiente para sua produção), de que o hidrogênio é uma piada(Ele seria uma fonte de armazenamento de energia, não de energia, cuja a produção consome mais energia que produz). Os autores entrevistados prevêm inclusive guerras pelo controle de reservas. Eles consideram o atual padrão de vida dos americanos insustentável, de que existirão pressões políticas para mantê-lo, e que isso poderia levar a anos de recessão generalizada. O estilo dos subúrbios é altamente criticado por destruir áreas agrícolas e reservas de verde.
Bem, esse estilo de vida vêm sido seguido à risca aqui no Brasil, em especial no interior de São Paulo(Inclusive, os anúncios dos condomínios seguem o mesmo padrão do usado aqui: uso de motivos da natureza, com nomes de animais). Os efeitos já são sentidos: muitas cidades do interior já enfrentam problemas típicos de cidade do interior, já existem problemas ambientais relacionados à esses empreendimentos, isso afeta negativamente os fluxos das rodovias, já que esse tipo de empreendimento é feito à beira de auto-estrada.
A péssima estrutura de transportes tem feito a ocupação urbana estar sendo feita da pior forma possível. A classe média foge dos altos preços dos alugueis de São Paulo para cidades servidas por rodovias, enquanto os pobres se amontoam nas cidades servidas pelo trem de subúrbio.
Por exemplo, de 1991 para cá: Sorocaba(90 km a oeste da capital) passou de 374,108 habitantes para quase 521,500! Isso é quase o dobro de aumento. Itapevi, uma cidade dormitório paupérrima na extremidade de uma das linhas dos trens de subúrbio que servem a capital, passou de 107,976 para 179,200 no mesmo período. Caieiras, à beira de uma das linhas de trens, de 37,770 para 78,000(!). Louveira, a beira da Via Anhanguera, região de Campinas, de 14,131 para 24,000. Isso enquanto a maior parte das regiões do interior mais distantes têm tido crescimento inexpressivo ou mesmo negativo. Isso no Estado de São Paulo, mas a degradação de áreas urbanas em outros espaços tende a causar o mesmo efeito, como já se enxerga no Rio de Janeiro.
O desenvolvimento de uma ocupação mais racional do espaço, tanto nos grandes centros urbanos como no interior, com uma rede de transportes mais planejada. Menos gastos com rodovias, mais com trens. Vale lembrar que o Brasil não tem tanta verba para manter esse estilo de vida como os americanos puderam bancar, com a construção de mais e mais rodovias.
Mas claro, como as imobiliárias e construtoras são algumas das maiores anunciantes dos jornais, todo mundo deixa isso de lado.
P.S: O End Of Suburbia é um bom documentário. Apesar de engajado, tem um tom mais sério que o Michael Moore ou Morgan Sporlock. Pode ser encontrado com facilidade em redes peer-to-peer, como o E-Mule.
jeudi, juin 09, 2005
Política e eu
De qualquer forma, minha relação com o governo Lula sempre vai ser de resultados. A figura do presidente ao meu ver é irrelevante - ele é só um burocrata-mor. Modelo ético, nunca acreditei. Política e ética na mesma frase são contrasensos, e bem, não vejo da atual oposição ao governo federal nenhum modelo "ético". PFL? PSDB? Fala sério.
***
Não falo tanto do governo federal porque ele tem relativa pouca influência na minha vida. Em áreas como saúde, transporte e educação, quem de fato define as coisas são as prefeituras e os governos estaduais. Transporte, talvez por São Paulo não se prender tanto a rodovias federais, idem. Segurança também.
***
Em termos práticos, não vemos muito resultados no governo Lula. Temos uma carga tributária arrochante, ainda temos várias falhas em termos de infra-estrutura. Em termos de educação, não vi nenhuma medida de fato interessante. O Prouni é interessante até, mas não passa de paliativo. E não se falou em tornar o Ensino Médio obrigatório nem em aumentar em um ano o ensino fundamental, as idéias de Cristovam Buarque que me pareciam mais interessantes. Temos o sistema de metas de inflação, que é um absurdo. O país continua com graves problemas de infra-estrutura. Lula também parece ignorar o problema da burocracia e da informalidade.
Até agora, Lula tem se parecido com FHC, só quê, detalhe importante, muito mais comedido. Até agora o país não passou por um grave racionamento de energia, não assistimos a mais uma farra cambial, com o dólar sendo sustentado artificialmente à preços baixos. Lula também não fala somente em atrair venda de títulos nem coloca a culpa dos seus erros nos mercados estrangeiros como FHC fazia.
***
Eu tenho também uma certa birra com o PSDB em geral. No fundo, tudo começou quando eu estava no colégio. Eu fazia um colégio técnico estadual. Na época, era uma opção geralmente razoável de "ensino médio", um pouco acima da média da rede pública, aonde você fazia um curso técnico integrado ao colegial. Aí, mesmo com a oposição dos alunos e professores, o Ministro da Educação da época, Paulo Renato de Sousa, e a secretaria de Educação do Sr. Mário Covas, quis passar um projeto de reforma no ensino técnico. Separaram os dois ensinos, e o técnico só poderia ser feito por quem estivesse formado no ensino médio, ou ainda no segundo ano deste, num outro período.
Só sei que usaram de tanta arrogância para defender a idéia, como se nós, estudantes de quinze anos, não soubessemos o que queríamos da vida. Era aquilo que Paulo Renato parecia falar. Ou ainda uma tentativa de nivelar o ensino por baixo.
No fundo, identificaria o PSDB com essa arrogância, com um sistema administrativo que combinava tributos pesados com serviços públicos ruins.
Para falar a verdade, não vi nada de genial em mais de dez anos de governo do PSDB em São Paulo. Também veria, na prática, coisas terríveis na rede estadual de ensino público ao trabalhar nela. Coisas como laboratórios de informática, comprados pela Secretaria Estadual de Educação, sem uso, porque era inviável usar dez computadores para salas com quase cinquenta alunos.
mercredi, juin 08, 2005
O que o Geraldo Alckmin fala?
Ao explicar também as monstruosidades do seu Secretário de Segurança, ele poderia também explicar porque todas as grandes obras públicas da sua gestão são orçadas a valores rídiculos, absurdamente abaixo dos valores utilizados em obras de porte semelhante, para depois de quando prontas custarem até três vezes mais que os valores orçados(Caso do tramo oeste do Rodoanel, que foi prçado a menos da metade do quilômetro da Rodovia dos Bandeirantes, que tinha exigências técnicas bem menores). Afinal, se for assim, para quê licitação, se ela não é respeitada? ESSE detalhe é muito mais sério que parece. É muito pior que uma tropa de Waldomiros. Ou ainda explicar porque a Orquestra Sinfônica do Estado faz concertos Brasil afora, ao invés de fazê-lo pelo interior do Estado(O contribuinte paulista, que patrociona a orquestra, não pode nem assistir aos concertos). Não seria uma forma de autopromoção?
Não sei porque Geraldo Alckmin perde mais tempo falando do governo dos outros que do desastre que é a sua gestão. Parece amputado tirando sarro de aleijado....
***
Aliás, o PSDB da compra de votos da reeleição não tem *moral* para pedir CPI de porra alguma.
Eles que limpem as privadas
Há aqueles que reclamam da perda da "identidade cultural", da segurança e outras viadagens. Foi só matarem um cineasta quase desconhecido na Holanda para todo ficar em pânico como se houvessem turbas de árabes nas ruas ameaçando as pessoas. Grande merda: eles que fiquem com sua identidade cultural, sua pseudo-sensação de segurança e que façam o serviço sujo. Que limpem as privadas, lavem os pratos, carreguem os tijolos no lugar dos imigrantes. E claro, pelos trocados que os imigrantes receberiam. Senão, claro, as indústrias irão preferir se instalar em países do terceiro mundo. E daí que a produção agrícola não seria capaz de competir com a produção dos países latino-americanos e africanos, que contam com condições climáticas extremamente mais favoráveis. Subsídios não são uma solução a longo prazo. Ou ainda a indústria de informática americana conseguiria sobreviver sem a mão de obra estrangeira formada com o dinheiro do contribuinte de países como a Índia e o Paquistão.
Quem perde com a imigração são os países que cedem mão de obra, não quem recebe. Mesmo porque a mão de obra altamente capacidade que sai dos países pobres, como médicos e enfermeiros, faz falta para muitos países africanos.
mardi, juin 07, 2005
Citação da Semana
Depois da morte de um cineasta holandês menor, que queria notoriedade ao fazer um filme calunioso e obsceno sobre Islã, normalmente civilizados holandeses irromperam numa onda de racismo anti-muçulmano. Isso, e o péssimo negócio que foi a União Européia para a Holanda, levou ao voto no não".
(...)
Americanos anti-franceses sabem-nada não tem razão para caçoar. Os EUA importam ao ano 700 bilhões mais que exportam, financiando este déficit monstruoso com empréstimos com ares de pirâmides da China Comunista e do Japão. O Welfare etate da Europa pode ter causado estagnação, mas ao menos os europeus enterrados em dívidas com dois países sem amor pelo Ocidente. Nem presos em duas guerras coloniais sem vitória à vista que custaram à América mais de 300 bilhões de dólares.
ERIC MARGOLIS, no Toronto Sun.
lundi, juin 06, 2005
Apagão Logístico
Retiraram os trilhos do perímetro urbano de Campo Grande, preparam-se para fazer o mesmo em Curitiba e outras capitais. A nova Transnordestina vai evitar os grandes centros urbanos(O que nos leva a crer, assim como nas retificações feitas pela FEPASA, que o transporte de passageiros vai ser inexistente ou deixado num segundo plano). O que cada vez mais perpetua a imagem que existe desde dos tempos dos militares: ferrovia somente utilizada para exportar produtos primários(È medonho pensar que o Ferroanel de São Paulo, o que teoricamente excluiria de uma das maiores regiões metropolitanas do mundo o tráfego de trens de carga, que só passam pela região). Isso por quê sem isso nossos produtos dificilmente são competitivos no exterior.
É preciso pensar à longo prazo. Em pouco tempo, o fluxo de pessoas entre uma cidade a outra vai exigir um transporte ferroviário moderno(Já se prevê hoje o colapso do sistema Anhanguera-Bandeirantes entre São Paulo e Campinas, com uma rodovia de pista dupla e outra com duas pistas de três faixas). Ônibus não se apropriarão para um transporte de uma cidade a outra, tanto pelos transtornos quanto pelos custos ou pela poluição. Vai chegar um tempo que nem os terminais nem os centros de muitas cidades suportarão tanto tráfego.
Retirar os trilhos das grandes cidades é uma medida suicida. As pessoas precisam ter fácil acesso à estação para embarcarem(Em vários trechos retificados da FEPASA, as pessoas deixavam de viajar de trem pela distância das estações de lugares habitados), o custo de desapropriações ou túneis para se construir novas linhas dentro de áreas urbanas seria proibitivo. Afinal, as estações já existentes já ficam dentro de locais privilegiados. Poderia-se tranquilamente constuir retificações fora das áreas urbanas.
Mas claro, no Brasil ninguém administra pensando no futuro. Por exemplo, o metrô nas grandes cidades poderia ser construído também para ordenar o crescimento urbano, tendo em vista as possibilidades de crescimento de determinado lugar. Ao menos no São Paulo e no Rio ele só vêm sendo construído em grandes adensamentos populacionais, cujo os eixos de tráfego já estão sobrecarregados(Tá, o trecho da Linha 5, Largo 13-Capão Redondo, do metrô paulistano seja uma eleição, talvez por ser uma obra tipicamente eleitoreira).
***
Há quinze, dez anos atrás, pipocavam projetos de metrôs leves Brasil afora. Hoje, cada vez mais se vai na direção dos ônibus. Mesmo em corredores de tráfego pesado e em áreas densamente povoadas, que exigem transporte de massa.
O monotrilho, uma ótima solução de transporte para cidades de porte médio, inexiste no Brasil. Só tínhamos duas opções: um, caindo aos pedaços em Poços de Caldas, e o do Barra Shopping, no Rio de Janeiro, que foi fechado. Cada vez mais se caminha para transformar os projetos de um VLT na Baixada Santista em corredor de ônibus, e o caminho que pelo visto caminha o abandonado VLT de Campinas. Muitos gostam de argumentar que VLTs, tramways e submetrôs são caros. Mas ônibus é tremendamente caro também. Ele aumenta os gastos com a manutenção de vias urbanas, e ao contrário de transporte sobre trilhos, precisam ser trocados em pouco tempo. Um ônibus com sete anos de vida está em final de vida útil, um trem com a mesma idade é praticamente novo. Locomotivas que a Companhia Paulista de EStradas de Ferro havia comprado nos anos 40 eram bem utilizadas em 1996.
Ônibus em termos de trânsito é uma solução pouco prática. Não raro ônibus costumam ser a causa principal do congestionamento de muitas ruas. Além do quê, por ser uma solução pouco atrativa para quem tem carro, têm poucos efeitos sobre o trânsito.
***
É uma atrocidade que se reclame do preço do metrô e similares, já que ninguém acha um absurdo o custo que obras viárias como o Rodoanel podem ter. Ou mesmo de túneis, viadutos e outras coisas.
***
E sim, muitos se perguntam porque as pessoas preferem andar de carro à andar de ônibus, como se financeiramente, em termos de tempo ou de conforto o carro seja muito mais vantajoso. Afinal, depende de transporte público no Brasil é gastar quase o mesmo que se gastaria com gasolina em passes em muitos casos, viajar desconfortavelmente, muitas vezes de pé, apertado, gastar uma fortuna com táxi ou ainda ter que dormir na rua ou ficar acordado até cinco da manhã se quiser ter vida noturna(Já que os ônibus costumam sumir depois da meia noite).
***
Para finalizar, por quê não se constrói uma ligação ferroviária entre Taubaté ou São José Dos Campos e São Sebastião? Isso facilitaria a exportação de produtos apartir do Vale do Paraíba. Também seria uma opção ao trecho da antiga Santos-Jundiaí, que corre o risco de ficar sobrecarregado, além das filas e estrutura logística ruim do porto de Santos. E claro, aí sim São Sebastião seria uma opção boa. Se fosse construído uma ligação entre São José dos Campos e a estação de Boa Vista, em Campinas, seria uma opção excelente para a soja que vêm do Centro-Oeste pela Ferronorte- que hoje segue uma rota pouco racional de Campinas até a região de São Roque, e daí até Santos, num estranho zigue-zague oeste e leste.
Claro, politicamente não seria interessante, ainda mais que correria o risco de colocar Sepetiba, em que o BNDES já enterrou muito dinheiro, numa posição ainda de menor destaque.
Mas como já me foi comentado, um porto de águas profundas como São Sebastião, sem ligação ferroviária, é coisa de Brasil.
***
Há o ponto do financiamento também. É de se surpreender que alguém consiga querer enterrar dinheiro em obras de infra-estrutura, considerando a tendência de séculos do governo em quebrar contratos - desde dos tempos de Mauá até Olacyr de Moraes, que quebrou com Ferronorte, quando o governo paulista demorou sete anos para terminar uma ponte sobre o Rio Paraná. Passando, claro, pelo rídiculo processo de encampamento por parte do governo paulista da Cia Paulista de Estradas de Ferro.
A empresa mais interessada e indicada para a obra, a MRS Logística, teve seu contrato de concessão quebrado pelo governo, ao autorizar que a concorrente Brasil Ferrovias usasse sua faixa de domínio para fazer uma nova linha de acesso à Santos.
O que talvez explique a insistência de Lula para que os chineses financiem obras desse tipo...
samedi, juin 04, 2005
Respeito por você é isso aí
Só uns quinze, vinte minutos depois do ocorrido surge um segurança, que chama outros colegas para conduzir o senhor numa maca, aos trancos e barrancos(Pela idade que ele aparentava, dificilmente deve ter ficado sem quebrar algum osso ao cair lá do alto. sendo que provavelmente eles deveriam ter esperado o resgate aparecer). Nenhum médico, enfermeiro ou equipe de resgate apareceu. Foi uma operação pessimamente mal-conduzida, demorada, com todos erros que seriam possíveis fazer, inclusive com gente mexendo na vítima. Isso numa das estações mais movimentadas do sistema.
Rídiculo, numa mostra total da falta de segurança que os usuários da CPTM estão submetidos. É esse o respeito por você que o governo estadual fala nos seus anúncios?
jeudi, juin 02, 2005
Em São Paulo...
Caso isso se confirme, é um abuso de poder intolerável. Mais do que nunca, sua demissão se torna necessária.
***
Há funcionários da Prefeitura de São Paulo reclamando de atrasos no pagamento.
***
A seguinte mensagem tem passado de email e email por aí. Não me responsabilizo pelo seu conteudo, embora pelo que seja dito deve ser verdadeiro.
RELATO DE UMA EDUCADORA DO CEU
ATUAL GOVERNO TRANSFORMA CEU EM DEPÓSITO DE CRIANÇAS
Depois de tentar acabar com e lei de fomento ao teatro, expulsar o espaço CUCA (Centro Universitário de Cultura e Arte) do Clube Municipal Raul Tabajara e outros desmandos, a prefeitura de São Paulo ataca mais uma vez. Os sorteados dessa vez são os 21 CEU´s implantados na cidade. De maneira irresponsável, autoritária e totalmente demagógica, a secretaria de educação comandada pelo Sr. José Aristodemo Pinotti quer implantar o Projeto Integral. Neste projeto, as crianças do CEU ficarão 8 horas na escola, de segunda a sexta-feira: 4 horas na EMEF e 4 horas de atividades extracurriculares.
A princípio, a propaganda parece interessante, mas vejamos os seus desdobramentos: Para implantar esse projeto, a secretaria se recusa a contratar qualquer profissional a mais!!! Ou seja, as crianças simplesmente permanecem no CEU. E eu me pergunto: elas vão fazer o quê, nessas horas extras???
Isso demonstra uma total falta de percepção pedagógica. Mas isso já era previsível: o que faz um médico na secretaria de educação??? Bem, eu esperava que pelo menos a equipe pudesse ter uma visão, seja pedagógica ou não do cometimento desse absurdo.
QUANTIDADE EM DETRIMENTO DA QUALIDADE
A solução então foi usar os profissionais do esporte e da Iniciação Artística. Eu posso apenas falar da iniciação, já que faço parte do quadro de arte-educadores. A carga horária diminuiu, o número de crianças por sala aumentou e a qualidade da aula foi pro espaço. Eu acredito que uma educação de qualidade, seja em qual área do conhecimento for, requer uma sala de aula com menos crianças para que o professor possa dar uma orientação direcionada, as crianças têm um melhor aproveitamento, se sentem mais participativas e realmente têm uma melhora no processo de aprendizagem.
Nas aulas de arte, sobretudo, dentro da proposta da iniciação artística, esse processo se intensifica: não existe maneira de fazer um trabalho de qualidade com salas super lotadas. Já ouvimos até absurdos do tipo: "coloca 400 no teatro, 300 na piscina e 100 nas quadras..." como se criança fosse boiada, ou como se o CEU fosse depósito.
FECHAMENTO DOS PORTÔES À COMUNIDADE
Em contradição ao aumento de número de crianças por sala de aula, o CEU passa a atender, na verdade, menos pessoas. Se no governo Marta, a oposição gritava que o projeto era excludente, o que não é verdade, agora são eles próprios que o estão transformando em uma fortaleza.
A iniciação artística e as atividades esportivas que antes atendiam além dos alunos do próprio CEU, todas as crianças das escolas do entorno, agora só podem atender os alunos que estudam no CEU. Além disso, como eles têm que ficar por muitas horas a mais no espaço, acabam ocupando de duas a quatro atividades, ou seja, um mesmo aluno pode ocupar até 4 vagas em atividades diferenciadas.
Que privilégio ele tem sobre as demais crianças? Que visão de democracia é essa? Além disso, como o contingente de alunos aumentou no mínimo o dobro por período, não há mais espaço para a comunidade, todos os espaços ficam ocupados o tempo todo com os alunos do CEU. Além das crianças, os pais e familiares também não podem mais usufruir as atividades culturais, educacionais, esportivas e de lazer.
QUEM SE IMPORTA COM A CRIANÇA?
Quem é David? E a Jéssica, alguém conhece? Alguém pelo menos se lembra que a Amanda existe? Pois é, eu acho que a secretaria não lembra...
O que importa são números... "Quantos? Quantos? Quem entra na estatística?" Mas de fato, quem se importa com as nossas crianças? Eu não acho que um projeto integral seja ruim, desde que se tenha estrutura pra isso. A criança deve ter acompanhamento, atividades diferenciadas e não pasteurizadas. Além disso, criança brinca.
Alguém se lembra que criança brinca? Ele deve ter o direito de brincar, de ter liberdade de fazer o que quiser em algum momento, nem que seja dormir... descansar depois de uma correria na brincadeira de pega-pega. Um outro ponto importante é a liberdade de escolha. A iniciação artística oferece cursos em quatro linguagens: artes plásticas, música, dança e teatro. No período anterior, as crianças tinham liberdade de escolher qual linguagem elas gostariam de fazer, seja por afinidade ou habilidade. Hoje as crianças são obrigadas a fazer o que se encaixa na sua grade horária. Ou seja, não há motivação alguma em participar da aula, e a criança além de não ter um bom aproveitamento acaba por prejudicar os companheiros, com problemas de indisciplina.
Alguém já leu reportagens sobre o stress infantil? Tem conhecimento disso? Se o Sr. Pinotti é mesmo médico, ele devia saber. As crianças de classe média apresentam constantemente esse sintoma por terem muitas atividades extracurriculares: judô, inglês, informática etc.
Mas ainda assim, são lugares diferentes, com pessoas diferentes. No CEU, as crianças vão todos os dias, pro mesmo lugar, ver as mesmas pessoas e fazer as mesmas coisas. Se pra um adulto já é desgastante ficar 8 horas por dia num lugar, imagine pra uma criança? No fim do dia, elas já estão cansadas e não se concentram em nenhuma atividade. De que adianta então?
Aí vem o discurso, de que "pelo menos eles não estão na rua fazendo besteira". E até quando a gente vai tampar o sol com a peneira, fazendo esse discurso puramente demagógico? Até quando o brasileiro vai fazer gambiarra? Até quando a gente vai tomar decisões paliativas pra dizer que está fazendo algo? Isso tudo, pra mim, entra na linha do "rouba, mas faz", ou do "estupra, mas não mata".
ABUSO DO TRABALHO DOS FUNCIONÁRIOS
Conforme foi mencionado acima, além do contingente de crianças que permanecem no CEU ser o dobro, e não haver contratação de mais nenhum profissional, os trabalhadores do projeto acabam ficando sobrecarregados. Professores, inspetores, seguranças e principalmente as funcionárias da cozinha. O único ponto positivo do projeto, que é o local do fornecimento das refeições (café da manhã, almoço e lanche da tarde) acaba inundando o refeitório de crianças o tempo inteiro. Fazendo com que o ritmo de trabalho, e conseqüentemente o cansaço aumentem. Isso é abuso do trabalho dos funcionários, que têm de trabalhar o dobro em ritmo alucinado para atender aos caprichos da secretaria. Isso gera desmotivação e o rendimento cai. Alguém aí já ouviu em falar em qualidade de trabalho?
Eu, pessoalmente, me interesso muito por política, já fui do movimento estudantil e atuo nos movimentos sociais, e uma coisa que sempre me incomodou muito foi o discurso em detrimento da ação prática. Como acadêmica e educadora também acho extremamente importante o pensamento teórico, mas não existe teoria sem sua demanda de logística e organização, senão o pensamento se perde e o que fica é poeira. Eu acredito que o Centro de Educação Unificado é um grande projeto, com ótimas instalações e recursos disponibilizados. Vinha funcionando muito bem, com ampla adesão da comunidade, mas o que a Secretaria de Educação do atual governo do Prefeito José Serra está fazendo é um grande e absurdo mau uso.
Proponho um desafio: quem consegue dar uma aula de artes plásticas pra 30 crianças de 7 e 8 anos de idade numa sexta-feira do último período, sem que ela perca motivação e que você fique demasiadamente cansado? Alguém se habilita? Secretário?
Um duelo interessante
A Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR) afirma que as editoras perdem 400 milhões com a pirataria de livros em 2004 e que poderiam baixar os preços das obras. O que ela não explica é o fato dos livros técnicos muitas vezes custarem bem mais ou o mesmo que livros de tamanho e acabamento similar, mesmo aqueles para público mais restrito, de tiragem menor. Ela também sofisma, já que ninguém compraria a mesma quantidade de livros que xeroca, óbvio(Por isso que os números relativos à pirataria são exagerados).
Daqui a pouco a Associação vai querer fechar bibliotecas. Não faz sentido comprar livros somente para ler alguns trechos. A proposta das editoras de produzir coletâneas para quem precisa apenas de alguns trechos é absurda, por colocar a decisão dos textos à serem estudados nas editoras. A outra proposta, de colocar um sistema aonde o aluno baixaria o texto facilitaria ainda mais a pirataria.
Por outro lado, revela a didática falha usada nas universidades, que dá muito valor a trechos e resumos de autores ao invés da leitura integral dos autores estudados. Segundo Guilherme Simoes, coordenador da comissão da PUC-SP que analisa o assunto, afirmando que para driblar a proibição muitos docentes têm passado à produzir eles mesmos as apostilas: "Está sendo feito de forma improvisada. O aluno acaba perdendo o contato direto com o autor, uma das funções da universidade." .
Aí que está o erro: o contato direto com o autor deve ser feito com o livro, lido de maneira integral. Trechos não dão ao aluno toda a essência de autor algum, que fica limitado à visão do professor. As universidades deveriam abolir as apostilas, em prol de estudos mais complexos. Por isso que os alunos não sabem criar nem contestar.