lundi, juin 20, 2005
O efeito Daslu
O grande assunto do primeiro semestre até agora foi a inauguração da mega-butique da Daslu em São Paulo. Podemos ver desde de odes gigantescos a uma loja aonde uma simples calça pode custar mais cinco mil reais a um tanto quanto insossos ataques de matiz marxista à loja. Podemos destacar, sobre a loja e o que foi dito sobre ela, várias conclusões:
1-) A imprensa é excessivamente voltada a produtos e coisas que seus leitores não podem comprar: Antes mesmo da inauguração da Daslu, o foco de boa parte da imprensa eram coisas como o Shopping Iguatemi, talvez o mais caro de São Paulo(Detalhe, sem cinema, opções de alimentação, ou seja, não é aquele lugar para passear), a Oscar Freire, as lojas de grife. Curiosamente, lojas que interessariam mais ao grosso dos leitores, como a FNAC ou mesmo shoppings como o Dom Pedro em Campinas, o Barra Shopping do Rio, têm uma cobertura infinitamente menor. Grande parte dos bares e restaurantes encontrados nos guias de jornais e revistas são direcionados para pessoas com um alto poder aquisitivo. Não vejo muito sentido em jornais e revistas de todo o Brasil dedicarem tanto espaço a um lugar que a esmagadora maioria dos seus leitores não podem nem passar em frente.
Eu brinquei com um amigo jornalista que jornalista deveria ganhar bem, já que estes só falam de produtos caros. Segundo ele, seria jabá. Bem, segundo este artigo do Correio da Bahia(!) sobre a boutique, o jornalista viajou a convite da Daslu. O que deve explicar muita coisa.
2-) A Daslu, claro, é mais um efeito que causa. Não é a causa da desigualdade social, mas é de arrepiar as espinhas a existência de uma rede de gastos tão forte num país como o Brasil. Claro, de nada adianta choramingar, mesmo porque essa rede de luxo não surgiu agora.
3-) O problema que essa sede do luxo, ao meu ver, é uma variante do fato de você encontrar muito favelado ou usuários dos trens da CPTM com destino aos lugares mais miseráveis da capital. Provavelmente, os ricos, assim como os pobres, estão gastando um dinheiro que não têm. Como muitos desconfiam, é um dinheiro que em grande parte, antigamente costumava ser gasto com caridade ou com patrocínio de obras de arte. O MASP, fundado com o esforço de Assis de Chateaubriand, está enfrentando problemas financeiros, como boa parte dos museus do país.
4-) Também erram os defensores ardorosos do papel "social" ou mesmo econômico da loja. Afinal, a loja trabalha com importados. E não sei se é algo que vai atrair estrangeiros para esquentar a economia.
(Os detratores conservadores também erram por quê em grande parte a desigualdade social do Brasil é justamente construída pelo Estado, que privilegia seus gastos com poucos, e arrecada de todos).
E afinal, ninguém sabe se um empreendimento desse porte não irá falir em menos de dois anos.
1-) A imprensa é excessivamente voltada a produtos e coisas que seus leitores não podem comprar: Antes mesmo da inauguração da Daslu, o foco de boa parte da imprensa eram coisas como o Shopping Iguatemi, talvez o mais caro de São Paulo(Detalhe, sem cinema, opções de alimentação, ou seja, não é aquele lugar para passear), a Oscar Freire, as lojas de grife. Curiosamente, lojas que interessariam mais ao grosso dos leitores, como a FNAC ou mesmo shoppings como o Dom Pedro em Campinas, o Barra Shopping do Rio, têm uma cobertura infinitamente menor. Grande parte dos bares e restaurantes encontrados nos guias de jornais e revistas são direcionados para pessoas com um alto poder aquisitivo. Não vejo muito sentido em jornais e revistas de todo o Brasil dedicarem tanto espaço a um lugar que a esmagadora maioria dos seus leitores não podem nem passar em frente.
Eu brinquei com um amigo jornalista que jornalista deveria ganhar bem, já que estes só falam de produtos caros. Segundo ele, seria jabá. Bem, segundo este artigo do Correio da Bahia(!) sobre a boutique, o jornalista viajou a convite da Daslu. O que deve explicar muita coisa.
2-) A Daslu, claro, é mais um efeito que causa. Não é a causa da desigualdade social, mas é de arrepiar as espinhas a existência de uma rede de gastos tão forte num país como o Brasil. Claro, de nada adianta choramingar, mesmo porque essa rede de luxo não surgiu agora.
3-) O problema que essa sede do luxo, ao meu ver, é uma variante do fato de você encontrar muito favelado ou usuários dos trens da CPTM com destino aos lugares mais miseráveis da capital. Provavelmente, os ricos, assim como os pobres, estão gastando um dinheiro que não têm. Como muitos desconfiam, é um dinheiro que em grande parte, antigamente costumava ser gasto com caridade ou com patrocínio de obras de arte. O MASP, fundado com o esforço de Assis de Chateaubriand, está enfrentando problemas financeiros, como boa parte dos museus do país.
4-) Também erram os defensores ardorosos do papel "social" ou mesmo econômico da loja. Afinal, a loja trabalha com importados. E não sei se é algo que vai atrair estrangeiros para esquentar a economia.
(Os detratores conservadores também erram por quê em grande parte a desigualdade social do Brasil é justamente construída pelo Estado, que privilegia seus gastos com poucos, e arrecada de todos).
E afinal, ninguém sabe se um empreendimento desse porte não irá falir em menos de dois anos.