Contra o Consenso: Em São Paulo...
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jeudi, juin 02, 2005

 

Em São Paulo...

Saulo de Castro Abreu Filho, o absurdamente incompetente e inútil secretário da (in)Segurança de São Paulo, teria acionado uma unidade de elite da Polícia Civil para averigar a causa de um congestionamento no Itaim-Bibi, Grande SP,(Em que o próprio estava preso), que teria ordenado a prisão de um sócio e de um funcionário de um restaurante sob acusação de obstruir o trânsito com cavaletes(Posteriormente, teria-se descoberto que os cavaletes tinham sido colocados pela prefeitura por causa de uma festa nas redondezas).

Caso isso se confirme, é um abuso de poder intolerável. Mais do que nunca, sua demissão se torna necessária.

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Há funcionários da Prefeitura de São Paulo reclamando de atrasos no pagamento.

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A seguinte mensagem tem passado de email e email por aí. Não me responsabilizo pelo seu conteudo, embora pelo que seja dito deve ser verdadeiro.


RELATO DE UMA EDUCADORA DO CEU

ATUAL GOVERNO TRANSFORMA CEU EM DEPÓSITO DE CRIANÇAS

Depois de tentar acabar com e lei de fomento ao teatro, expulsar o espaço CUCA (Centro Universitário de Cultura e Arte) do Clube Municipal Raul Tabajara e outros desmandos, a prefeitura de São Paulo ataca mais uma vez. Os sorteados dessa vez são os 21 CEU´s implantados na cidade. De maneira irresponsável, autoritária e totalmente demagógica, a secretaria de educação comandada pelo Sr. José Aristodemo Pinotti quer implantar o Projeto Integral. Neste projeto, as crianças do CEU ficarão 8 horas na escola, de segunda a sexta-feira: 4 horas na EMEF e 4 horas de atividades extracurriculares.

A princípio, a propaganda parece interessante, mas vejamos os seus desdobramentos: Para implantar esse projeto, a secretaria se recusa a contratar qualquer profissional a mais!!! Ou seja, as crianças simplesmente permanecem no CEU. E eu me pergunto: elas vão fazer o quê, nessas horas extras???

Isso demonstra uma total falta de percepção pedagógica. Mas isso já era previsível: o que faz um médico na secretaria de educação??? Bem, eu esperava que pelo menos a equipe pudesse ter uma visão, seja pedagógica ou não do cometimento desse absurdo.

QUANTIDADE EM DETRIMENTO DA QUALIDADE

A solução então foi usar os profissionais do esporte e da Iniciação Artística. Eu posso apenas falar da iniciação, já que faço parte do quadro de arte-educadores. A carga horária diminuiu, o número de crianças por sala aumentou e a qualidade da aula foi pro espaço. Eu acredito que uma educação de qualidade, seja em qual área do conhecimento for, requer uma sala de aula com menos crianças para que o professor possa dar uma orientação direcionada, as crianças têm um melhor aproveitamento, se sentem mais participativas e realmente têm uma melhora no processo de aprendizagem.

Nas aulas de arte, sobretudo, dentro da proposta da iniciação artística, esse processo se intensifica: não existe maneira de fazer um trabalho de qualidade com salas super lotadas. Já ouvimos até absurdos do tipo: "coloca 400 no teatro, 300 na piscina e 100 nas quadras..." como se criança fosse boiada, ou como se o CEU fosse depósito.

FECHAMENTO DOS PORTÔES À COMUNIDADE

Em contradição ao aumento de número de crianças por sala de aula, o CEU passa a atender, na verdade, menos pessoas. Se no governo Marta, a oposição gritava que o projeto era excludente, o que não é verdade, agora são eles próprios que o estão transformando em uma fortaleza.

A iniciação artística e as atividades esportivas que antes atendiam além dos alunos do próprio CEU, todas as crianças das escolas do entorno, agora só podem atender os alunos que estudam no CEU. Além disso, como eles têm que ficar por muitas horas a mais no espaço, acabam ocupando de duas a quatro atividades, ou seja, um mesmo aluno pode ocupar até 4 vagas em atividades diferenciadas.

Que privilégio ele tem sobre as demais crianças? Que visão de democracia é essa? Além disso, como o contingente de alunos aumentou no mínimo o dobro por período, não há mais espaço para a comunidade, todos os espaços ficam ocupados o tempo todo com os alunos do CEU. Além das crianças, os pais e familiares também não podem mais usufruir as atividades culturais, educacionais, esportivas e de lazer.

QUEM SE IMPORTA COM A CRIANÇA?

Quem é David? E a Jéssica, alguém conhece? Alguém pelo menos se lembra que a Amanda existe? Pois é, eu acho que a secretaria não lembra...

O que importa são números... "Quantos? Quantos? Quem entra na estatística?" Mas de fato, quem se importa com as nossas crianças? Eu não acho que um projeto integral seja ruim, desde que se tenha estrutura pra isso. A criança deve ter acompanhamento, atividades diferenciadas e não pasteurizadas. Além disso, criança brinca.

Alguém se lembra que criança brinca? Ele deve ter o direito de brincar, de ter liberdade de fazer o que quiser em algum momento, nem que seja dormir... descansar depois de uma correria na brincadeira de pega-pega. Um outro ponto importante é a liberdade de escolha. A iniciação artística oferece cursos em quatro linguagens: artes plásticas, música, dança e teatro. No período anterior, as crianças tinham liberdade de escolher qual linguagem elas gostariam de fazer, seja por afinidade ou habilidade. Hoje as crianças são obrigadas a fazer o que se encaixa na sua grade horária. Ou seja, não há motivação alguma em participar da aula, e a criança além de não ter um bom aproveitamento acaba por prejudicar os companheiros, com problemas de indisciplina.

Alguém já leu reportagens sobre o stress infantil? Tem conhecimento disso? Se o Sr. Pinotti é mesmo médico, ele devia saber. As crianças de classe média apresentam constantemente esse sintoma por terem muitas atividades extracurriculares: judô, inglês, informática etc.

Mas ainda assim, são lugares diferentes, com pessoas diferentes. No CEU, as crianças vão todos os dias, pro mesmo lugar, ver as mesmas pessoas e fazer as mesmas coisas. Se pra um adulto já é desgastante ficar 8 horas por dia num lugar, imagine pra uma criança? No fim do dia, elas já estão cansadas e não se concentram em nenhuma atividade. De que adianta então?

Aí vem o discurso, de que "pelo menos eles não estão na rua fazendo besteira". E até quando a gente vai tampar o sol com a peneira, fazendo esse discurso puramente demagógico? Até quando o brasileiro vai fazer gambiarra? Até quando a gente vai tomar decisões paliativas pra dizer que está fazendo algo? Isso tudo, pra mim, entra na linha do "rouba, mas faz", ou do "estupra, mas não mata".

ABUSO DO TRABALHO DOS FUNCIONÁRIOS

Conforme foi mencionado acima, além do contingente de crianças que permanecem no CEU ser o dobro, e não haver contratação de mais nenhum profissional, os trabalhadores do projeto acabam ficando sobrecarregados. Professores, inspetores, seguranças e principalmente as funcionárias da cozinha. O único ponto positivo do projeto, que é o local do fornecimento das refeições (café da manhã, almoço e lanche da tarde) acaba inundando o refeitório de crianças o tempo inteiro. Fazendo com que o ritmo de trabalho, e conseqüentemente o cansaço aumentem. Isso é abuso do trabalho dos funcionários, que têm de trabalhar o dobro em ritmo alucinado para atender aos caprichos da secretaria. Isso gera desmotivação e o rendimento cai. Alguém aí já ouviu em falar em qualidade de trabalho?

Eu, pessoalmente, me interesso muito por política, já fui do movimento estudantil e atuo nos movimentos sociais, e uma coisa que sempre me incomodou muito foi o discurso em detrimento da ação prática. Como acadêmica e educadora também acho extremamente importante o pensamento teórico, mas não existe teoria sem sua demanda de logística e organização, senão o pensamento se perde e o que fica é poeira. Eu acredito que o Centro de Educação Unificado é um grande projeto, com ótimas instalações e recursos disponibilizados. Vinha funcionando muito bem, com ampla adesão da comunidade, mas o que a Secretaria de Educação do atual governo do Prefeito José Serra está fazendo é um grande e absurdo mau uso.

Proponho um desafio: quem consegue dar uma aula de artes plásticas pra 30 crianças de 7 e 8 anos de idade numa sexta-feira do último período, sem que ela perca motivação e que você fique demasiadamente cansado? Alguém se habilita? Secretário?