Contra o Consenso: Um duelo interessante
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jeudi, juin 02, 2005

 

Um duelo interessante

As editoras e as universidades estão brigando por causa de cópias de livros nas faculdades. As editoras querem acabar com as pastas de apostilinhas dos professores ou mesmo com cópias parciais de livros. Bem, acho que os dois lados partem pela premissa errada.

A Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR) afirma que as editoras perdem 400 milhões com a pirataria de livros em 2004 e que poderiam baixar os preços das obras. O que ela não explica é o fato dos livros técnicos muitas vezes custarem bem mais ou o mesmo que livros de tamanho e acabamento similar, mesmo aqueles para público mais restrito, de tiragem menor. Ela também sofisma, já que ninguém compraria a mesma quantidade de livros que xeroca, óbvio(Por isso que os números relativos à pirataria são exagerados).

Daqui a pouco a Associação vai querer fechar bibliotecas. Não faz sentido comprar livros somente para ler alguns trechos. A proposta das editoras de produzir coletâneas para quem precisa apenas de alguns trechos é absurda, por colocar a decisão dos textos à serem estudados nas editoras. A outra proposta, de colocar um sistema aonde o aluno baixaria o texto facilitaria ainda mais a pirataria.

Por outro lado, revela a didática falha usada nas universidades, que dá muito valor a trechos e resumos de autores ao invés da leitura integral dos autores estudados. Segundo Guilherme Simoes, coordenador da comissão da PUC-SP que analisa o assunto, afirmando que para driblar a proibição muitos docentes têm passado à produzir eles mesmos as apostilas: "Está sendo feito de forma improvisada. O aluno acaba perdendo o contato direto com o autor, uma das funções da universidade." .

Aí que está o erro: o contato direto com o autor deve ser feito com o livro, lido de maneira integral. Trechos não dão ao aluno toda a essência de autor algum, que fica limitado à visão do professor. As universidades deveriam abolir as apostilas, em prol de estudos mais complexos. Por isso que os alunos não sabem criar nem contestar.