Contra o Consenso: Política e eu
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jeudi, juin 09, 2005

 

Política e eu

Sou taurino. A imagem perfeita de um. Então, meu elemento é a terra. Portanto, gosto de coisas práticas, reais, palpáveis. Para mim, qualquer governo não é a imagem pessoal de seu governante, nenhuma relação de ética(Mesmo porque ética e governo não costumam combinar) ou mesmo de esperança, mas de coisas palpáveis, vistas no dia a dia das pessoas. Meu individualismo político me impede de ter plena crença no sistema político atual, em que os políticos tem suas campanhas financiadas pelos bancos e empreiteiras. Aliás, Estado nada mais é que uma grande empresa sem concorrência. E empresas sem concorrência não funcionam. Mas minha falta de crença na humanidade me impede de ter uma crença total no anarquismo. Mas sou movido por uma espécia de conformismo revoltado(Sim, contrasenso).

De qualquer forma, minha relação com o governo Lula sempre vai ser de resultados. A figura do presidente ao meu ver é irrelevante - ele é só um burocrata-mor. Modelo ético, nunca acreditei. Política e ética na mesma frase são contrasensos, e bem, não vejo da atual oposição ao governo federal nenhum modelo "ético". PFL? PSDB? Fala sério.

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Não falo tanto do governo federal porque ele tem relativa pouca influência na minha vida. Em áreas como saúde, transporte e educação, quem de fato define as coisas são as prefeituras e os governos estaduais. Transporte, talvez por São Paulo não se prender tanto a rodovias federais, idem. Segurança também.

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Em termos práticos, não vemos muito resultados no governo Lula. Temos uma carga tributária arrochante, ainda temos várias falhas em termos de infra-estrutura. Em termos de educação, não vi nenhuma medida de fato interessante. O Prouni é interessante até, mas não passa de paliativo. E não se falou em tornar o Ensino Médio obrigatório nem em aumentar em um ano o ensino fundamental, as idéias de Cristovam Buarque que me pareciam mais interessantes. Temos o sistema de metas de inflação, que é um absurdo. O país continua com graves problemas de infra-estrutura. Lula também parece ignorar o problema da burocracia e da informalidade.

Até agora, Lula tem se parecido com FHC, só quê, detalhe importante, muito mais comedido. Até agora o país não passou por um grave racionamento de energia, não assistimos a mais uma farra cambial, com o dólar sendo sustentado artificialmente à preços baixos. Lula também não fala somente em atrair venda de títulos nem coloca a culpa dos seus erros nos mercados estrangeiros como FHC fazia.

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Eu tenho também uma certa birra com o PSDB em geral. No fundo, tudo começou quando eu estava no colégio. Eu fazia um colégio técnico estadual. Na época, era uma opção geralmente razoável de "ensino médio", um pouco acima da média da rede pública, aonde você fazia um curso técnico integrado ao colegial. Aí, mesmo com a oposição dos alunos e professores, o Ministro da Educação da época, Paulo Renato de Sousa, e a secretaria de Educação do Sr. Mário Covas, quis passar um projeto de reforma no ensino técnico. Separaram os dois ensinos, e o técnico só poderia ser feito por quem estivesse formado no ensino médio, ou ainda no segundo ano deste, num outro período.
Só sei que usaram de tanta arrogância para defender a idéia, como se nós, estudantes de quinze anos, não soubessemos o que queríamos da vida. Era aquilo que Paulo Renato parecia falar. Ou ainda uma tentativa de nivelar o ensino por baixo.

No fundo, identificaria o PSDB com essa arrogância, com um sistema administrativo que combinava tributos pesados com serviços públicos ruins.

Para falar a verdade, não vi nada de genial em mais de dez anos de governo do PSDB em São Paulo. Também veria, na prática, coisas terríveis na rede estadual de ensino público ao trabalhar nela. Coisas como laboratórios de informática, comprados pela Secretaria Estadual de Educação, sem uso, porque era inviável usar dez computadores para salas com quase cinquenta alunos.