Contra o Consenso: Mais concessão de rodovias
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vendredi, janvier 14, 2005

 

Mais concessão de rodovias

A única auto-estrada que saía da capital paulista que não havia sido concedida para a iniciativa privada, o sistema Ayrton Senna-Carvalho Pinto(São Paulo-Taubaté), está prestes a perder esta condição. O governo de São Paulo quer utilizar a concessão para duplicar a Rodovia dos Tamoios, que liga São José dos Campos a Caraguatatuba, além de prologar a Carvalho Pinto até o inicio da Osvaldo Cruz(Taubaté-Ubatuba). Por um lado, isso pode ajudar a desafogar o trânsito dentro do Porto de Santos ao incentivar o uso do Porto de São Sebastião além de melhorar o acesso ao litoral norte, mas por outro lado isso significaria um aumento brutal na questão de pedágios(Vale lembrar que o tráfego fora de temporada é baixo). Ah, olhe que coisa estranha: quem pagar o pedágio na Dom Pedro(Campinas-Jacaréi, que também será usada nessa concessão), Ayrton Senna e Carvalho Pinto, mesmo sem passar pela Tamoios, pagará pela obra.

O programa de concessão de rodovias é uma das medidas mais polêmicas dos dez anos de PSDB no governo. Eu acho que o governo errou ao conceder estradas como a Castelo Branco e a Bandeirantes, bem conservadas, com tráfego pesado e sem necessidade de manutenção. O sistema geralmente nos outros países é utilizado para duplicar/reformar vias antigas ou mal-conservadas, ou mesmo para construir uma estrada do zero. E claro, com opção do usuário em usar a via pedagiada ou fazer o precurso por uma via simples sem pagar. Claro, não faz sentido uma via dupla, de tráfego pesado, não ter pedágio. A manutenção de uma via assim é cara e das duas uma: ou o custo da manutenção da via seria pago pelo contribuinte(Mesmo aquele que não usa carro) ou a via ficaria esburacada em pouco tempo. O problema é o jeito que se passou a administração de muitas rodovias para a iniciativa privada.

Até agora os benefícios do sistema são meio contestáveis. Grande parte das vias concedidas já estavam em ponto de bala. Sabe-se lá se a nova pista do trecho de Serra da Imigrantes de fato valem o pedágio de treze reais(Não há a menor necessidade dela fora de feriados). Nos inúmeros casos de vias simples concedidas para serem duplicadas a população não é consultada se prefere pagar a mais para isso, além de em alguns casos ter que pagar por anos por uma via simples que demora para ficar pronta, isso quando fica(caso da Raposo Tavares entre Cotia e Araçoiaba da Serra, Dom Gabriel Couto entre Jundiaí e Itu). Inevitavelmente a concessão é uma coisa que encarece o pedágio. Nesses anos todos , não só os pedágios passaram a ter um custo maior como novas praças foram construídas, tornando-se questão séria. Cidades chegaram a ficar praticamente cercadas por pedágios(Indaiatuba, cidade vizinha a Campinas), a ponto do prefeito ter ameaçado asfaltar as rotas de fuga, com casos bizarros de moradores de bairros mais afastados pagando pedágio para ir até o centro. Coisas nunca vistas antes, como pedágios urbanos para evitar que caminhões usem as rotas de fuga, começaram a aparecer.

O ponto mais interessante é que o governo estadual esperar o fim das eleições para anunciar novas concessões(Ponto interessante: ele havia recuado de conceder a Marechal Rondon anteriormente), além de planejar entregar a Tamoios duplicada em ano de eleições...