Contra o Consenso: As cartas para 2006
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mercredi, avril 13, 2005

 

As cartas para 2006

Lula tem franca vantagem para a presidência. As opções dos tucanos são na melhor das hipóteses boas regionalmente, mas fracas nacionalmente. Aécio Neves nem Tasso Jereissatti ainda não mostraram que podem angariar votos fora dos seus colégios eleitorais. Geraldo Alckmin tem contra si uma antipatia tremenda, além de várias ações falhas dentro do seu governo(De pedágios a questão da FEBEM). E é paulista demais para o resto do país.

Lula, querendo ou não, fala errado, faz piada com futebol, não usa termos complicados. Isso pode irritar a classe média, mas encanta uma boa parte do povão. E por mais que tenha crescido em São Paulo, tem origem nordestina, o que conta muitos pontos considerando que o Nordeste conta muitos votos e boa parte da população de São Paulo e Rio tem a mesma origem. Não vejo muita dificuldade para Lula agora.

Em São Paulo, a questão se torna interessante. Chutando por alto, o estado tem uns quarenta milhões de habitantes. Destes, vinte estariam no interior, dez na Grande São Paulo e dez na capital. O PSDB ganhou uma parcela considerável das prefeituras no interior(Sorocaba, Jundiaí), mas o PT teve ótimos resultados na grande São Paulo(Guarulhos, segunda maior cidade do estado, Osasco, a quinta maior, Suzano, Santo André, a sexta maior) e o PSDB ganhou por pouco na capital. A questão vai depender ao meu ver dos rumos da campanha, em especial do PT. Alckmin tem ganhado muitas críticas do seu principal eleitorado, o público mais conservador, que considerou como frouxa sua atuação dentro da FEBEM. O interior tende a ser bastante conservador, e foi de lá que Mário Covas garantiu sua participação no segundo turno e consequente eleição em 1998. Por outro lado, é o lugar que está sendo mais afetado pelo aumento dos pedágios, isso sem contar a insatisfação com os rumos da economia e desemprego em muitas regiões(Vale do Ribeira, Portal do Paranapanema). Serra ganhou na capital mais pelos erros da campanha de Marta, não tem apoio expressivo e enfrenta uma alta taxa de impopularidade. E boa parte da Grande SP aprovou algumas das idéias implantadas na capital pelo PT.

Aloizio Mercadante tende a ser uma opção melhor pro PT, mais calmo, um orador mais competente, apesar de Marta, segundo alguns analistas, ter sido responsável pela vitória do PT em várias cidades da região metropolitana da capital. Já o PSDB não tem muitos nomes conhecidos para disputar e sabe-se lá se Alckmin pode transferir carisma para outro político. Judicilamente não vejo chance de Alckmin disputar as eleições mais uma vez, seria uma decisão arbitrária e claramente ilegal.

Como sempre, a decisão ficará com a campanha do PT. A mesma que cometeu erros grotescos nas duas últimas eleições para governador e prefeito na capital.