Contra o Consenso: Por quê eu sou contra o Estado da Guanabara
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mardi, avril 12, 2005

 

Por quê eu sou contra o Estado da Guanabara

A rigor, eu não sei se deveria me preocupar com essa questão. Afinal, sou paulista, e este estado pode ter os seus defeitos, mas é bastante unido e integrado. Claro, há a questão de que o Rio é um parceiro comercial importante de São Paulo, o aço da CSN é importante, e rota obrigatória para quem vai em direção ao Nordeste ou ao Espiríto Santo. Dada a importância do Estado e da cidade nacionalmente, não é um aspecto desprezível.

As chances de que a brincadeira se torne realidade são nulas. Claro, ela seria desastrosa, mas só se aplicada. Seria bisonho ver bandidos fugindo da polícia pelos trens da Supervia ou ainda inevitáveis brigas por causa de serviços públicos, já que não raro muitas pessoas utilzam esses serviços perto do local aonde trabalham, não aonde moram. Na prática, sabe-se bem que políticos não gostam de investir em serviços na periferia por que isso tende a beneficiar eleitores de outras cidades, que não votam neles. Isso faria que um naco considerável da periferia do Rio e da Baixada virasse um gigantesco limbo governamental.

Mas, o mais interessante mesmo é notar a classe "intelectual" que defende a idéia. Se em São Paulo e no Sul o nacionalismo regional em detrimento do resto do país foi adotado por facções de jovens de extrema-direita, não raro de aspirações nazi-fascistas, no Rio a idéia foi encampada com paixão por uma facção dos jornais supostamente progressista e preocupada com causas sociais. São justamente os jornalistas mais alinhados com a "esquerda" que mais defendem a bobagem. Arnaldo Jabor e Cora Rónai falam como se o Rio fosse o centro do país(O que definitivamente não é), como se TODOS os problemas do Rio fossem preocupações nacionais, como se o Rio fosse "a" jóia nacional. Não pegaria bem jornalista paulista falando de São Paulo metade do que eles falam do Rio. Com razão. Esse tipo de discurso só reforça rivalidades regionais.

É interessante que uma idéia tão elitista, que busca retomar fronteiras de exatos trinta anos atrás e que prejudicaria uma parcela pobre da população, seja defendida com tanto ardor por intelectuais que gostam de posar de modernos e preocupados com causas sociais. Mostra falta de contato com a vida no mundo real, além de como é hipócrita o discurso que esse povo têm.

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Por favor, qualquer discurso sobre os problemas do Rio que não incluam temas como urbanização de favelas, reorganização do espaço urbano, restruturação no transporte(O Rio não tem terminais de transferência de ônibus pela ultima vez que chequei), melhorias na estrutura urbana(Começando pela rodoviária), melhoria no acesso a várias regiões do interior(Angra dos Reis e Norte Fluminense) é demagogia.