Contra o Consenso: Robin Hood ao contrário
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samedi, avril 30, 2005

 

Robin Hood ao contrário

O Estado Brasileiro é uma espécie de Robin Hood ao contrário: ele pega dinheiro dos mais pobres, através de impostos pesados dentro dos supermercados(Olhe para a cara de quem está atrás de você na fila do caixa, mesmo no Pão de Açucar da Avenida Ibirapuera) , e dá ao mais ricos através de obras viárias caras, aposentadorias restritas ao setor público e claro, o sistema gratuito de ensino superior "público". Então, distribuição de renda deveria começar simplesmente parando esse enfoque.

Uma das falácias dos defensores da gratuidade nas universidades públicas são números mostrando que a maioria dos alunos das federais e estaduais vêm do ensino público. O que essa conta esquece é que pobre, quando entra numa pública, entra em cursos menos concorridos. São justamente esses cursos que recebem menos verba. Dentro da USP, a FFLCH, que é a Faculdade de Letras e Ciências Humanas enfrenta uma situação calabrosa, ao contrário dos cursos de Direito, Engenharia e Economia. É uma diferença brutal.

Ontem, a Folha confirmou a vocação de Robin Hood às avessas da USP: 36% dos alunos dos cursos mais disputados vinham de apenas 16 colégios. Com exceção de colégios técnicos estaduais e federais, disputados e frequentados basicamente pela classe média, além de um filantrópico, a lista englobava colégios caros como o Santa Cruz(Que fica numa das regiões mais valorizadas de um dos bairros mais caros de São Paulo, o Alto de Pinheiros). Dante Alighieri, Bandeirantes. A pesquisa sobre o perfil do calouro da USP é assustadora:

Mas é na classificação social que os indicadores dos cursos mais concorridos da USP colidem frontalmente com a realidade da população em geral. Nada menos do que 55% dos calouros desses cursos provêm da classe A, segundo o Critério Brasil, padrão usado pelo mercado publicitário para avaliar o poder de consumo da população. Na Grande São Paulo, apenas 7% dos habitantes enquadram-se nessa classe. No extremo oposto da escala social, os alunos de classes C e D, segundo o Critério Brasil, somam apenas 6% de todos os calouros dos cursos mais concorridos. Na população da Grande São Paulo, eles são 64%.
Medicina tem os calouros mais ricos: nada menos do que 68% enquadram-se na classe A. Pior: 22% são da A1, o pico culminante da pirâmide social, com renda média familiar estimada em R$ 7.793. Na população da Grande São Paulo, os membros desse extrato privilegiado são apenas 1% do total.


O que sustenta a USP é uma fatia fixa do ICMS do Estado, talvez o imposto mais inclusivo do país(Todo mundo, mesmo o mendigo da esquina, paga ao comprar qualquer coisa com nota fiscal). Eu nem acho que seja questão de cotas, mas sim de cobrar de quem pode pagar. Não faz sentido nenhum o gari de lixo do Capão Redondo pagar pelos estudos do filho do médico de Moema.