Contra o Consenso: Uma pedra
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jeudi, avril 28, 2005

 

Uma pedra

Há uma gigantesca pedra obstruíndo todo o desenvolvimento do ensino superior brasileiro: a gratuidade dos cursos nas universidades públicas. Ela não permite a expansão dos cursos superiores, que atendem à uma parcela mínima da população. Não há diversidade de pensamento, uma vez que pouquissímas instituições cuidam da produção acadêmica. Os cursos particulares geralmente se tornaram instituições abertamente comerciais, sem preocupação com qualidade. Há uma indústria do vestibular, com cursos de ensino fundamental e médio que são incapazes de preparar o aluno para a vida acadêmica e profissional, somente de preparar o aluno para entrar em uma boa faculdade(Muitos alunos de faculdades de arquitetura concorridas entram nos cursos sem saber os conceitos básicos de desenho geométrico). Há muita musiquinha e pouco aprendizado nesse caso, com anos e anos de dinheiro gasto em cursos preparatórios que são inúteis depois do vestibular.

A Newstatesman, uma revista esquerdista britânica, critica a proposta de gratuidade nas universidades públicas como uma forma de se beneficiar apenas uma parcela da classe alta com impostos dos trabalhadores. De um ponto de vista socialista, a universidade gratuita só faria sentido se ela fosse , como na França, garantida a todos os cidadãos. Dentro de um ponto de vista liberal ou mesmo conservador, não vejo sentido algum.

A cobrança de mensalidades(Preço de mercado, diga-se de passagem), com bolsas de estudo para os alunos mais pobres, seria muito mais benéfica que as cotas para os negros e as classes mais baixas. Isso permitiria que as universidades públicas ampliassem as vagas. Isso forçaria as particulares a investirem em qualidade e produção acadêmica, melhorando a variedade do pensamento dentro do Brasil(O fato de nos EUA existir uma instituição chamada Mises University, em nome do ultra-liberal Ludwig Van Mises não é algo irrelevante). O dinheiro gasto com cursinhos poderia encontrar fins mais relevantes, e isso tenderia a deixar o ensino fundamental e médio menos preso e atrasado, sem tanta pressão para preparar para o vestibular.

Taí algo que precisa ser debatido, sem histeria, como já levantei várias e várias vezes, sem gritarias em torno da privatização(O metrô de São Paulo é público e cobra passagem). Do jeito que está a coisa definitivamente não funciona.