Contra o Consenso: Corrida para 2006
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lundi, mai 30, 2005

 

Corrida para 2006

Estaria Eduardo Suplicy sendo colocado para escanteio depois da questão da CPI dos Correios? Pessoalmente, acho que o PT corre o risco de perder uma carta importante no baralho. Suplicy tem um bom trânsito entre não-petistas e é uma carta importante estadualmente - ele tem carisma, bom trânsito entre mesmo entre não-petistas - e isso conta considerando o interior, politicamente bem conservador. O PT pode acabar perdendo a longo prazo ignorando as opções regionais e dando muita atenção para o aspecto federal.

Em São Paulo, se eles souberem bater nos pontos fracos do PSDB - o eleitorado mais à esquerda está insatisfeito com questões como saúde e educação, o eleitorado mais à direita está insatisfeito com questões como a FEBEM e pedágios(O que conta em lugares aonde viagens intermunicipais são muito comuns - podem ganhar. Mas aí teriam que jogar mão de Aloísio Mercadante(O mais provável) ou Eduardo Suplicy, numa campanha muito bem articulada. Marta Suplicy tem muita rejeição tanto na capital quanto no interior, apesar de ser popular na Grande São Paulo. José Genoíno fez uma campanha tão fraca que ficou muito queimado. João Paulo e Vicentinho tem pouca expressão em nível estadual. Alguns falam em Eloi Pietá, prefeito de Guarulhos, mas o PT sabe bem dos riscos que um mandato interminado têm, na segunda maior cidade do Estado. Além do quê, por mais que Guarulhos seja a segunda maior cidade do Estado, Pietá é pouco conhecido fora da sua cidade.

Geraldo Alckmin tinha como principal chamariz nas obras de despoluição e contra enchentes no Tietê, mas as inundações da semana passada foram um choque violento no que talvez fosse sua principal obra. Não há previsão de continuação do rodoanel nem grandes inaugurações de obras viárias para a época das eleições. A Linha Amarela-4 do metrô tem ritmo de construção bem mais lento, e as duas estações que deverão ser inauguradas em 2006 trarão pouco alívio ao sistema, alvo cada vez maior de críticas(esse trecho do metrô foi prometido pelo Orestes Quércia, quase quinze anos atrás).

Ele também não tem tanto carisma a ponto de eleger um desconhecido somente por quê este foi indicado por ele. Gabriel Chalita, da educação, é o único secretário estadual com algum carisma, numa área bem frágil do seu governo. Também existem poucas opções fora do secretariado estadual. José Serra, que deve sua vitória mais aos erros de sua adversária que os méritos próprios enfrenta uma fase bem impopular na prefeitura da capital. Por outro lado, os tucanos podem usar um certo ás na manga, ai com grandes chances de ganhar.

Só sei que a campanha eleitoral com certeza vai ser aquela baixaria.

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No Rio, muitos já falam na possibilidade de Ciro Gomes se candidatar. Alguns fluminenses o consideram uma boa opção, que talvez fugisse da mesmice política local(Embora Gulherme Fiúza o considere um novo "Garotinho"). Eu tenho algumas restrições a ele, porque acho que o Rio de Janeiro precisa ser governado por alguém que de fato seja fluminense e conheça bem o Estado, de uma vez por todas. Por outro lado, Ciro Gomes tem algum preparo administrativo, e é alguma coisa se considerarmos César Maia e a turma dos Garotinhos como opções.

De qualquer forma, ao meu ver o que o Rio precisa é de um governador que saiba que seu estado precisa ter algum tipo de integração política com seus vizinhos - em especial São Paulo e Minas Gerais- e com o governo federal. Não faz sentido governador do Rio querer ficar agindo como eterna oposição e com birra do governo federal por causa de refinaria ou coisa que o valha. Afinal, mesmo Aécio Neves e Geraldo Alckmin buscar negociar de forma um tanto ponderada com Lula.

Acho também que o próximo governo fluminense precisará pensar em obras de infra-estrutura, em especial na área de transportes. Se nada mudou em dez anos, tem trecho da BR-101 no norte fluminense em que as pontes não aceitam o tráfego de mais de um veículo, o que é ridículo. O governo federal precisa duplicar a BR-101 ou o governo estadual teria que abrir uma nova via de acesso à Campos e Macaé. Seria uma forma de industrializar o norte fluminense e ainda criar condições de desenvolvimento para a região noroeste do Estado. Há também a questão da rodoviária da capital, que é vergonhosa.

De qualquer forma, há anos que eu não passo de Queluz para poder avaliar o que ocorre no Rio de forma satisfatória. Espero a opinião dos fluminenses.