Contra o Consenso: A dura verdade sobre Palestina e Israel
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samedi, mai 14, 2005

 

A dura verdade sobre Palestina e Israel

Em 1982, o Reino Unido e a Argentina brigaram pelas Malvinas, um arquipélago minúsculo, no meio do nada que tem população menor que um prédio residencial, numa guerra estúpida que matou quase que mil pessoas. Antes disso, Argentina e o Chile haviam quase entrada em guerra por causa do Estreito de Beagle, um monte de gelo bem na ponta da América do Sul. O Reino Unido e Espanha disputam um naco de terra de pouca importância chamado Gilbraltar. Rússia e Japão disputam a supremacia sobre ilhas de porte pequeno como as Curilas e a Sacalina. Os alemães também reinvidicam Kaligrado(Ou Konigsberg) dos russos. Três anos atrás a Espanha e o Marrocos quase que entraram em guerra pela posse de um pedra no meio do Mediterrâneo. Parte considerável das guerras que assolaram o mundo foram causadas pela disputa de territórios, muitos deles não-essenciais aos povos beligerantes. Os ingleses passaram anos em clima de guerra com o IRA por causa da Irlanda do Norte, um território deficitário para os cofres públicos britânicos. Tanto a Alsácia quanto a Lorena, territórios que aumentaria as rivalidades entre franceses e alemães que provocariam uma das tensões responsáveis pela Primeira Guerra Mundial, não eram, apesar de territórios ricos em minério de ferro e carvão, essenciais à existência de nenhum dos dois países. Não davam acesso ao mar, não eram uma proporção grande de território nem separavam em nacos os países citados.

A não ser quando a nação invadida sente uma identificação muito forte com o invasor, ou em casos especiais, a única forma de se conseguir subtrair um território de outra nação é por vias sangrentas. Não por meio de uma simples vitória militar, mas vitórias militares tão sangrentas que façam com que a população invadida fique absurdamente traumatizada a ponto de não querer se rebelar.

Muitas pessoas reclamam que os palestinos e árabes não aceitam Israel, como se fosse uma questão de simples guerra. E não é. Alguns falam que os palestinos deveriam se refugiar entre seus "amigos" na Jordânia, como se fosse uma questão simples. O ponto é que nenhum povo aceitou de mão aberta ceder territórios, mesmo aqueles que eram uma fatia minúscula da sua área total, sem importância estratégica. Então, os palestinos não aceitam ceder mais da metade do seu território a uma outra nação porque nenhuma outra nação cederia. No caso, não é uma Malvinas ou uma Alsácia-Lorena. São territórios com algumas das principais áreas fertéis, cidades e ainda Jerusalém, que são palco do principal orgulho militar dos árabes: a vitória nas Cruzadas. E para piorar, dividem seu país em dois nacos.

A grosso modo, qualquer generosidade por parte de Israel é algo como o ladrão que rouba carteiras, pega o dinheiro e devolve os documentos ao dono. Não é bom trato para a pessoa assaltada.

Considerando os agravantes, como que o israelenses não estão dispostos a deixar os palestinos se assimilarem à sua população e que estes foram obrigados, a única forma de fazer com que os palestinos "aceitem" ceder mais da metade das suas terras à outro país é na base da força. É hipócrita e ingênuo exigir que os palestinos cedam na maior boa vontade suas terras, sem compensação financeira alguma.

Os árabes em geral tendem a enxergar um estado culturalmente ocidental dentro das suas fronteiras como uma forma de invasão. A única forma de se garantir a existência de Israel é por meio de um aparato militar bastante violento, para poder se impôr não só aos palestinos como entre os vizinhos árabes. Mesmo assim, sempre existirão ataques terroristas.

Um ponto que eu acho complicado é que Israel não tem grandes recursos naturais, não é um entreposto importante entre nenhuma rota comercial importante, têm acesso díficil à maioria dos mercados, é um país aonde a agricultura e o acesso à água costumam ser bastante caros. Mesmo com uma mão de obra bastante qualificada e o turismo religioso, isso por si só não garante o dinheiro necessário . É Estado dependente da ajuda americana, e que dificilmente sobreviveria sem os quase dez bilhões de dólares cedidos pelo contribuinte americano.

Em suma, é um conflito bastante complexo, ainda mais que Israel depende de um aparato militar violentissímo para garantir sua existência. A única chance de paz é justamente a exaustâo e os traumas causados pela guerra.