Contra o Consenso: Guerras não tem graça alguma
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dimanche, mai 08, 2005

 

Guerras não tem graça alguma

O sistema Dwight D. Eisenhower National System of Interstate and Defense Highways, ou Interstate Highways, o sistema de auto-estradas federais que cortam os Estados Unidos, considerado oficialmente completo em 1993, custou cerca de 163 bilhões de dólares, em valores atualizados, para ficar pronto. As duas guerras que Bush iniciou, tanto dentro do Iraque quanto do Afeganistão, custaram cerca de 270 bilhões de dólares até agora - daria para subsidiar o Amtrak, o sistema de trens de passageiros que cortam os Estados Unidos por mais de 250 anos. E isso é ainda inferior ao custo-corrigido- do Programa Apolo, que custaria cerca de duzentos bilhões hoje. Detalhe: muitos analistas dizem que os americanos controlam pouca coisa além de Bagdá e Kabul. E eu mencionei obras caras, como ferrovias, rodovias e o programa espacial. Imagine se eu citasse hospitais e escolas.

Com o preço médio que custa um submarino nuclear ou uma míssil termonuclear é possível construir uma linha de metrô média. Imagino o que os soviéticos e o que os americanos poderiam ter feito com a verba utilizada para a construção do arsenal nuclear de dezenas de milhares de ogivas que poderia destruir o planeta por completo. A guerra é um roubo que o Estado comete contra os seus cidadãos, além de ser um estupro contra os povos. Lutar contra a guerra, contra o uso de dinheiro dos contribuintes para a construção de armamentos que nunca serão usados é um dever de qualquer pessoa de bem.

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Comemoram-se este mês sessenta anos da queda de Adolf Hitler. Hitler seria transformado na imagem do anti-cristo, e curiosamente uma justificativa para ataques "preventivos", intervenções humanitárias e outras sandices. Neville Chamberlain viraria sinônimo de marica, e Winston Churchill, que jogou bombas de fósforo com particular voracidade em Dresden, Bremen e Cologne, herói. Justificaria-se posteriormente a sanguinolência contra os palestinos com base de Israel com Hitler, Saddam Hussein, Yasser Arafat seriam comparados a Hitler.

Romantiza-se uma batalha aonde ninguém era bonzinho para tentar passar a idéia de que a guerra é uma coisa justa e correta- o que não é. Longe de ser uma luta de bem contra o mal, foi uma guerra cruel entre alguns dos piores ditadores da história, com resultados não muito agradáveis. Stálin saíria fortalecido do combate, levando boa parte da Europa Oriental à miséria - a Konnigsberg de Kant, então Kaligrado, seria transformada num rincão paupérrimo. Do lado ocidental, a Guerra faria com que o Estado americano assumissse de vez um papel intervencionista e miltarista mundo afora, atuando de forma desastrosa na Coréia, no Vietnã, em Laos, na Guatemala.

De qualquer forma, Hitler está morto. E Segunda Guerra Mundial está longe de justificar qualquer comportamento belicista.