lundi, mai 16, 2005
Por quê ninguém discute o crescimento urbano?

Ponte Rebouças e Ponte Bernardo Goldfard, São Paulo.
O conjunto das duas pontes entre o Rio Pinheiros é um dos pontos
mais movimentos da capital paulista, foco
de constantes congestionamentos. Arquivo Pessoal.
Há dentro dos EUA o fenômeno conhecido como "sprawl", que é a mudança das pessoas dos grandes centros urbanos para bairros de baixa densidade demográfica. É um fenômeno que tem preocupado muito os ambientalistas e outros estudiosos, por acabar com as áreas verdes, sobrecarregar as estradas(Já que o sujeito anda de carro dezenas de quilômetros para chegar ao trabalho), destruir propriedades rurais inteiras, o que afeta inclusive a produção de alimentos. Há uma séria discussão em torno do assunto por lá. A fórmula, adivinha, tem se repetido no Brasil, com condomínios e mais condomínios sendo construídos ao redor das estradas. Não vi até agora nenhum político ou mesmo ambientalista discutindo o assunto. Caminha-se mais ou menos para um caminho semelhante, podendo o cidadão escolher morar longe de tudo ou morar num centro urbano perto dos serviços, mas convivendo com poluição, trânsito e uma péssima qualidade de vida.
Nos anos 70, construíram Alphaville, um conjunto de condomínios de luxo na região de Barueri, Carapicuíba, nas beiras da recém-construída Castelo Branco. A rodovia, construída com padrões bastante modernos, apesar de ter trânsito tranquilo no interior, é um inferno nos trechos iniciais, o que inclusive dificulta a ligação entre a capital e a região oeste do Estado. Sabe-se que as possibilidades de que a região entre Campinas-Sorocaba-São José dos Campos-Santos, ou seja, um raio mais ou menos de 100 km em torno da capital paulista possam se conurbar, com exceção dos trechos de serras e parques. O que poderia ser desastroso do ponto de vista ambiental.
Não se têm se preocupado com a questão de transportes. O centro ainda é o transporte rodoviário, que incentiva a desocupação desordenada. A poluição dos carros costuma transformar as grandes cidades em lugares quase que inabitáveis, ao passa que não ordena a ocupação das regiões periféricas, já que não há ponto de referência. Sabe-se bem que bairros com metrô, trem e similares são mais organizados que os bairros sem. Costumam, além de ter trânsito menos pesado, centros comerciais e maiores concentrações em torno das estações, e casas menores a um raio maior. O grande investimento em termos de transporte em São Paulo é o Rodoanel, que incentiva o sprawl.
Todo mundo sabe no que ocorreu na São Paulo e no Rio das obras viárias fabulosas, gastos mínimos com metrô e o esquema favela aqui, condomínio acolá. Campinas, outrora uma cidade interiorana, hoje tem todos os problemas urbanos de São Paulo e Sorocaba, São José dos Campos e Ribeirão Preto vão pelo mesmo caminho. Resta saber por quê diabos o fenômeno se repete, com a população civil assistindo de braços cruzados.