Contra o Consenso: Três de Maio
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mardi, mai 03, 2005

 

Três de Maio



Talvez um dos quadros mais conhecidos de toda a história da arte ocidental, um verdadeiro marco no uso da arte como forma de protesto. Um sincero e tocante protesto contra a opressão, contra a ditadura. As vítimas, com tons claros, olhares assustados, mostrando desespero em cada linha frente à morte. Os carrascos, frios, sombrios, impassíveis, ocultando os rostos. A escuridão, sombria do cenário de fundo, o sangue dos mortos, a vergonha e horror daqueles que vivenciam a cena. Não haveria outro quadro a melhor retratar os horrores da guerra, os horrores das decisões dos homens que decidem retirar a vida, os pertences e tudo de mais caro que existe aos outros homens. Nem a Guernica de Picasso seria um retrato melhor quanto este quadro, o Tres de Mayo, de Goya, que está no Prado.

Três de maio seria também o nascimento de Golda Meir, talvez uma das mais truculentas chefes de Estado do Século XX. Poucos governantes israelenses seriam tão canalhas ao tentar justificar os piores crimes contra os palestinos usando como base um outro massacre. Há um fundo de ironia ai: os espanhóis que são fuzilados pelos soldados de Napoleão são também os palestinos mortos pelos israelenses. O contexto é diferente, mas a idéia, de um Estado, de um Exército, massacrando inocentes é a mesma.

Tolas reflexões de quem nasceu num três de maio.

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Ganhei um bom presente de aniversário. Claudia Costin, a mais insípida e ineficiente secretária de Cultura do Estado de São Paulo, que falava barbaridades contra um Museu de Artes Gráficas quando torrava a maior parte do seu orçamento com os concertos da Sala São Paulo, que são altamente restritivos inclusive para a classe média fã de música erudita da capital, pediu demissão.