Contra o Consenso: Ainda o Live 8
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mardi, juillet 05, 2005

 

Ainda o Live 8

Um tal de appothekaryum reclamou do post sobre o Live 8. É um comentário grosserio e mal-escrito, mas que merece resposta. Vamos lá.

Live 8, é para chamar a atenção sim das pessoas para essa causa. Veja bem, 20 anos se passaram e muito pouco aconteceu.


Nope. O Live Aid original tinha como vantagem ser voltado para uma tragédia em específico, da fome na Etiópia. Sem pretensões de alterar o mundo, ou pior, aumentar o grau de intervenção externa nesses lugares.

E que adianta chamar alguém para essa "causa" se os próprios ativistas em favor dessa causa são contra a brincadeira? Ou que, muitos ativistas considerem que as tais "medidas democratizantes" que estarão atreladas a ajuda que o Live 8 quer só piorariam a situação desses países? Ou mesmo que Naomi Klein tenha atacado violentamente o evento?

Você vem me falar de Tony Blair? Foi ele que sugeriu a pauta deste ano. Eu ainda acho pior o tio Bill Gates aparecer lá. Ele sim é um filho da p***.


Nope. O "crime" de Bill Gates seria o de produzir uma linha de softwares bastante cara e em certos pontos ineficiente. Por outro lado, ninguém é obrigado a comprar, e inclusive existem boas opções gratuitas disponíveis no mercado.

Por outro lado, Tony Blair foi um parceiro fiel dos americanos em seu programa de agressões externas, desde de que assumiu o governo do Reino Unido em 1997. Isso inclui a devastação da Iuguslávia por forças da OTAN em 1999, na série de bombardeios anglo-americanos e num embargo comercial violentíssimo contra o Iraque por todo esse período, que resultaria numa invasão criminosa contra essa país, além da invasão do Afeganistão. Somente com essas ações, Blair seria responsável, diretamente, por dezenas de milhares de mortes, pelo aleijamento de outras dezenas de milhares(A quantidade de crianças mortas de desnutrição desde do ínicio do embargo certamente ultrapssa a casa do um milhão) . São coisas suficientes para que ele fosse julgado em Haia por crimes contra a humanidade.

Até aí, Bill Gates não é bonzinho, seus softwares não deixam de ser um custo desnecessário para muitas empresas. Mas ele também não é um criminoso de guerra.

Todo pais e sociedade precisa ser guiada, de um lider, um Big Brother...

É sinal de que você não entendeu o post. E... precisamos mesmo de Big Brother, aquela sátira de George Orwell à Stálin? Você está brincando, não está?

Agora veja a America Latina e me diga se nós que temos nossos governantes não precisamos de uma ajuda governamental?


Não, nossos governantes precisariam de vergonha na cara. A maior parte dos países da América Latina tem grandes cidades com bairros de alto padrão de vida, inclusive na Venezuela e Colômbia. Em dois casos, temos países com grandes reservas de petróleo, o que não justificariam os graus de pobreza que esses países ostentam.

O que certos países, em especial no caso da América Andina e do Paraguai precisariam seriam de condições de infra-estrutura mais sofisticadas. Faltam rodovias e ferrovias que fossem capazes de ligar vários pontos do continente. Mas isso poderia ser feito regionalmente, entre os países.

Até porquê, ajuda governamental não significa a distribuição de dólares aos necessitados em Kinshasa ou em La Paz. Significa doar dinheiro para governantes, aqueles que não raro oprimem suas populações, que muitas vezes usam essa verba para se manter artificialmente no poder. Os EUA doam mais de um bilhão de dólares anualmente ao Egito em ajuda externa, e isso não impede de boa parte do país viver em condições miseráveis. E isso só permite que uma das piores ditaduras do Oriente Médio se mantenha no poder.

Se quer ajudar

Não, não quero ajudar.