Eu sou um forte crítico do conceito de uma polícia "forte" e autoritária. È uma das razões pela qual eu defenestro o conceito de "direitos humanos para humanos direitos" ou aquelas declarações estúpidas de "punir policial por cumprir seu dever', com relação a policiais suspensos por matar pessoas em serviço. Afinal, poucas coisas conseguem ser mais amendrontadoras que uma polícia violenta, uma das faces da tirania.

É justamente esse um dos pontos que torna o assassinato brutal de Jean de Menezes uma coisa absurdamente medonha. Há aquela ironia de se dizer: Céus, a polícia britânica está se parecendo com a brasileira, mas ao menos em grande parte dos casos em que crimes brutais cometidos por policiais brasileiros ganha a mídia, há uma punição aos envolvidos(Tirando, talvez, São Paulo). Jack Straw e outros ministros do gabinete defenderam os policiais(Imagine Rosinha Garotinho defendendo os autores da chacina de Queimados). Não se sabe ao certo o que poderia ter levado à morte de Menezes, mas considerando que ele falava bem inglês, tinha visto, não era mulato ou negro, bem, a impressão que fica é que qualquer um pode ser morto pela polícia(Ressalte-se, isso apenas uma semana após os atentados). Isso é coisa de país stalinista ou fascista, não da Inglaterra, terra do liberalismo, o refúgio de perseguidos políticos e imigrantes. Ken Livingstone, o prefeito de Londres e parte da mídia, chegou à orweliana conclusão de que a culpa seria dos terroristas.

A polícia britânica reiterou a política de "atirar para matar" com relação ao combate ao terrorismo. Fica a dúvida do que os londrinos devem fazer: tirar a roupa e levantar os braços toda vez que ver um policial(Como sugeriu Alexander Cockburn)? Deixar as jaquetas em casa, mesmo no inverno? Ou sair de casa com capacete e colete à prova de balas?

Até por quê, o objetivo dos terroristas é assustar a população em geral. Ora, nada mais assustador que o medo de ser fuzilado pela polícia. Na verdade, ao invés de combater o terrorismo, Blair está fazendo o trabalho deles.