Contra o Consenso: Sem enrolação sobre Londres
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lundi, juillet 11, 2005

 

Sem enrolação sobre Londres

Você deve ter lido várias análises sobre o atentado de Londres. Em especial bobagens como pessoas buscando as "razões teológicas" por trás dos ataques, ou pessoas condenando o ataque, ou ainda chavões como de que os ingleses não seriam derrotados pelo terror. Esqueça tudo isso.

Afinal, existe apenas UMA pessoa que sabe o que dizer nesse tipo de atentado: Robert Fisk, do The Independent de Londres.

A realidade deste atentado bárbaro

Se estamos lutando a insurgência no Iraque, o que nos faz pensar que a insurgência não irá vir até nós?

"Se vocês bombardearem nossas cidades" Osama Bin Laden diz numa gravação recente -"Iremos bombardear as duas". E assim foi, como eles disseram. Era claro como cristal que a Grã Bretanha seria alvo desde de que Tony Blair decidiu se juntar a "Guerra ao Terror" de Bush" e sua invasão do Iraque. Nós fomos, como eles disseram, avisados. O encontro do G-8 foi obviamente escolhido, bem antecipadamente, como dia do ataque.

E não adianta Blair nos dizer "que eles nunca conseguirão destruir o que mais amamos". "Eles" não estão tentando destruir "o que amamos". Eles estão querendo forçar a opinião pública a forçar Blair a sair do Iraque, de sua aliança com os Estados Unidos, e sua aliança com as políticas de Bush no Oriente Médio. Os espanhóis pagaram o preço pelo seu apoio a Bush- e a subsequente retirada do Iraque provaram que os atentados de Madrid conseguiram seus objetivos - enquanto os australianos tiveram que sofrer em Bali.

É fácil para Tony Blair chamar os ataques de "bárbaros" - claro que les são - mas o que são as mortes de cívis pela Invasão Anglo-Americana do Iraque em 2003, as crianças partidas ao meio por bombas de fragmentação, as incontáveis mortes de iraquianos inocentes baleados em checkpoints americanos? Quando eles morrem, é "dano colateral", quando "nós" morremos é "terrorismo bárbaro".

Se estamos lutando a insurgência no Iraque, o que nos faz pensar que a insurgência não irá vir até nós? Uma coisa é certa: se Tony Blair de fato acredita que estamos "lutando terroristas" no Iraque nós poderíamos ser mais eficiente para proteger a Grã-Bretanha- lutar aonde eles estão ao invés de permiti-los chegar aqui, como Bush diz com frequência- esse argumento não é mais válido.

Para acertar esses atentados com o encontro do G-8, quando o mundo estava concentrado na Grã-Bretanha, não é uma sacada genial. Você não precisa um PhD para escolher outro encontro Bush-Blair para fechar a capital com explosivos e massacrar mais de 30 dos seus cidadãos. O Encontro foi anunciado com atencedência, dando todo tempo necessário aos terroristas para se preparar.

O sistema coordenado de ataques do tipo que vimos poderia ter levado meses para preparar - para escolher esconderijos, preparar explosivos, identificar alvos, assegurar a segurança, escolher aqueles que explodiriam as bomas, a hora, o munuto, assegurar a comunicação (Celulares são uma dádiva). Coordenação e planejamento sofisticado - o desprezo de sempre pelas vidas de inocentes - são caracteristas da Al-Qaeda. E não deixemos usar - como nossos colegas fizeram - "distintivos", uma palavra mais associada com prata de qualidade que o metal base.

E agora, reflitamos no fato que na abertura do g-8, um dia tão crítico, um dia tão sangrento, representou uma falha total dos nossos serviços de segurança - os mesmos "especialistas" que diziam haver armas de destruição em massa no Iraque quando não haviam nenhuma, mas que falharam miseravelmente em descobrir um plano de meses para matar londrinos.

Trens, aviões, ônibus, carros, metrô. Transporte parece ser a ciência das artes negras da Al-Qaeda. Minguém pode revistar três milhões de passageiros londrinos todo dia. Ninguém pode parar todo turista. Alguns pensaram que o Eurostar poderia ser um alvo da Al-Qaeda- pode ter certeza que eles estudaram isso - mas por quê correr atrás do prestígio quando o ônibus e o metrô estão a disposição?

E então os muçulmanos da Grã-Bretanha, que há tanto esperavam por esse pesadelo. Agora, cada um de nossos muçulmanos se torna o "suspeito de sempre", o homem ou mulher com olhos castanhos, o homem de bigode, a mulher de véu, o garoto com colar, a garota que se diz racialmente violentada.

Eu lembro que, cruzando o Atlântico em onze de setembro de 2001 - meu avião voltou para a Irlada quando os EUA fecharam seu espaço aéreo - como um dos funcionários e eu fuçamos as cabines em busca de qualquer passageiro suspeito. Eu encontrei uma dúzia, homens totalmente inocentes que tinham olhos castanhos, longos bigodes ou que me olhavam com hostilidade. E com certeza, em apenas pouco segundos, Osama Bin Laden transformou o legal, liberal e amigável Robert num racista anti-árabe.

E isso é parte do alvo dos atentados: dividir muçulmanos britânicos dos britânicos não-muçulmanos(Não citemos a palavra cristãos), para encourajar o mesmo tipo de racismo que Tony Blair diz evitar.

Mas aí que está o problema. Continuar achando que os inimigos da Grã-Bretanha querem destruir " o que mais amamos" encoraja o racismo, de que o que estamos confrontando aqui é um ataque especifico, direto e centralizado em Londres como resultado da guerra ao terror que Lord Blair of Kut al-Amara nos lançou. Um pouco antes das eleições americanas, Bin Laden perguntou: "Por quê não atacamos a Suécia"?

Suécia sortuda. Sem osama bin Laden. E sem Tony Blair.