Contra o Consenso: Criança outdoor
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mercredi, août 31, 2005

 

Criança outdoor

Eu, como educador, sou contra o uso do uniforme. Muitas escolas são incapazes de controlar brigas, uso de drogas e grupos de alunos que agem praticamente como gangues e em especial nas escolas da rede estadual há uma falta crônica de inspetores. Controlar quem usa uniforme se torna um esforço bastante grande e exige pessoal que poderia ser útil em outras funções. Além do mais, vestir a criança é direito e dever dos pais.

Quando se fala em distribuição gratuita de uniformes, eu sou mais contra ainda. É um gasto desnecessário e alto pros contribuintes, sem tanta razão. Quem anda pelo metrô ou pelos trens da CPTM frequentemente vê adultos com uniformes escolares antigos doados pela prefeitura.

Agora, a idéia de se colocar anúncios nos uniformes a coisa piora ainda mais, como a Prefeitura de São Paulo e a ABRAVEST querem fazer. Os pais, além de terem que vestir o seu filho com uniformes, terão que aturar propagandas. Como se já não tivessemos propagandas demais nas nossas vidas(Não sem motivos) . Isso sem contar que o negócio vai ser uma pechincha para as empresas(O Diário fala em retorno de pelos menos 100%), que em troca de roupa, ganhariam exposição praticamente permamente por anos. Como o próprio presidente da Abravest, Roberto Chadad admitiu: "O retorno é excepcional. A criança jamais vai esquecer o produto, é marketing para mais de vinte anos". Bem, é o negócio favorito do PSDB: projetos ótimos para as empresas, e péssimos para os contribuintes.

Para variar, assim quando o sistema de ciclos foi implantado na rede estadual de ensino, nem os pais nem os professores foram consultados. Aliás, esse trecho da reportagem é genial: "Pinotti diz ter feito uma pesquisa informal com as crianças em três escolas que visitou recentemente. Recebeu a "aprovação" depois de dizer que, com os R$ 70 milhões que gasta por ano com as roupas, fará mais escolas.
Como se isso fosse um debate sério.(E sim, cobraremos as escolas então. A quantidade de escolas que o governo estadual em onze anos do PSDB construiu é minúscula).

E claro, ninguém falou em licitação. Num negócio tão lucrativo como esse, é de se desconfiar que algum tipo de troca de favores possa ter havido. É díficil acreditar que um acordo tão lucrativo como esse tenha surgido do nada.