Contra o Consenso: A revolução
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dimanche, août 21, 2005

 

A revolução


A grande revolução dos blogs foi permitir que qualquer um usasse a internet. Poucas pessoas têm paciência e conhecimento para ficar usando FTP e outras tecnologias para montar um site pessoal e ficar atualizando sites. Tanto, que no início da internet, a maioria dos sites pessoais eram páginas inssossas de adolescentes desocupados ou de analistas de sistemas, com aquelas piadinhas que só analistas de sistemas entendiam(Tipo Clipper, o golfinho). Os blogs permitiram que qualquer um, mesmo sem grandes conhecimentos de informática, pudesse colocar suas informações no ar.

Por exemplo, quando estourou aquele escândalo das fotos de sexo da festa da FGV, uma das envolvidas montou um blog, com sua versão dos fatos(Blog, já apagagado, graças ao Blogger nacional). Isso permitiu que pessoas, como Juan Cole, que é professor de história da Universidade de Michigan, Richard Possner, juiz federal aposentado, ou ainda que economistas como Gary Becker, Alex Tabarrok e Tyler Cowen. Essa é uma das razões pela qual a internet se tornou uma grande fonte de informação: você pode obter suas informações de pessoas de todas as orientações geograficas, de todos os cantos do planeta. Melhor: a orientação ideológica fica a sua escolha. Há opções para todos os gostos, ao invés de ficar no típico em cima do muro da grande imprensa.

Ao meu ver, isso consegue lidar com alguma das principais limitações de jornalistas: pressões editorais, limitações geográficas e principalmente formação. Geralmente, com exceções de correspondentes, os jornalistas acabam ficando concentrados no Rio, São Paulo e Brasília. O advento da internet fez com que eles acabassem ficando ainda mais presos dentro das redações. Claro, um blogueiro apenas tem um alcance geográfico bastante limitado. Por outro lado, vários blogueiros e usuários de internet podem formar uma rede coesa e ampla, cobrindo desde da periferia das grandes capitais às cidades do interior. Não acho que blogueiro deva fazer reportagem em campo. Por outro lado, ele, como na condição de cidadão, pode fazer observações sobre a sua própria realidade. Eu ao menos considero os blogs(Ou mesmo, blargh, o Orkut) uma ferramenta mais razoável, por exemplo, para se ter uma idéia da situação no Rio de Janeiro ou em Minas Gerais que a imprensa em geral. Nos EUA, você encontra sites, newsletters, revistas eletrônicas e blogs produzidos em todos os cantos do país, da Califôrnia à Nova York, do Alabama à Kansas City. Isso, sem contar, as pessoas escrevendo de outras culturas e nacionalidades, como no caso do Leste Europeu, Iraque ou Líbano. Logo, creio eu, isso ocorrerá por aqui também.

Outro ponto: blogueiros, como quem acompanha os blogs americanos percebeu, a grande variedade de formações envolvidas. Isso, claro, é um grande diferencial com relação ao jornalismo da grande mídia, produzido por pessoas com uma formação bastante próxima uma da outra e que muitas vezes devem falar de todo tipo de assunto, de infra-estrutura viária à esportes, passando por música alternativa norueguesa. Não raro, surgem erros visíveis para muitos leitores, ou artigos superficiais. Um jurista por exemplo, ou um economista, pode falar de certas áreas com muito mais propriedade.

Por fim, as publicações dentro da internet é, ao menos fora dos grandes portsais, é uma liberdade maior de opinião pelo fato de nenhum artigo precisar ser submetido à seção de marketing. Um blog, por exemplo, pode falar mal do governo ou de qualquer empresa sem precisar adaptar artigos para não perder anúncios.

Por isso tudo, ao meu ver, definitivamente a grande revolução na internet não é o Noblat, fazendo exatamente o que os grandes jornais fazem(E duma forma que muitos não aguentam mais), só que de forma mais estrabanada. É algo muito maior que isso.