Contra o Consenso: A volta do trem de passageiros?
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mardi, août 23, 2005

 

A volta do trem de passageiros?

Há um plano, a primeira vista interessante, se retomar o transporte ferroviário de passageiros entre Rio e Petropólis. Segundo Antônio Pastori, o autor do projeto:

" reassentar
6 km de trilhos no antigo leito do trem da Serra da Estrela, que ligava o
Bairro do Alto da Serra, em Petropolis a Vila Inhomirin, na baixada,
revitalizando esta estação e construindo uma nova, nas proximidades do Alto
da Serra.

Estimativas iniciais dão conta de algo entre R$ 15 a 20 milhões de
Investimentos para infra-estrutura viária + estações + desapropriações.

O Trecho Vila Inhomirim-Estação Dom Pedro II, no Rio, ainda existe (tem 48
km) e ainda é operado pela CENTRAL (ex-FLUMITRENS).

O percurso todo (Alto da Serra-Estação Dom PedroII) tem 54km e poderia ser
feito em 1,5 h. O veículo recomendado é um VLT movido a gás natural (segundo
estudos da COPE) com capacidade para 400 passageiros sentados. Uma
locomotiva cremalheira "empurraria" o trem Serra acima, e desceria
"freiando", serra abaixo. A tarifa seria de ~R$ 15,00/pasageiro. Nos finais
de semana, operaria como trem Turístico, explorando as belezas da Mata
Atlântica da Serra da Estrela.

Porém, um dos aspectos mais importantes seria a ampliação das alternativas
de mobilidade para a população da Cidade de Petrópolis (e Região) com um
novo modal, mais eficiente (rapidez e economia) além de ser ecologicamente
correto, ficando longe dos acidentes, congestionamentos e das balas perdidas
da Linha Vermelha."

Bem, em tese a proposta é interessante porque seria de fato uma ligação ferroviária entre duas cidades importantes, tanto do ponto de vista econômico quanto turístico. Na prática, claro, seria algo mais próximo do trem que liga Pindamonhangaba à Campos do Jordão, em São Paulo. Afinal, uma hora e meia para percorrer menos de sessenta quilômetros é tempo demais. E quinze reais pela distância dinheiro demais.

O passeio tem bastante interesse turístico e querendo ou não, este trecho suprimido pela RFFSA nos anos 60, é talvez, do ponto de vista histórico, o mais importante do país(Bem, foi nossa primeira ferrovia). De qualquer forma, o VLT à gás parece ser uma idéia interesssante para outros trechos ferroviários usados para cargas, em especial aqueles que passam por locais de interesse turístico.

***
O Estado de São Paulo, 20 de agosto, informa:

"Um estudo que custou R$ 1 milhão, pago pelo governo espanhol, indicou
a viabilidade técnica e financeira de um trem rápido entre Campinas e
São Paulo. O resultado foi entregue esta semana pela Embaixada da
Espanha à Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos. O projeto
está orçado em R$ 2,7 bilhões. Os trens poderiam percorrer o trajeto
em 50 minutos e a tarifa ficaria em R$ 12,60."

Há dúvidas se esse projeto de fato se concretizará. O sistema Anhanguera-Bandeirantes, que liga a região de Campinas à São Paulo, de fato se aproxima do saturamento. Está se construíndo uma quarta faixa na Bandeirantes, utilizando o largo canteiro entre as duas pistas. Mas sabe-se que não dá para se colocar faixas a mais infinitamente, até por quê há a necessidade de um canteiro central para se previnir acidentes.

Por outro lado, até agora, não se há um plano concreto para isso. Fala-se muito em se construir uma linha utilizando o canteiro central da Bandeirantes, mas há vários problemas com essa idéia. Há vários viadutos e pedágios no meio do caminho, tanto em Jundiaí quanto em Campinas a rodovia passa bem longe das regiões centrais. Creio que com a quarta faixa na rodovia, isso fica até inviável. A opção de se utilizar o trecho já existente? Bem, entre a Luz e Francisco Morato o tráfego de trens de subúrbio é intenso, o trecho tem mais de cem anos de construção e certamente exigiria retificações, além de ser usado para cargas. O trecho entre Campinas e Jundiaí encontra-se atualmente nas piores condições possíveis(com favelas no entorno da linha) e teria que ser reformado quase do zero para se ter um uso de tráfego intenso, a alta velocidade.

Não vi muita seriedade no que o governo do Estado falou até agora. Colocar a estação de Campinas fora da área central da cidade, como estava se falando, seria um tiro no pé. De qualquer forma, é uma proposta que se torna mais necessária a cada dia. Não só pelo trânsito das duas cidades, mas pelo fluxo dentro do sistema Anhanguera-Bandeirantes.